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SEGUNDA-FEIRA, 18 de julho de 2016, Ano 152.º, N.º 53 781, 1,20€

Diretor ANDRÉ MACEDO Diretora adjunta MÓNICA BELLO Subdiretores ANA SOUSA DIAS e JOANA PETIZ Diretor de arte PEDRO FERNANDES

Costa pede ideias para o Orçamento do Estado para 2017

TURQUIA

ADMINISTRAÇÃO INTERNA

Golpe ou encenação? Europa não dá cheque em branco a Erdogan

Lisboa perde oito esquadras. Ministra quer os polícias nas ruas

Decisão. Governo quer reduzir a distância entre as regiões do país,

Seis mil detidos Presidente turco quer “eliminar o vírus” das instituições

os Açores e a Madeira e envolver os portugueses em algumas decisões. Objetivo é criar o primeiro Orçamento Participativo Nacional uma região. Os projetos têm de ser entregues até setembro, para serem submetidos a análise e a votados. Os que forem selecionados serão incluídos no próximo Orçamento do Estado. O montante disponível para concretizar as propostas vencedoras será revelado hoje pelo primeiro-ministro, du-

rante a apresentação da iniciativa – que acontece junto ao quadro de Domingos Sequeira, no Museu Nacional de Arte Antiga. Mas já está definido que, à semelhança do que António Costa fez quando liderava a Câmara de Lisboa, será uma fatia do orçamento do respetivo ministério. DN+ PÁG. 2

BELÉM

Pressão aumenta Turquia fraturada é um pesadelo para a União Europeia

A espia que Marcelo escolheu para a segurança nacional

DN+ PÁGS. 4 E 5

A antiga assessora de Passos Coelho é quadro das secretas. Proteção civil, polícias, SEF e informação classificada são as áreas da sua responsabilidade. PORTUGAL PÁG. 11. AUTÁRQUICAS

Isaltino candidato? “É cedo para pronunciamentos” ● Mesmo sem apoio dos partidos,

há históricos que ameaçam voltar em 2017. Isaltino, Rondão de Almeida e Narciso Mota são alguns exemplos. PORTUGAL PÁGS. 12 E 13 EUROPA

Münchau: brexit ainda pode ser neutro para a economia OPINIÃO PÁG. 10

TERRORISMO

França chama voluntários para ajudar o exército Gendarmerie vai dar preparação militar a jovens entre os 17 e os 30 anos. Objetivo é aumentar as forças de segurança MUNDO PÁG. 29

MÚSICA

REUTERS/ERIC GAILLARD

O governo vai pedir aos portugueses que deem sugestões de medidas e de projetos que queiram ver aplicados no país. O objetivo é recolher ideias em quatro áreas – agricultura, ciência, cultura e educação e formação para adultos – que sejam realizáveis em todo o país ou que envolvam mais do que

● O plano antigo para encerrar esquadras em Carnide, Rego, Arroios, Boavista e Alcântara vai mesmo avançar. O Ministério da Administração Interna diz que esta medida permitirá trazer mais 80 agentes para a rua. A freguesia de Carnide, em que se situa o problemático Bairro Padre Cruz, poderá ficar sem dois postos de polícia e avisa que vai lutar até ao fim. SOCIEDADE PÁG. 18

Clapton, Simon, Nash e Petty: 284 anos e quatro discos novos a sair ARTES PÁGS. 34 E 35

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DN+ Orçamento Participativo Nacional PARTICIPAR

Os exemplos das autarquias › Na preparação desta iniciativa, o governo reuniu com as 83 autarquias que tiveram orçamentos participativos em 2015. E a experiência destas contou: Graça Fonseca recordou a metodologia usada por municípios que, pela sua dispersão, tiveram de encontrar equilíbrios que evitem “desproporções populacionais”.

71,35 › milhões de euros

ANTÓNIO COTRIM/LUSA

De 2002 a 2015 foi esta a verba usada pelos municípios nos seus OP. Só em 2015 foi 24% desse valor.

Depois do Simplex+, Costa junta-se às governantes Maria Manuel e Graça Fonseca para anunciar Orçamento Participativo

Costa pede ideias a portugueses para Orçamento do Estado Iniciativa. Orçamento Participativo Nacional, apresentado nesta tarde, é inédito no mundo. Governo quer “gerar projetos que liguem territórios” MIGUEL MARUJO

Quando António Costa chegou à presidência da Câmara de Lisboa colocou em prática, logo no ano de 2008, o Orçamento Participativo, uma experiência nascida na cidade brasileira de Porto Alegre, com a qual se afeta uma verba do orçamento municipal para a realização de projetos propostos e votados pelos cidadãos. Oito anos e 26 milhões de euros depois investidos em Lisboa, o primeiro-ministro leva para o país a receita que foi aplicada em 83 municípios portugueses em 2015 (eram 23 em 2010), com os portugueses a poderem escolher já para o próximo Orçamento do Estado para 2017 projetos seus, em quatro áreas, que serão concretizados pelo governo. É um prazo curto para pôr em prática já neste ano, admitiu ao DN a secretária de Estado adjunta e da

Modernização Administrativa, Graça Fonseca, mas o Orçamento Participativo Nacional (OPN) estará alinhado com os ciclos orçamentais. Até setembro os portugueses apresentam as ideias, que serão votadas e escolhidas para serem inscritas no Orçamento do Estado. Os projetos serão de dois tipos: um de âmbito nacional e outros de âmbito territorial, supra local, identificados pelas NUTS 2 (as chamadas regiões-plano, cinco no continente e as duas regiões autónomas). O anúncio do OPN será feito hoje à tarde por António Costa, com o quadro de Domingos Sequeira, no Museu Nacional de Arte Antiga, em Lisboa, a servir de cenário a esta iniciativa do executivo socialista. O OPN é uma experiência inédita à escala de um país no mundo e quer, como antecipou ao DN a secretária de Estado, por um lado reforçar a democracia e, por outro,

ser capaz “de poder gerar projetos que liguem territórios”. O governo vai disponibilizar verbas (num valor total a divulgar hoje pelo primeiro-ministro) para as quatro áreas escolhidas – agricultu-

Costa faz o anúncio deste Orçamento junto ao quadro de Domingos Sequeira

ra, ciência, cultura e educação e formação de adultos. Esta limitação de áreas explica-se, segundo Graça Fonseca, para permitir “uma melhor gestão e controlo de processos e depois uma melhor avaliação”, testando metodologias, calendários e a adesão das pessoas. “Os orçamentos participativos têm uma componente de reforçar

os laços de confiança entre eleitos e eleitores – e foi também esse princípio que levou à inclusão deste Orçamento Participativo Nacional no programa de governo, no capítulo da qualidade da democracia”, esclareceu a secretária de Estado, uma dos três oradores hoje, juntamente com a ministra da Presidência e da Modernização Administrativa, Maria Manuel Leitão Marques, e o primeiro-ministro. As quatro áreas definidas são “estratégicas do ponto de vista de políticas públicas”, referiu, com “agentes e interessados um pouco por todo o país”. Para Graça Fonseca, “todas estas áreas têm potencial para os dois tipos de projetos” definidos para este OP: “São áreas que se cruzam muito e que têm potencial para surgirem projetos de âmbito nacional e de âmbito territorial, que liguem territórios”. “Vamos criar grupos de projetos para esses territórios que não estão em concorrência uns com os outros”, evitando que todos os projetos vão parar a uma só região. A metodologia da votação será também ela hoje anunciada por Costa, mas é possível antecipar que se vai “misturar o físico com o digital”, com o apoio das autarquias e outras parcerias. Serão “absolutamente fundamentais”, por estarem no terreno. Trata-se também, argumentou Graça Fonseca, de “evitar o impacto muito forte das desproporções populacionais. Organizando o país por territórios permite-nos gerir que naquele território haverá sempre projetos, aconteça o que acontecer” – ou seja, votem os cidadãos como votarem.

31

› orçamentos em Lisboa Lisboa é o distrito que mais OP teve de 2002 a 2015: 31. Depois Porto (18), Faro (14), Braga (12) e Aveiro (11).

Projetos nacionais: duas ou mais regiões › Na categoria de projetos nacionais o critério é que seja um projeto que toque mais do que duas regiões. “Não vamos obrigar que seja para o país todo”, para já, explicou Graça Fonseca. “O objetivo é que as pessoas percebam que há um imenso potencial de ligar territórios”, completou a secretária de Estado.

Verbas a inscrever nos ministérios › Os valores dos projetos escolhidos serão alocados a cada orçamento setorial: em 2016, o orçamento da Cultura, excluindo a RTP, é de 175 milhões de euros; o da Agricultura, cerca de 949 milhões; o da Ciência (com o Ensino Superior), de 2 254,6 milhões; na Educação, o bolo total do ministério é de 6019 milhões de euros.

10%

› abstencionistas Segundo um estudo, “aproximadamente 10% das pessoas que participam nos OP não votam nas eleições”.

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DN+ Golpe falhado na Turquia

Turquia. Europeus avisam para as consequências da purga empreendida pelo presidente. EUA negam envolvimento no golpe SUSANA SALVADOR

O presidente turco, Recep Tayyip Erdogan, prometeu ontem continuar a “eliminar o vírus” das instituições estatais, depois de mais de seis mil pessoas terem sido detidas por alegada ligação ao falhado golpe de sexta-feira. Vários países europeus já avisaram que este acontecimento não significa “um cheque em branco” a Erdogan e que o “Estado de direito” deve prevalecer. Isto sob pena de Ancara ver complicadas as negociações para a adesão à União Europeia (UE). Por seu lado os EUA consideram “totalmente falsas” as acusações de que Washington estaria por trás do golpe. “Queremos que o primado do direito funcione plenamente na Turquia. A tentativa de golpe não é um cheque em branco a Erdogan. Não pode haver purgas, o Estado de direito deve prevalecer”, disse ontem o chefe da diplomacia francesa, Jean-Marc Ayrault, à estação de te-

CRAVO & FERRADURA

levisão France 3. Segundo este responsável, os ministros dos Negócios Estrangeiros da UE vão repetir hoje na reunião em Bruxelas que se Ancara quer continuar no processo de adesão (as negociações começaram em 2005) tem de respeitar os princípios democráticos da União. E Ayrault não foi o único. Com os relatos de mais de seis mil militares e membros do sistema judiciário detidos e indicações de que a Turquia poderia reinstaurar a pena de morte para os golpistas, os políticos europeus avisaram o presidente turco de que se arriscava a isolar o país internacionalmente. “Uma coisa deve ser clara para o presidente Erdogan: não vai haver um desconto para a Turquia” por causa do golpe, disse o ministro da justiça alemão, Heiko Maas, a vários jornais. “Aquele que restringe os direitos fundamentais e a independência dos poderes executivo, legislativo e judicial está a empurrar o país para longe dos valores básicos da União Europeia”, afirmou.

EPA/TOLGA BOZOGLU

Golpe falhado “não pode ser cheque em branco” a Erdogan

rápido Presidente turco diz querer “eliminar o vírus” das instituições. Mais de seis mil pessoas foram presas. “Não vai haver um desconto para a Turquia” por causa do golpe, avisou ministro da Justiça alemão. Erdogan diz que governo “não pode ignorar” pedido do povo para o regresso da pena de morte à Turquia.

Já o aliado bávaro da chanceler Angela Merkel, Horst Seehofer, lembrou que a perseguição dos opositores após o falhado golpe levanta mais problemas em relação à decisão de liberalizar os vistos para os cidadãos turcos, acordada em março em troca do apoio de Ancara para travar o fluxo de imigrantes. “Este é também um teste para o governo turco, para o Estado turco”, indicou. Funerais dos mártires Erdogan esteve ontem nas cerimónias fúnebres das vítimas do golpe falhado – há registo da morte de 190 “mártires”, além de 104 golpistas. “Vamos continuar a eliminar o vírus de todas as instituições estatais”, disse o presidente à multidão que se reuniu em frente à mesquita Fatih de Istambul. “Infelizmente, este vírus, como um cancro, propagou-se a todo o Estado”, acrescentou. As autoridades pediram aos apoiantes de Erdogan que continuem nas ruas, havendo ainda alguns focos de tensão com rebeldes junto ao segundo

JOSÉ BANDEIRA

aeroporto de Istambul. Mais tarde, junto à casa do presidente, quando os apoiantes reclamaram a aplicação da pena de morte, Erdogan respondeu: “Não podemos ignorar este pedido.” A Turquia aboliu a pena de morte em 2004, para cumprir os critérios de adesão à UE, e não executa ninguém desde 1984. Na véspera, o primeiro-ministro turco, Binali Yildirim, disse que o tema seria debatido no Parlamento. As autoridades já detiveram quase três mil militares, desde comandantes a simples soldados, suspeitos de estarem por trás da falhada tentativa de golpe. Entre os presos está o adjunto militar do próprio Erdogan, coronel Ali Yazici, de acordo com a CNN Türk. Outro detido é o general Bekir Ercan Vande, comandante das base aérea de Incirlik, de onde partem os aviões norte-americanos e da coligação internacional que estão a bombardear as posições do Estado Islâmico na Síria e no Iraque. A base terá sido usada pelos caças golpistas para se reabastecerem.

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REUTERS

O presidente turco carrega o caixão de um dos mártires que morreram durante o falhado golpe (ao lado). Recep Tayyip Erdogan acusa o clérigo Gülen (em baixo), seu ex-aliado, de ser o responsável. Este diz que ele pode ter “encenado” tudo

Segundo informações divulgadas por uma fonte à Reuters, pelo menos dois caças rebeldes terão perseguido o avião privado de Erdogan – estava de férias em Marmaris, Sul da Turquia, e regressou a Istambul na madrugada de sábado. “Pelo menos dois F-16 assediaram o avião de Erdogan quando este estava no ar, rumo a Istambul. Eles fixaram os radares no aparelho e outros dois F-16 que o protegiam”, disse a fonte, sob anonimato. “É um mistério por que é que não dispararam.” Gülen e EUA negam participação “A tentativa de golpe foi realizada, obviamente, pela Organização Terrorista Fethullah Gülen” (FETO), lia-se ontem num comunicado do Ministério dos Negócios Estrangeiros, utilizando a designação com que o Ministério Público se refere, desde o ano passado, à rede de seguidores do clérigo Fethullah Gülen, ex-aliado de Erdogan que vive autoexilado nos EUA desde 1999 e que se tornou um dos principais críticos e adversários do presidente. Este acusa-o

de ter criado um “Estado paralelo” na Turquia graças à influência em setores dos media, polícia e judicial. Gülen já negou qualquer envolvimento na tentativa de golpe, dizendo que esse pode até ter sido “encenado” por Erdogan. Gülen, de 75 anos, deu uma rara entrevista a um grupo de jornalistas na sua casa, em Saylorsburg, na Pensilvânia. O clérigo, que está por trás de uma rede de escolas, empresas e ONG apelidadas Hizmet (serviço, em turco), não falava aos media internacionais desde 2014. Segundo o The Guardian, um dos jornais presentes no sábado, antes da entrevista um médico mediu a sua tensão. “Depois dos golpes militares na Turquia [já houve três, em 1960, 1971 e 1980] fui pressionado, detido, julgado e enfrentei várias formas de assédio. Agora que a Turquia está no caminho da democracia, não pode voltar atrás”, afirmou. “Não acredito que o mundo acredite nas acusações do presidente Erdogan. Existe a possibilidade de o golpe poder ter sido encenado e poder levar a mais acusações” contra os apoiantes do seu movimento”, acrescentou. No sábado, diante dos apoiantes, o presidente turco pediu ao homólogo norte-americano, Barack Obama, que detenha Gülen e o envie para a Turquia. “Se somos parceiros estratégicos, então vão cumprir o nosso pedido”, afirmou. O ministro do Trabalho, Suleyman Soylu, foi contudo mais longe e, à estação de televisão Habertürk, disse acreditar que Washington estava por detrás de tudo. “Insinuações públicas e alegações de qualquer papel dos EUA na tentativa falhada de golpe são totalmente falsas e prejudiciais às nossas relações bilaterais”, disse o Departamento de Estado, citando a mensagem que o secretário de Estado, John Kerry, terá passado ao chefe da diplomacia turca. Da parte da Rússia, o presidente Vladimir Putin desejou “um rápido regresso à ordem constitucional e à estabilidade”. Num comunicado divulgado pelo Kremlin, Moscovo pede que seja assegurada a segurança dos turistas russos que começam a regressar ao país após a normalização das relações, que tinham ficado danificadas em novembro de 2015, quando um caça turco abateu um aparelho russo que teria entrado em espaço aéreo da Turquia durante uma operação na Síria . Erdogan pediu desculpas a Putin em junho, após Moscovo impor sanções contra Ancara. Agora, segundo a agência RIA, Putin poderá encontrar-se com Erdogan em agosto.

Marcelo espera vitória da paz, estabilidade e unidade Presidente comentou ontem o golpe falhado na Turquia e confirmou não haver notícias preocupantes envolvendo portugueses

OPINIÃO

Instabilidade num país-chave para a UE

PORTUGAL

O Presidente da República desejou ontem a vitória da “paz, estabilidade, unidade” na Turquia, na sequência da tentativa de golpe de Estado, defendendo o primado do Estado de direito democrático e direitos fundamentais. “O ministro dos Negócios Estrangeiros já referiu a posição portuguesa e a posição do Presidente é a de esperar que vença a causa da paz, estabilidade, unidade e do respeito pelos princípios do Estado de direito democrático e dos direitos fundamentais das pessoas”, disse Marcelo Rebelo de Sousa, à margem da inauguração do monumento do centenário da aviação militar portuguesa, em Vila Nova da Rainha, Azambuja. A Turquia foi alvo de uma tentativa de golpe de Estado na sexta-feira à noite, mas o primeiro-ministro turco, Binali Yildirim, já afirmou que a situação no país “está completamente sob controlo”. “Felizmente, não temos notícia de portugueses envolvidos, a qualquer título, no sentido de atingidos. Acompanhamos a situação, esperando que – sendo um país membro da Aliança Atlântica e parceiro da União Europeia, importante em termos geopolíticos, económicos e estratégicos – seja uma evolução serena, calma”, sublinhou o Chefe do Estado português. No sábado, o ministro dos Negócios Estrangeiros, Augusto Santos Silva, dissera, a partir de Ulan Bator, na Mongólia, onde se encontrava a participar no Encontro Ásia-Europa, que não existiam “notícias preocupantes no que diz respeito a portugueses”. O chefe da diplomacia afirmou estar “a acompanhar o mais de perto possível” a situação, que a Embaixada de Portugal em Ancara “está a trabalhar ativamente” e que houve “contactos” por parte de portugueses com a representação diplomática na capital turca, “o que é natural”. No sábado, quatro voos da Turkish Airlines de Portugal para Istambul foram cancelados. Ontem de manhã, segundo o site da ANA, dois voos da Turkish Airlines foram cancelados: um às 10.30, com origem em Istambul e destino a Lisboa, outro às 11.30 de Lisboa para Istambul. LUSA

JOSÉ IGNACIO TORREBLANCA Analista político e diretor de opinião do El País

A

tentativa de golpe na Turquia acrescenta um fator mais, e muito grave, de tensão e desestabilização num país-chave para a União Europeia. Num momento em que a Europa está sujeita a múltiplas pressões, desde o infeliz resultado do referendo britânico à crise migratória, passando pela ameaça do terrorismo jihadista, a última coisa que podíamos imaginar vir a enfrentar é uma desestabilização tão profunda de um país essencial. Apesar da firmeza e da postura autoritária de Erdogan, e mesmo tendo em conta a solidez da posição geopolítica do exército turco como bastião oriental da NATO, a Turquia está a mostrar ser um país imensamente frágil, sujeito a importantes tensões políticas, económicas e sociais. Erdogan, que quando começou a Primavera Árabe em 2011 se viu a si próprio como o renascido líder do mundo muçulmano, acarinhando inclusivamente a ideia de um renascimento neo-otomano, viu-se progressivamente isolado, tanto a nível interno como internacional. A nível interno, acossou a oposição política, fustigou os meios de comunicação críticos e perseguiu jornalistas, académicos e organizações da

sociedade civil. Conseguiu também fazer descarrilar o processo de paz e de reconciliação com os curdos e pôr em questão as instituições independentes, desde o Banco Central aos tribunais de justiça e à administração. No exterior, o registo de Erdogan não tem sido menos polémico. De uma política externa baseada no lema “zero problemas com os vizinhos”, passou a uma dinâmica de confrontação com todos eles, especialmente com países cruciais como a Rússia, o Irão e Israel, que só recentemente tentou inverter. O seu empenho na queda de Assad na Síria não só foi um fracasso, pois o ditador sírio continua no poder, como gerou profundas divisões internas. E além de granjear a inimizade de curdos e iranianos atraiu para si o foco do terrorismo do Estado Islâmico. As inabilidades de Erdogan levaram a uma relação envenenada com a Europa, onde, apesar do imenso serviço humanitário prestado pela Turquia no que respeita ao alojamento de centenas de milhares de refugiados sírios, Erdogan conseguiu ficar com a imagem de um líder autoritário, arrogante e pouco cooperativo. Como último recurso, a Turquia e a Alemanha viram-se forçadas a um entendimento tão realista como cínico, mas em relação ao qual nenhuma das duas partes foi capaz de demonstrar o mínimo entusiasmo. Se uma Turquia em deriva autoritária liderada por um Erdogan arrogante e conflituoso era um problema, aquela que aparece no horizonte, ou seja, uma Turquia fraturada por um profundo conflito civil e militar, é um autêntico pesadelo que uma Europa assoberbada pelas crises dificilmente vai ser capaz de gerir. PUB

A Edmond de Rothschild Asset Management (France) informa os titulares de unidades de participação do Fundo Comum de Investimento (FCI) Edmond de Rothschild Credit Very Short Term que, por decisão da sociedade gestora, o FCI poderá agora deter até 10% do seu ativo em unidades de participação ou ações de OICVM de direito francês ou estrangeiro, FIA ou fundos de investimento de direito francês ou estrangeiro do tipo de fundos de investimento de âmbito geral, de classificação monetária ou monetária a curto prazo. Estes OIC poderão ser gerados pela sociedade de gestão ou por uma sociedade associada. O perfil de rendimento/risco do FCI permanece inalterado. Esta alteração não está sujeita ao acordo da Autoridade dos Mercados Financeiros e entrará em vigor no dia 21 de julho de 2016. O Documento de Informações Fundamentais destinadas aos Investidores (DICI) e o prospeto atualizado estarão disponíveis gratuitamente a partir desta data e mediante simples pedido à Edmond de Rothschild Asset Management (France) - 47 rue du Faubourg Saint-Honoré – 75008 PARIS – 01 40 17 25 25 ou no site da Internet www.edram.fr Edmond de Rothschild Asset Management (France), Société Anonyme à Directoire et Conseil de Surveillance, com o capital social de € 11.033.769 - Número de registo AMF GP 04000015 - 332 652 536 R.C.S. Paris

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DN+

Golpe falhado na Turquia

De Istambul a Atenas: quando os protestos se tornam imagens icónicas Manifestações. Por todo o planeta, todos os dias, há exemplos de pessoas que não se deixam intimidar. Algumas

WIKICOMMONS/JEFF WIDENER

fazem-no recorrendo à violência. Outras preferem enfrentar autoridades ou rivais com abraços, flores ou simplesmente dando o corpo ao manifesto. Como aconteceu na sexta-feira em Istambul, com o “homem do tanque”. JOSÉ FIALHO GOUVEIA

Ele e os tanques em Tiananmen PEQUIM A 4 de junho de 1989 a polícia chinesa reprimiu de forma

REUTERS/IHLAS NEWS AGENCY

violenta os protestos estudantis em Tiananmen. Na manhã seguinte um homem colocou-se perante os tanques que avançavam sobre a praça. Uma das mais célebres fotos do século XX.

O homem que tentou travar um tanque no aeroporto Atatürk DR

que ainda não foi identificado, deitou-se em frente a um dos tanques usados pelos militares golpistas no aeroporto Atatürk. A foto foi captada depois de o presidente Erdogan pedir à população que resistisse à tentativa de golpe de Estado.

ISTAMBUL Vinte e sete anos depois dos protestos na Praça Tiananmen, na China, em que foi captada a emblemática foto de um homem em frente a uma coluna de tanques, na sexta-feira à noite, em Istambul, surgiu algo semelhante. Um homem,

Punho erguido na Suécia

PASCAL ROSSIGNOL/REUTERS

JONATHAN BACHMAN/REUTERS

REUTERS/JOSÉ MANUEL RIBEIRO

BORLÄNGE A imagem correu mundo. Tess Asplund, uma mulher negra de 42 anos, enfrentou sozinha uma manifestação de 300 neonazis e já se tornou um ícone da resistência contra a extrema-direita. Aconteceu em maio deste ano.

De pé face à polícia nos EUA

Um abraço em Portugal

Rosas na Grécia

LOUISIANA No dia 6 a polícia matou a tiro dois homens negros.

LISBOA ”Que se lixe a troika” era o mote da manifestação con-

ATENAS Em maio de 2010 as medidas de austeridade estabele-

E desencadeou uma onda de protestos. No dia 11, 50 pessoas foram detidas. Ieshia Evans esperou de pé. A imagem foi viral. Ontem três polícias foram mortos e três feridos no Louisiana.

tra as medidas de austeridade, a maior desde o 1º de Maio de 1974. Adriana Xavier, 18 anos, decidiu abraçar um polícia num momento de tensão. A fotografia é de 15 de setembro de 2012.

cidas por Bruxelas sufocavam os gregos. Os funcionários públicos decretaram uma greve geral de dois dias e, durante um protesto, um manifestante decidiu entregar rosas aos polícias.

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GRANDE CONFERÊNCIA EUROPA

PÁTIO DA GALÉ Praça do Comércio 1100-148 Lisboa

21 JULHO DAS 09H30 ÀS 13H30 INSCRIÇÃO OBRIGATÓRIA E GRATUITA EM WWW.GRANDECONFERENCIA.DN.PT

PROGRAMA 09H30

RECEÇÃO AOS CONVIDADOS

10H00

BOAS-VINDAS DANIEL PROENÇA DE CARVALHO | CHAIRMAN DO GLOBAL MEDIA GROUP

SESSÃO DE ABERTURA

MARCELO REBELO DE SOUSA | PRESIDENTE DA REPÚBLICA

10H30

DEBATE: O FUTURO DA EUROPA

11H15

PAUSA PARA CAFÉ

11H35

DEBATE DE EMPRESÁRIOS: SOBRE O FUTURO DAS EXPORTAÇÕES NO NOVO ENQUADRAMENTO

MARIA LUÍS ALBUQUERQUE | VICE-PRESIDENTE DO PSD FRANCISCO SEIXAS DA COSTA | EMBAIXADOR NUNO MELO | EURODEPUTADO DO CDS MARIANA MORTÁGUA | DEPUTADA DO BE

JORGE ARMINDO | CEO DA AMORIM TURISMO MIGUEL PINA MARTINS | CEO DA SCIENCE4YOU MIGUEL SANTO AMARO | CEO DA UNIPLACES

12H20

ENTREVISTA POR ANDRÉ MACEDO

13H00

ENCERRAMENTO

13H15

MOMENTO MUSICAL (APROX. 10 MIN.)

CARLOS MOEDAS | COMISSÁRIO EUROPEU

ANTÓNIO COSTA | PRIMEIRO-MINISTRO (A CONFIRMAR)

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OPINIÃO

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ALGARVE. MILHARES NA RUA NA DESPEDIDA AOS MOTARDS

18.7.2016 Editorial

Pedem-se ideias JOANA PETIZ

A

crise da ditadura militar no Brasil precipitou os acontecimentos e deu força à nova moda que dava aos políticos uma aura de modernidade: aproximar-se do povo, dar-lhe voz, era o caminho. E foi daqui que, num país quase sempre à beira do caos, nasceu um projeto reconhecido pela ONU como uma das melhores práticas de gestão pública urbana do mundo. Porto Alegre foi a primeira cidade a pedir sugestões de desenvolvimento aos seus habitantes e a aplicá-las com sucesso, mas a ideia foi, desde então, reproduzida de Paris a Toronto. A Lisboa, chegou com António Costa, que investiu 26 milhões em projetos dos lisboetas e oito anos depois quer ser o primeiro a aplicar a ideia ao Orçamento do país. O plano tem virtudes. Por um lado, porque escolhe áreas de ação muito específicas e em que as contribuições de quem está nelas envolvido podem realmente trazer novidade e valor. Por outro, porque quem está longe (quem passa os cheques) não sente tanto os problemas das populações – tem sido este o principal argumento de quem defende que os centros de decisão do país não podem estar todos em Lisboa. Ter os próprios cidadãos a dizer aquilo de que precisam ajuda a encurtar distâncias e a trazer mais equilíbrio (e justiça) ao desenvolvimento do país. Mas a ideia também levanta questões. Em primeiro lugar, é preciso que os projetos sejam realmente bem escolhidos – sob pena de vermos essa fatia do orçamento acabar por ser desperdiçada. E quem fará essa seleção entre milhões de potenciais medidas? Quantas pessoas – e quais – serão precisas para descartar os delírios até chegar a uma ideia que faça sentido para o país? E se uma ideia correr mal quando posta em prática, a quem será atribuída a responsabilidade? Todas estas questões têm de ser acertadas antes de testar o programa. Se for bem feita, a iniciativa pode gerar valor. Mas é preciso lembrar que gerir uma autarquia não é o mesmo que governar um país.

Diretor André Macedo Diretora adjunta Mónica Bello Subdiretores Ana Sousa Dias e Joana Petiz Redator principal Ferreira Fernandes Diretor de arte Pedro Fernandes Editores executivos Graça Henriques e Leonídio Paulo Ferreira (editor executivo de fim de semana) Editores executivos adjuntos Ana Mafalda Inácio (Sociedade), Artur Cassiano (Digital), Helena Tecedeiro (Mundo), Pedro Sequeira (Desporto) Portugal Paula Sá (editora Política), Sílvia Freches (editora adjunta Política), Carlos Ferro (editor Sociedade), Pedro Vilela Marques (editor Sociedade), Céu Neves (grande repórter), Fernanda Câncio (grande repórter), Carlos Rodrigues Lima, Filipa Ambrósio de Sousa, João Pedro Henriques, Manuel Carlos Freire, Miguel Marujo, Pedro Sousa Tavares, Rui Pedro Antunes, Valentina Marcelino Sociedade David Mandim (editor adjunto) Ana Bela Ferreira, Ana Maia, Filomena Naves, Joana Capucho, Rute Coelho Desporto Nuno Sousa Fernandes (editor), Rui Frias (editor adjunto), Bruno Pires (editor adjunto), Carlos Nogueira, Gonçalo Lopes, Isaura Almeida, João Ruela, Rui Marques Simões Mundo Patrícia Viegas (editora), Abel Coelho de Morais, Ana Meireles, Susana Salvador Artes Marina Almeida (editora), Marina Marques (editora adjunta), João Céu e Silva (grande repórter), Lina Santos, Maria João Caetano, Mariana Pereira Digital Ricardo Simões Ferreira (editor), Patrícia Jesus (coordenadora), Bárbara Cruz, Elisabete Silva, Sofia Fonseca Opinião Adriano Moreira, Alberto Gonçalves, André Carrilho, António Barreto, Anselmo Borges, Bernardo Pires de Lima, David Dinis, Inês Teotónio Pereira, João César das Neves, João Lopes, João Taborda da Gama, Joel Neto, Mário Soares, Miguel Ángel Belloso, Nuno Santos, Paulo Baldaia, Pedro Marques Lopes, Pedro Tadeu, Sérgio Figueiredo, Sílvia de Oliveira, Viriato Soromenho Marques, Wolfgang Münchau e Yanis Varoufakis Fecho de edição Elsa Rocha (editora), Ângela Pereira, Nuno Camacho Arte Vítor Higgs (diretor adjunto), Eva Almeida (coordenadora), Marta Ruela Rocha (coordenadora), Fernando Almeida, Gonçalo Sena, Maria Helena Mendes, Sofia Xavier, Teresa Silva, Ana Kaiseler (infografia), Tânia Sousa (infografia) Digitalização Nuno Espada (coordenador), Carlos Morgado , Inês Nazaré, Paulo Dias e Pedro Nunes Notícias Magazine Catarina Carvalho (diretora executiva), Paulo Farinha (editor executivo) Evasões Catarina Carvalho (diretora) Conselho da Redação Ana Bela Ferreira, Bruno Pires, Carlos Rodrigues Lima, Filipa Ambrósio de Sousa, Miguel Marujo, Pedro Sousa Tavares e Rui Pedro Antunes Secretária de direção Elsa Silva Secretaria de redação Carla Lopes (coordenadora), Susana Rocha Alves E-mail geral da Redação [emailprotected] E-mail geral da publicidade [emailprotected] CONTACTOS Lisboa Avenida da Liberdade, 266, 1250-149 LISBOA – Tel.: 213 187 500 – Fax: 213 187 515 Porto Rua de Gonçalo Cristóvão, 195 – 5.º, 4000269 PORTO – Tel.: 222 096 350 – Fax: 222 096 163 Coimbra Rua João Machado, 19, 2º A, 3000-226 COIMBRA – Tel.: Redação: 961 663 378 - Publicidade: 969 105 615 Leiria Av. D. João III, Edifício 2002, Porta A, 3º, Sala 3, 2400-164 LEIRIA – Tel.: 244 848 670 – Fax: 244 848 689 – Pub. 244 848 680. Estatuto editorial disponível em www.dn.pt Tiragem média diária de junho 2016: 25.772 exemplares

CARTAS DOS LEITORES

Rumo sensato para Portugal As intervenções no universo político continuam a valorizar, infelizmente, o domínio da insinuação e da hostilidade verbal sem revelarem, muitas vezes, a sua origem e autenticidade. Um cenário que não se coaduna, na minha perspetiva, com a complexidade e as necessidades que o país exige. As forças democráticas da nossa terra devem agir em conformidade com o ADN dos portugueses, “união e humildade”, um fator motivacional que lhes permitirá enfrentar, com outra postura, os problemas estruturais e conjunturais e diferenciar o idealismo partidário, quando necessário,

face à resolução das circunstâncias prioritárias da vida. Neste contexto permitam-me realçar a desertificação do interior, onde não é plausível o seu combate caso não exista um plano endémico com o objetivo de rentabilizar os produtos endógenos e a empregabilidade. Hoje, na conjuntura da globalização, é essencial hastear a bandeira da solidariedade e da inclusão e mostrar, designadamente ao Velho Continente, que esta é a forma mais exequível para se construir uma verdadeira União Europeia. Caem, por isso, no ridículo as vozes que aceitam a submissão perante a mesma e a austeridade para com o seu povo, ao invés de

procurarem estabelecer cedências, de ambas as partes, a fim de não se coagir o rumo socioeconómico. E se para alguns esta estratégia é uma utopia, para outros ganha força a tese que doravante proporcionará, de forma indubitável, uma sociedade mais horizontal, unitária e competitiva. Haja compreensão e sensatez e tudo será bem diferente. Manuel Vargas [emailprotected]

Responsabilização civil e legal dos políticos Em 2015, por questões políticas, a entidade reguladora e sobretudo o anterior governo impediram um aumento acentuado dos preços da eletricida-

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OPINIÃO

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Egoístas

› Milhares de motociclistas despediram-se de Faro, depois de quatro dias reunidos na 35.ª Concentração Internacional de Motos da cidade. A organização esperava 20 mil motards oriundos de vários países, mas acredita que o número tenha sido largamente superado, graças à reputação que o evento alcançou ao longo dos anos. Além do convívio motard, a concentração conta com um vasto programa de animação e de apoio a várias causas sociais. À semelhança do que tem vindo a acontecer nas edições anteriores, durante o desfile de ontem decorreu um protesto da Comissão de Utentes da Via do Infante (CUVI) que defende a suspensão do pagamento de portagens na A22. Nas ruas, moradores e turistas juntaram-se para ver passar o desfile, um dos pontos altos da concentração.

LEONÍDIO PAULO FERREIRA Jornalista

FILIPE FARINHA/LUSA

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de, que corresponderia à remuneração dos investimentos realizados pela rede elétrica nacional. Para compensar a REN, parte do valor arrecadado pela contribuição especial sobre os produtores de energia elétrica seria alocado no fundo de sustentabilidade do setor elétrico, que estaria consignado ao pagamento dos referidos investimentos, desonerando os consumidores nacionais. No entanto, o montante arrecadado pelo fundo, quando ainda está a ser debatida a sua legalidade em tribunal, foi indevidamente utilizado para cobrir o défice público e para o pagamento de dívidas em atraso. Desta forma, a ERSE será obrigada a aumentar as tarifas

da energia aos consumidores para honrar os compromissos com a rede elétrica nacional. O anterior primeiro-ministro durante a campanha em 2011 apregoou a importância da responsabilização legal dos políticos por determinadas decisões que influenciam e oneram os contribuintes e as gerações futuras. Neste caso, trata-se evidentemente de uma situação deste tipo, por isso espera-se que a douta personalidade venha a terreiro explicar para onde foram as verbas consignadas e sobretudo justificar a sua utilização de forma indevida. Os governos precisam urgentemente de parar de “empurrar com a barriga” os problemas e os com-

promissos para o futuro, sem que lhes seja imputada qualquer tipo de responsabilidade civil e criminal. Além disso, seria urgente desenvolver um modelo de fiscalização dos procedimentos e das manobras contabilísticas dos executivos, liderados por entidades independentes, ou de fora do círculo político, como a UTAO, de forma a melhorar a qualidade do nosso sistema político do modelo de governação. João Ramos [[emailprotected]

O grande exemplo da seleção A proeza épica e histórica da nossa seleção de futebol – que fez vibrar de euforia milhões

editorial do El País de ontem é demolidor: “Que se vayan todos.” Rua com eles. E quem são eles? Os políticos espanhóis que continuam a pensar como desagradar menos às bases, como minimizar perdas de votos, como assegurar que se mantêm no cargo, em vez de ajudarem a encontrar uma solução de governo. É que Espanha já foi duas vezes a votos em menos de um ano e nada garante que uma terceira resolverá o impasse. Vamos a factos: o PP de Mariano Rajoy ganhou as legislativas de 20 de dezembro. E voltou a ganhar, reforçando o número de deputados, as de 26 de junho; o PSOE de Pedro Sánchez obteve os dois piores resultados da sua história, salvando porém o estatuto de segunda força: o fenómeno Podemos de Pablo Iglesias mostrou que está para ficar, mas também deixou evidente que anda perto do teto em termos de crescimento; e o Ciudadanos de Albert Rivera, outro fenómeno recente mas mais conservador do que o revolucionário Podemos, é na melhor das hipóteses um partido para servir de muleta. Citei o nome dos quatro líderes porque todos partilham uma característica: o egoísmo. Já mostraram nestes meses que pensam

de portugueses, que nela encontraram uma válvula de escape para a frustrante realidade presente da vida do país – constituiu o triunfo da determinação, do espírito solidário, da coragem, da abnegação e do sentimento patriótico de um pequeno, mas valoroso, grupo de jogadores, cujo objetivo supremo se centrou na missão de servir Portugal. Uma bem expressiva lição de carácter e de comportamento para governantes, políticos, deputados, empresários e sindicalistas, que persistem, egoisticamente, em colocar os seus interesses e ideologias partidárias acima dos superiores interesses de toda uma nação. César Faustino

mais neles, e no partido, do que no país. Mas, tal como faz o insuspeito El País, tenho de distinguir Rajoy dos outros, afinal ganhou duas vezes. Se não há alternativa, e o PSOE chegou a tentar imitar a solução portuguesa sem êxito, há que dar-lhe a oportunidade de governar. Basta que na investidura tenha mais sins do que nãos, basta em princípio que os socialistas se abstenham. Rajoy liderou um governo de direita que aplicou medidas de austeridade. E foi punido ao perder a maioria absoluta. Talvez tivesse facilitado uma solução de governo se se tivesse afastado e dado lugar a um rosto novo do PP, com menos historial de picardia com a oposição. Agora, porém, aparece como o menos egoísta. O único disponível para criar em vez de destruir. E como precisa Espanha de um governo! E de sentido de Estado. A crise ainda não passou, o desemprego continua dos piores da Europa, as sanções por incumprimento do défice estão à vista. E há também o desafio de refundar o projeto espanhol dada a agressividade dos nacionalismos. Sánchez é um político inexperiente, sem qualquer currículo de vitórias, e ninguém duvida de que está a prazo na liderança do PSOE, basta um dos barões, ou a baronesa, querer avançar. Iglesias e Rivera queriam mostrar que se pode fazer política de outra forma, mas estão hoje iguais àqueles que tanto criticavam. Suspeito de que Rajoy irá fazer tudo para trazer os adversários para mais próximo da razão. E, no fim de contas, se os espanhóis regressarem às urnas, alguém terá de pagar pelo imobilismo. Até acredito que o PP terá ainda mais votos.

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OPINIÃO

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A EUROPA E OS OUTROS

FRASES DO DIA

Como tornar o brexit gerível WOLFGANG MÜNCHAU Editor do Financial Times

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á ultrapassámos a fase do “brexit significa brexit”. Sabemos que o novo governo do Reino Unido está à procura de um relacionamento com a União Europeia regido por um acordo comercial. Ele não quer aderir ao Espaço Económico Europeu – uma área alargada do mercado interno da UE. Philip Hammond, o ministro das Finanças, falou sobre o acesso ao mercado único, mas sem adesão. Após o encontro com Jack Lew, o secretário do Tesouro dos EUA, em Berlim, na semana passada, Wolfgang Schäuble, o ministro das Finanças alemão, adjetivou esta proposta de razoável. Não há ainda nenhum acordo sobre nada, mas o Reino Unido e a União Europeia podem, pelo menos, concordar sobre o que falar. Vindos de onde viemos, isto é um progresso. Além da orientação geral, podemos analisar mais três pontos. O plano diretor elaborado por David Davis, ministro para a saída da UE, era tão claro na orientação geral como ingénuo nos detalhes técnicos. A campanha acabou, o Sr. Davis irá ter de se sentir excitado com coisas verdadeiramente chatas. O que também está a ficar cada vez mais claro é que Theresa May, a primeira-ministra do Reino Unido, pode querer desencadear o procedimento de saída nos termos do artigo 50.° antes do fim do ano. Vai levar algum tempo para chegar a uma posição de negociação conjunta para os termos da saída que satisfaça tanto a Escócia como a Inglaterra. Terão de ser feitos compromissos. Mas o processo não pode ser adiado por muito tempo. A economia pode deixá-la sem opções. Os negociadores não se devem deixar enganar pela reação relativamente benigna do mercado após o referendo e pela queda limitada do valor da libra. O terceiro ponto que se tornou claro é que o brexit vai acontecer antes das eleições gerais no Reino Unido em 2020. É o único cenário em que o Partido Conservador se manterá unido.

Nos próximos meses, a principal tarefa da equipa do brexit será compreender em detalhe as posições negociais dos outros 27 Estados membros. O que cada um deles pensa sobre o acesso da Grã-Bretanha ao mercado financeiro da União Europeia. Sabemos que a França é a favor de restrições, mas será essa a posição universal? Esse exercício irá também mostrar que o princípio da livre circulação de pessoas não pode ser facilmente negociado. A livre circulação não é uma política nem uma mentalidade, mas um princípio profundamente consagrado no direito europeu. Eles devem pensar também sobre a transição. Não há qualquer hipótese de um acordo comercial poder ser alcançado e implementado no prazo de dois anos. Os acordos são tecnicamente complicados, porque têm de ser negociados capítulo a capítulo, indústria a indústria. Serão necessárias compensações complexas. A ratificação pode ser demorada. Felizmente, a Grã-Bretanha mantém um grande défice comercial com o resto da UE, por isso vários países, entre eles a Alemanha, vão querer concluir um acordo rapidamente. Isto também significa que o processo poderá ficar

O golpe falhado na Turquia e o mais recente atentado terrorista em França poderão desestabilizar ainda mais a União Europeia

encalhado se os outros não conseguirem chegar a acordo. Entretanto, está prestes a dar-se um desenvolvimento importante que poderá revelar-se uma grande oportunidade para o Reino Unido: os sociais-democratas alemães, parceiros no governo de coligação da chanceler Merkel, estão prestes a recusar o apoio ao Acordo de Parceria Transatlântica de Comércio e Investimento – um acordo entre a UE e os EUA. O que eu penso é que aquele está praticamente morto. Um veto alemão ao APT daria ao Reino Unido e aos EUA a hipótese de negociarem a sua própria versão bilateral. Neste caso, o Reino Unido poderia, teoricamente, acabar numa posição mais favorável do que a anterior: com acesso ao mercado único da UE e uma maior integração económica com os EUA. A UE está em grave perigo. Por razões geopolíticas eu teria preferido que o Reino Unido tivesse votado pela permanência. O golpe falhado na Turquia e o mais recente atentado terrorista em França poderão desestabilizar ainda mais a União Europeia. Mas no ponto em que estamos hoje, há hipóteses de o brexit poder ser gerido de uma forma, pelo menos, economicamente neutra. Tal resultado não é garantido. Para que isso aconteça, a Sra. May terá de continuar com a mesma forma de agir implacável e com sentido dos objetivos com que atuou na semana passada, quando deu por terminada a estratégia económica de austeridade de David Cameron, o seu antecessor, e encostou à parede ministros de longa data. © 2016 The Financial Times Limited

OPINIÃO

HOJE

› Leonídio Paulo Ferreira › Wolfgang Münchau › António Tadeia

TERÇA

› Sérgio Figueiredo › Pedro Tadeu

QUARTA › Sílvia de Oliveira › Adriano Moreira

QUINTA › João Pedro Henriques › Paula Sá › João César das Neves

SEXTA › Miguel Ángel Belloso › Fernanda Câncio

SÁBADO › Anselmo Borges › David Dinis › Inês Teotónio Pereira

DOMINGO › António Barreto › Pedro Marques Lopes › Alberto Gonçalves › Paulo Baldaia › André Carrilho › João Taborda da Gama › Joel Neto

DINHEIRO VIVO › Ricardo Reis › Edson Athayde

NOTÍCIAS MAGAZINE › Afonso Cruz › Ana Bacalhau › Ana Sousa Dias › Catarina Carvalho › David Marçal › José Luís Peixoto › Júlio Machado Vaz › Manuel Jorge Marmelo

› Marta Crawford › Paulo Farinha

DIARIAMENTE › Ferreira Fernandes › João Lopes › José Bandeira

LEIA AINDA › Bernardo Pires de Lima › Viriato Soromenho-Marques

› Manuel Queiroz

[O PCP] não quer fazer a cama ao governo. Levaremos a nossa palavra até ao fim, como partido sério, votando, no que é bom para os trabalhadores e para o povo, a favor e votando contra aquilo que for negativo para os trabalhadores e para o nosso povo”. JERÓNIMO DE SOUSA SECRETÁRIO-GERAL DO PCP NUM COMÍCIO NA FOZ DO ARELHO, CALDAS DA RAINHA

“Vamos continuar a eliminar os vírus de todas as instituições do Estado. É um vírus, como um cancro, que se propaga a todo o Estado”. RECEP ERDOGAN PRESIDENTE DA TURQUIA NUMA CERIMÓNIA RELIGIOSA

“A persistência da UE na imposição de políticas orçamentais restritivas, a pressão sobre os países em dificuldades, como é o nosso, a quem receitam cortes e mais cortes na “despesa”, diminui a possibilidade de afirmar políticas estratégicas de desenvolvimento”. MANUEL CARVALHO DA SILVA INVESTIGADOR E PROFESSOR UNIVERSITÁRIO, NO JORNAL DE NOTÍCIAS

“As recentes conquistas desportivas nacionais têm vindo a ser usadas para a reprodução de mitos sobre a multiculturalidade e harmonia inter-racial do Portugal contemporâneo. Como portugueses não brancos e imigrantes não brancos residentes em Portugal recusamos ser cúmplices desse branqueamento”. JOÃO DELGADO, KITTY FURTADO, MAMADOU BA E SADIQ S. HABIB EM ARTIGO DE OPINIÃO NO PÚBLICO

“Os clubes deviam olhar para os Jogos Olímpicos como uma extraordinária montra para os seus jovens”. JESUALDO FERREIRA TREINADOR DE FUTEBOL EM ARTIGO NO JORNAL O JOGO

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PORTUGAL MULHERES EM BELÉM

Homenagem às vítimas do C-130

DINÁ AZEVEDO › Pela primeira vez na história foi uma mulher a escolhida para assessora da Casa Militar do Presidente da República da área da Força Aérea: Diná Azevedo. A tenente-coronel tem 44 anos e é formada em Ciências Militares e Aeronáuticas, tendo como especialidade piloto-aviador.

TIAGO PETINGA/LUSA

MILITAR Presidente da República prestou ontem “a mais sentida e comovida homenagem” aos três aviadores mortos no acidente com um C-130, no Montijo, na inauguração do monumento do centenário do primeiro voo militar, em Vila Nova da Rainha. Marcelo citou o nome do “aventureiro” tenente Santos Leite, protagonista do voo inaugural da aviação militar portuguesa, a 17 de julho de 1916, bem como de outros heróis como Bartolomeu de Gusmão, Sacadura Cabral e Gago Coutinho, frisando que Portugal sempre “acolheu as máquinas voadoras”. O Presidente visita hoje a Base Aérea do Montijo e voará num C-130 para demonstrar a confiança naquele tipo de aeronave.

A espia que Marcelo nomeou para a segurança nacional Belém. Antiga assessora de Passos é quadro das secretas e está com Marcelo desde final de março. Proteção Civil, PSP, GNR, SEF e informação classificada são áreas da sua responsabilidade RUI PEDRO ANTUNES e VALENTINA MARCELINO

A assessora que Marcelo Rebelo de Sousa escolheu para a área da segurança nacional é uma espia com carreira nas secretas, mas que desempenhou funções similares no gabinete de Passos Coelho. Discreta desde que foi nomeada em março para Belém, Mafalda Gama Lopes destacou-se por seguir o Presidente em todas as ações do “Portugal Próximo”, que decorreu entre 4 e 6 de julho em Trás-os-Montes. No meio da comitiva presidencial, Mafalda Gama Lopes mostrou ser de poucas palavras, mas não passou despercebida, desde logo por ser uma novidade na equipa de Marcelo. A assessora seguiu sempre os passos do Presidente, apenas de telemóvel na mão e evitando aparecer nos planos captados pelas câmaras televisivas. Já lá vão três meses em Belém, mas só agora foi para o terreno. A espia de Marcelo foi nomeada a 30 de março, num despacho em que é apenas dito que é “assessora da Casa Civil” e que pertence aos

quadros do Sistema de Informações da República Portuguesa (SIRP). Fonte da Presidência explica ao DN que Mafalda Gama Lopes “desempenha as funções de assessora, ocupando-se principalmente de assuntos relacionados com a segurança nacional, nomeadamente com o universo relativo à Administração Interna – Proteção Civil, PSP, GNR, SEF, e informação classificada – retomando assim o cargo já existente no mandato do anterior chefe do Estado”. O anterior presidente da República, Cavaco Silva, escolheu para este mesmo cargo – que no seu tempo passou a depender da Casa Civil – um antigo secretário de Estado da Defesa: Abílio Morgado. Quem é a espia de Marcelo Foi o chefe da Casa Civil de Belém que sugeriu Gama Lopes a Marcelo. Fernando Frutuoso de Melo esteve entre 1987 e 2016, em Bruxelas, onde desempenhou vários cargos e foi na capital belga que conheceu Mafalda Gama Lopes. No SIRP, a assessora de Marcelo era analista no departamento Eu-

ropa-América, uma estrutura do SIED (Serviço de Informações Estratégicas de Defesa), onde entrou em 2002. Foi o ex-diretor Jorge Silva Carvalho que notou as suas capacidades enquanto analista dos assuntos europeus e à primeira oportunidade nomeou Mafalda Gama Lopes para ser “antena” do SIED em Bruxelas. “É uma ótima analista, inteligente, tem boa figura, fala fluentemente três línguas e tem uma enorme capacidade de relacionamento pessoal – tudo qualidades de uma boa espia”, revela ao DN fonte das secretas.

Mafalda Gama Lopes foi nomeada para a Presidência da República a 30 de março

Em Bruxelas foi para o lugar do espião Henrique Silva, próximo de Durão Barroso, que foi mais tarde afastado dos serviços e está atualmente na unidade de vigilância da PJ. Oficialmente, entre 2008 e 2010 foi conselheira para os assuntos de segurança e defesa na Representação Permanente de Portugal junto da União Europeia. No gabinete de Passos Coelho era mais discreta do que com Marcelo. Era subordinada de Carlos Henrique Chaves, um general que aconselhava o então primeiro-ministro para as questões de Segurança Nacional. A experiência de analista e a capacidade de recolher e sistematizar a informação, que tinha trazido do SIRP, facilitavam-lhe o trabalho. Preparava os dossiês, reunia informação e fazia todo o trabalho de background sobre os temas em discussão. Fontes da GNR e da PSP ouvidas pelo DN reconhecem as suas qualidades profissionais como espia, mas consideram que em matéria de forças de segurança “não domina bem as problemáticas”. Fonte do anterior governo conta ao DN que Mafalda Gama Lopes esteve “os quatro anos e meio de go-

ISABEL ALÇADA › Para a área da educação Marcelo Rebelo de Sousa escolheu como consultora a antiga ministra de José Sócrates Isabel Alçada. A ex-governante é também autora dos livros Uma Aventura. Foi desafiada por Marcelo para escrever uma aventura em Celorico de Basto (terra da avó Joaquina). E aceitou. Chama-se Uma Aventura na Pousada Misteriosa, mas passa-se em Celorico. MARIA JOÃO E MARIANA › A jornalista Maria João Ruela é outra das mulheres da Casa Civil, tendo sido nomeada assessora para os assuntos sociais. Na SIC desde 1992 (onde era editora executiva desde 2007), aceitou em março o desafio de Marcelo Rebelo de Sousa. Entre as mulheres da Casa Civil está também aquela que foi a assessora de Marcelo durante a campanha eleitoral, Mariana Mira Corrêa. Atualmente, desempenha as funções de assessora do gabinete do Presidente.

verno como assessora da área da segurança e defesa militar”, mas “raramente ia para o terreno”. A mesma fonte fala num “trabalho mais técnico, de gabinete”, só indo a ações que se relacionassem com a área. Fonte social-democrata explica que Mafalda Gama Lopes chegou ao governo de Passos Coelho por indicação do “já falecido Luís Fontoura, um antigo vice-presidente do PSD no tempo de Menezes, que apadrinhou a ida dela para o governo, pois ele conhecia-a do ISCSP [Instituto Superior de Ciências Sociais e Políticas]”. O próprio despacho de nomeação para o executivo de coligação aponta que entre 1999 e 2008 Mafalda foi professora assistente no ISCSP. Quando o governo de Passos caiu, Mafalda Gama Lopes voltou para o SIRP. O DN tentou contactar Mafalda Gama Lopes através da Presidência, que destacou que, “nesta qualidade, assessora da Casa Civil, a orientação tradicional é não conceder entrevistas aos órgãos de comunicação social”. A Presidência acrescentou ainda que se trata de “um órgão unipessoal, com um único titular, o próprio Chefe do Estado”.

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PORTUGAL

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Isaltino Morais, que tem apresentado o seu livro sobre o tempo em que esteve preso na Carregueira, considera que ainda é muito cedo para falar sobre eventual candidatura a Oeiras, mas não fecha a porta

Barões das câmaras querem voltar ao poder, com ou sem partidos cas que ameaçam voltar. Candidaturas independentes ganham força de norte a sul do país PAULA SOFIA LUZ

A notícia caiu que nem uma bomba naquele auditório de Pombal onde decorria um fórum organizado pela JSD, em abril passado. Narciso Mota, um dos dinossauros do PSD que presidiu durante 20 anos aos destinos de um dos maiores concelhos do país, anunciou a intenção de se candidatar à câmara, em desacordo com as políticas do sucessor, Diogo Mateus. Os estilhaços fazem sentir-se até agora no partido. Ali como noutros pontos do país a guerra está aberta: as autárquicas de 2017 poderão fazer disparar o número de candidaturas independentes, uma vez que as direções nacionais dos partidos tendem a negar apoio a esses regressos, depois do “período de nojo” imposto pela limitação de mandatos. E muitos dos antigos autarcas que a lei afastou querem voltar. “O PSD tem feito tudo o que pode para me demover desta intenção”, disse ao DN Narciso Mota, 68 anos, 20 como presidente da Câmara de Pombal, que recuperou para o partido em 1993. A partir daí, ganhou sempre, cada vez por margem mais dilatada. Nessas duas décadas teve (quase) sempre a seu lado Diogo Mateus, no papel de vice-presidente, até à sucessão considerada natural. Três anos volvidos, o que mudou? “Percebi que os pombalenses repudiam o revanchismo, a vingança, as marginalizações, os despedimentos forçados, que só contribuem para a desmotivação, para depressões que afetam a vida dos funcionários e do município”, diz Narciso Mota, que quando passou a pasta a Diogo Mateus ficou a presidir à Assembleia Municipal. A limitação de mandatos imposta por lei acabou à força com a liderança autárquica que, em muitos casos, estava para durar. “Até era a

favor dessa lei se os que a aprovaram no Parlamento a aplicassem a eles próprios”, sustenta Narciso Mota, agora decidido a avançar de qualquer maneira: “Se o PSD não me quiser, serei candidato independente, com um grupo de pessoas de vários quadrantes políticos.” Foi o que fez em Elvas Rondão Almeida, histórico do PS que deixou o nome espalhado por Elvas, desde rotunda, praça de touros, lar da terceira idade. Rondão já tem equipa, listas fechadas e sede de candidatura. Aos 73 anos, depois de cinco mandatos como presidente, 40 de militante do PS, testa uma nova vida: “Costumo dizer que na política ganha e perde quem tem o poder nas mãos. Se está a exercer bem é muito difícil a oposição apresentar alternativas. Se está a exercer mal é fácil a população aderir a novos projetos. É o que está a acontecer com o movimento Elvas É o Nosso Partido.” Tem uma direção composta por 22 pessoas e dez grupos de trabalho constituídos. “Nunca senti dentro do PS esta dinâmica de trabalho que sinto com estes independentes. Não tenho dúvida de que vai haver uma queda abrupta dos partidos nestas eleições, talvez pelo mau exemplo que têm dado.” À volta de Elvas, num raio de 50 km, Rondão Almeida contabiliza cinco câmaras geridas por grupos de independentes. No caso do antigo socialista Rondão de Almeida já não há margem para conversas com o partido: entregou o cartão do PS no passado dia 25 de abril. Maria da Luz Rosinha, responsável pelo dossiê autárquicas no PS, escusa-se a comentar o caso de Rondão, limitando-se a dizer que “essa pessoa já não faz parte do partido”. E sobre o cenário do aumento de candidatos independentes, Maria da Luz garante ser uma questão que não preocupa o PS. Já o presidente dos autarcas do PSD Álvaro

NUNO PINTO FERNANDES/GLOBAL IMAGENS

Eleições. Limitados pela lei em 2013, há autar-

próprios, a vontade das concelhias e distritais e também a avaliação que for feita pela comissão coordenadora autárquica.”

José Rondão de Almeida (PS) presidiu à Câmara de Elvas entre 1993 e 2013

Narciso Mota foi presidente em Pombal durante 20 anos pelo PSD

Amaro, que preside à Câmara da Guarda, não estranha que apareçam antigos companheiros a querer voltar. “Não vejo nada que o possa impedir. Tal como achei há três anos que era possível candidatarmo-nos a outros concelhos desde que houvesse vontade e consonância entre eles e os partidos, também agora não vejo nenhuma dificuldade nisso desde que se respeitem os mesmos critérios: a vontade dos

Menezes não, Isaltino nim A norte, porém, onde tantas vezes já foi apontado como candidato ao regresso, Luís Filipe Menezes é daqueles que descansam o partido: “Estou completamente afastado de todo e qualquer cargo público. Não sou candidato a coisa nenhuma. Sou apenas candidato a que me deixem em paz”, disse ao DN o antigo presidente da Câmara de Gaia. Nos últimos meses várias notícias apontavam no sentido contrário, embora de forma suave, quando comparada com a mediatização à volta do regresso de Isaltino Morais, antigo autarca de Oeiras. É verdade que os habitantes do concelho foram sondados ao telefone, em abril, num inquérito que tentava aferir a notoriedade do atual presidente da Câmara de Oeiras, Paulo Vistas, e do seu antecessor, apesar de nenhum assumir a autoria da encomenda. O ex-autarca do PSD e fundador do movimento Isaltino, Oeiras mais à Frente presidiu àquela autarquia entre 1986 e 2013, os últimos três mandatos já como independente. Ausente no estrangeiro, acedeu responder por escrito ao DN. “As questões que coloca seriam pertinentes para alguém que já se haja posicionado como candidato. Não é o meu caso, porquanto até agora não manifestei qualquer intenção de o fazer.” Além disso, diz, é “muito cedo para qualquer pronunciamento, pois estamos a mais de um ano das

eleições e deve deixar-se a maior tranquilidade a quem governa”. Precursor dos movimentos independentes que têm crescido no país, sobretudo movidos pelo descontentamento dentro dos partidos, Isaltino considera que têm uma importância óbvia “dada a mobilização participativa que gera em cidadãos que não se reveem no processo de seleção política dos partidos”. Acresce que “as candidaturas independentes são por natureza mais abrangentes e transversais aos partidos e, naturalmente, mais envolventes e empenhadas na defesa dos interesses locais e abertas à participação de todos os cidadãos”. O antigo autarca acredita que 2017 vai mostrar esse reforço e que o mesmo será “fundamental para o aprofundamento da democracia participativa, chamando os cidadãos à causa pública, chamamento que os partidos não fazem, antes excluem”. Por todo o país há exemplos como os de Narciso Mota ou Rondão de Almeida, mas poucos assumem publicamente a intenção de uma candidatura. “Eles viveram de tal maneira esses cargos, que mesmo quando saíram para outras funções públicas, seja para ministro, deputado europeu, isso não serve para homens que se confundiram com a própria instituição municipal e na relação direta com os povos”, considera José Adelino Maltez, especialista em ciência política. “Podem chamar-lhe jardinismo, mas são homens que foram talhados para isso e sentem que ainda têm alguma coisa para dar. São ambiciosos, gostam de ser políticos e querem ir a votos. É legítimo.”

Segunda-feira _18 de julho de 2016. Diário de Notícias

Porto entregue a Rui Moreira. Lisboa sem consenso PRÉ-CAMPANHA Empresário pode garantir o apoio do PS, CDS e PSD. Autarquia da capital deverá ter candidatos de todos os partidos

Rui Moreira bem pode ficar na história como o homem que acabou com a política partidária na Câmara Municipal do Porto. Depois de ter vencido as eleições em 2013 encabeçando uma candidatura independente, o autarca parece merecer o consenso à esquerda e à direita. “Reitero as palavras da líder do CDS-PP que, no congresso, disse que nos sítios onde as coisas correram bem não há razões para mudar, dando o exemplo de Aveiro e Porto e, de forma implícita, afirmou que não havia razões para não apoiar o independente Rui Moreira”, disse na semana passada Álvaro Castelo Branco, da distrital do Porto. No mês passado, o secretário-geral do PS já tinha defendido o apoio do partido a Rui Moreira. “Sou militante do PS desde os 14 anos. Gosto muito do emblema da mãozinha. O maior disparate que podíamos fazer era em nome do emblema da mãozinha sacrificarmos a boa gestão de uma cidade”, disse António Costa no congresso do PS . Apesar de o PSD ainda não se ter pronunciado sobre o assunto, tudo indica que não irá arriscar uma candidatura própria e deve declarar o apoio ao empresário, que ganhou a câmara em 2013 encabeçando o movimento independente Porto, o Nosso Partido. Em Lisboa, a situação é bem diferente. Nenhum partido está disposto para abdicar da maior autarquia do país. No PS ninguém contesta que o candidato seja Fernando Medina, que aguarda a decisão do PSD para saber se terá como opositor Pedro Santana Lopes. O provedor da Santa Casa da Misericórdia já informou o líder social-democrata de que não será candidato caso o partido pretenda apresentar candidato ainda neste mês. O antigo presidente da Câmara de Lisboa, no entanto, não fecha a porta a uma eventual candidatura se o calendário político do PSD for outro, ou seja, se houver margem para uma decisão dentro de alguns meses. No partido têm sido veiculados outros nomes como Maria Luís Albuquerque ou Jorge Moreira da Silva O CDS já adiantou que apresentará um candidato próprio e até se fala na líder, Assunção Cristas. O Bloco de Esquerda também já decidiu que não irá apoiar Fernando Medina e que apresentará um candidato próprio e é expectável que a CDU faça o mesmo.

PORTUGAL

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CASOS

PSD vai aprovar carta de princípios › A comissão coordenadora autárquica do PSD terminou na passada semana as reuniões com todas as comissões políticas distritais e remete para o conselho nacional de dia 20 uma posição sobre o eventual regresso de antigos autarcas. Nessa reunião deverá ser aprovado “um documento, com um conjunto de princípios a respeitar”. “Não estamos a limitar candidatos nenhuns. A não ser os que são atualmente presidentes de câmara. Só depois das regionais dos Açores é que vamos pronunciar-nos sobre nomes e apoios”, disse ao DN o coordenador do PSD Carlos Carreiras.

PCP contra limitação de mandatos › O PCP é desde o primeiro momento contrário à limitação de mandatos, que constitui um impedimento do exercício do direito constitucional de eleger e ser eleito”, afirmou ao DN fonte do gabinete de imprensa, adiantando que “as questões relativas aos nomes de candidatos às eleições autárquicas não estão em exame neste momento”.

PS em périplo por todo o país › A questão dos antigos autarcas que querem regressar” não se coloca ao PS, que está a preparar as eleições autárquicas com toda a serenidade”, afirmou Maria da Luz Rosinha, responsável pelo dossiê autárquicas no Partido Socialista. “A nossa secretária-geral adjunta está a fazer um périplo por todo o país, para perceber a realidade de cada distrito.”

À espera do perdão do partido › Aos 75 anos, o aposentado professor Litério Marques sente que ainda tem muito para dar ao concelho a que presidiu por quatro mandatos, pelo PSD. Em 2013, instigou a formação do Movimento Independente Anadia Primeiro e ficou como vereador. A façanha valeu-lhe a expulsão do partido. Tem vindo a fazer uma aproximação às hostes laranjas. Garante que ainda não foi convidado pelo PSD mas está “disponível para unir o partido seja em que papel for”.

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PORTUGAL

Segunda-feira _18 de julho de 2016. Diário de Notícias

ENTREVISTA: LUÍS AMADO Ex-secretário de Estado da Cooperação

Pouco depois da criação da CPLP, Luís Amado chegou a secretário de Estado da Cooperação e lidou diretamente com a organização

“O problema da Guiné Equatorial irá esbater-se com o tempo” JOÃO PEDRO HENRIQUES

Como secretário de Estado da Cooperação ,teve uma intervenção importante a implementar a CPLP, na sua primeira fase. Foi uma tarefa mobilizadora? Enfrentou muitos contratempos? Foi uma fase muito importante da política externa portuguesa, Jaime Gama era o ministro dos Negócios Estrangeiros. No âmbito da inserção geopolítica do país, que a política externa sempre procura desenvolver, a abertura de uma plataforma multilateral que reconstituía relações políticas, diplomáticas e culturais com as ex-colónias foi sem dúvida uma janela importante que se abriu para a política externa portuguesa. Na altura, a CPLP era vista como sendo também um projeto económico ou nem tanto? Houve sempre alguma ambiguidade na perspetiva inicial da CPLP, sobretudo na fase de discussão e preparação dos seus estatutos.

Claro que todos os Estados membros viviam, direta ou indiretamente, experiências de integração regional mais alicerçadas nas relações económicas e comerciais e por isso o paralelo com a dinâmica de integração económica esteve sempre presente no espírito de quem negociou esses estatutos. Só que a realidade é completamente diferente, a CPLP não é uma plataforma de integração regional e nunca o poderia nem pretendeu ser, mas é, mais do que isso, uma plataforma hoje percetível para a nossa inserção na globalização, embora essa perceção não esteja ainda, do meu ponto de vista, bem vincada em Portugal. Mas é sobretudo essa a perspetiva económica que a CPLP deve assumir em relação ao futuro. Alguma vez sentiu que algum dos países da CPLP olhasse para Portugal e para a organização como algo neocolonialista? O que tem havido nos últimos anos é uma mudança na relação de forças que reflete o que se está a pas-

Luís Amado foi, além de secretário de Estado, também MNE (2006-2011)

sar no sistema internacional. Os países que foram colonizados têm hoje condições de poder e de afirmação completamente diferentes das que tinham há 20 anos e isso reflete-se dentro da organização. Mas isso resulta também da dimensão democrática da CPLP, em que cada país tem um voto – e portanto pesam os interesses do conjunto. Como viu a adesão à CPLP de um país – a Guiné Equatorial – que não é lusófono nem democrata?

É irreversível essa tendência de abertura da CPLP à participação de outros Estados à medida que os diferentes países membros põem em cima da mesa os respetivos interesses regionais. Todos os países africanos da CPLP, e ainda o Brasil, afirmaram que queriam a Guiné Equatorial na organização. Mas foi pena que não se fizesse um debate sobre a reforma dos estatutos que permitisse a criação de três níveis de participação: Estado fundador, Estado associado e Estado observador. Se essa reforma tivesse ocorrido, a grande polémica sobre a Guiné Equatorial não teria sido suscitada. Será mais fácil gerir a dinâmica de crescimento que a CPLP vai inevitavelmente ter, fazendo essa alteração estatutária. E aí a Guiné Equatorial seria o quê? Seria um Estado associado porque queria ter um grau de relação mais profundo com os Estados membros. Isso precisava de um debate sobre uma reforma estatutária que até agora não foi possível. O problema da Guiné Equatorial como um corpo mais ou menos estranho esbater-se-á com o tempo. É possível sonhar que um dia haja no espaço da CPLP um princípio de livre circulação de pessoas? É difícil nesta fase, em particular quando as questões migratórias estão no centro da agenda internacional e desencadeiam tensões tão consideráveis como as que temos testemunhado. Mas do ponto de vista da consolidação de uma dinâmica comunitária para a CPLP faz todo o sentido preservar essa agenda.

Um sonho de 1983 concretizado 13 anos depois MEMÓRIA O historial oficial da

CPLP diz que o primeiro a falar de algo parecido com a organização foi, em 1983, Jaime Gama, enquanto ministro dos Negócios Estrangeiros. Treze anos depois, em 17 de julho de 1986 (passaram ontem 20 anos), sendo Gama novamente MNE, realizou-se em Lisboa a cimeira constitutiva da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa. De todos os chefes de Estado e de governo presentes, o único que sobrevive no cargo é o presidente de Angola, José Eduardo dos Santos. Foram sete os países fundadores: Portugal, Angola, Brasil, Moçambique, São Tomé e Príncipe, Guiné-Bissau e Cabo Verde. A estes juntaram-se Timor-Leste e a Guiné Equatorial.

Mendes fala em dúvidas do BCE sobre nova direção da CGD CARTA Comentador da SIC

diz que há um “braço de ferro” entre o Banco Central Europeu e o banco público português Em 8 de junho passado, o Banco Central Europeu (BCE) escreveu à administração da Caixa Geral de Depósitos (CGD) colocando sérias dúvidas sobre o novo elenco dirigente do banco, contou ontem na SIC Luís Marques Mendes. O comentador e ex-líder do PSD disse que na carta o BCE colocou dúvidas ao número excessivo de administradores previstos (19, querendo o regulador europeu no máximo 15), defendeu que o chairman e o presidente executivo deveriam ser cargos titulados por pessoas diferentes (António Domingos irá acumular funções), pediu experiência bancária a todos os administradores (mesmo os não-executivos) e avisou que nenhum deles pode ter conflitos de interesses. O BCE também terá defendido nessa carta “uma proposta alternativa à capitalização pública”. Para o comentador da SIC, está-se perante um braço de ferro. “Quem vai ceder? Que mudanças vamos ter? E quando é que tudo isto se resolve e acaba?”, perguntou. Estes avisos do BCE já tinham sido revelados há algumas semanas e na sexta-feira passada o DN revelou que “do ponto de vista dos reguladores o caminho está livre”, tendo todos os administradores recebido “luz verde, embora informal”. A nova administração, com sete administradores executivos e os restantes não-executivos, estará a dias de poder ser empossada. Conselho de Estado No comentário de ontem à noite, Marques Mendes falou também da polémica em torno de uma suposta intervenção no Conselho de Estado em que, segundo o Público, Cavaco Silva fora o único conselheiro a não se manifestar contra as sanções que a UE prepara contra Portugal por causa do défice de 2015. Mendes, ele próprio membro do Conselho de Estado, fez como outro conselheiro, António Lobo Xavier, e obteve do Presidente da República autorização para garantir que a notícia era falsa – ou seja, do que Cavaco Silva afirmou na reunião não se pode concluir que é a favor das sanções. Segundo o comentador da SIC, o governo já terá enviado para Bruxelas a carta em que contesta as sanções. No seu entender, as sanções serão uma “multa zero ou próximo do zero”. J.P.H.

Segunda-feira _18 de julho de 2016. Diário de Notícias

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DINHEIRO Pedro Moreira vai chamar mais turistas a Lisboa

DIREITOS RESERVADOS

CONTRATAÇÃO Depois de 13 anos a construir as Festas de Lisboa e toda a programação cultural em espaço público da cidade, além de liderar a comunicação e parcerias da empresa de gestão cultural de Lisboa, Pedro Moreira assume agora um papel ativo na captação de turistas. O diretor de programação da EGEAC deixou o cargo para o qual fora reconduzido já neste ano e começa hoje em novas funções como diretor de marketing e visitor attractions na LisMarketing, da Associação de Turismo de Lisboa. “Deixo a empresa com o sentimento do dever cumprido e acreditando que todo o empenho e dedicação que sempre dediquei poderão ter sido um pequeno contributo para a projeção da EGEAC e também um bocadinho para a valorização e promoção da cultura na nossa cidade de Lisboa”, disse. Licenciado em História, com especialidade em Paleografia e Diplomática pela Universidade Clássica, Pedro Moreira diz que este é “um novo ciclo e desafio” que irá abraçar “com a mesma força, tenacidade e profissionalismo”.

Empresários desesperam à espera de apoios à contratação Desemprego Empresas queixam-se do atraso de meses. Governo diz que entrou em 2016 com 66,5% de verbas consumidas com compromissos antigos. CCP garante que situação não é nova LUCÍLIA TIAGO

Em fevereiro, o Instituto do Emprego e Formação Profissional deu luz verde a seis candidaturas à medida Estímulo ao Emprego submetidas pelo empresário agrícola E.A., mas o apoio financeiro ainda não chegou à sua conta e a espera está a fazer mossa no fundo de maneio da empresa. O caso está longe de ser único. A demora na atribuição do dinheiro deve-se ao elevado ritmo de execução destas medidas em 2014 e 2015, que comprometeu 66,5% da dotação orçamental prevista para este ano e que obrigou já a dois reforços do orçamento do IEFP, explica o governo. Nos dois últimos anos, a verba canalizada para políticas ativas de emprego (entre estágios, apoios à contratação, isenção de TSU programas de formação) rondou os 450 milhões de euros – o triplo dos 150 milhões de euros registados em 2012 e 2013. Parte dos encargos

financeiros assumidos (com as candidaturas aceites) transitaram para este ano. De acordo com o relatório sobre política ativas de emprego que o governo enviou aos parceiros sociais, “os compromissos assumidos com a atividade transitada representam 66,5% do orçamento do IEFP para 2016”. A isto soma-se o facto de, como tem alertado o ministro Vieira da Silva, o governo de Passos Coelho ter reduzido em quase metade (44%) as verbas comunitárias (no Portugal 2020) destinadas a medidas de emprego e formação profissional. Para fazer face a este défice de financiamento, o governo começou por reforçar (via Orçamento do Estado) o orçamento do IEFP em 10% e, mais recentemente, anunciou uma nova injeção de cem milhões de euros. Alheio a estes movimentos financeiros, E.A. regista apenas que cinco meses após ter visto as candidaturas serem aceites e contratado os novos trabalhadores continua sem receber os apoios es-

MEDIDA

Subsídio europeu tem de ser bem feito › A criação de um subsídio europeu de desemprego poderá ajudar à recuperação da economia e irá reforçar a dimensão social do projeto europeu. É desta forma que o ministro do Trabalho e da Segurança Social vê uma medida que começou a ser equacionada há já alguns anos e cujo processo de discussão se tem aprofundado. Em declarações ao DN/ /Dinheiro Vivo, Vieira da Silva acentua que para se atingirem aqueles objetivos é necessário que seja “bem desenhada e eficaz”. Este subsídio europeu permitirá reforçar o seu papel de estabilizador automático.

perados. Desde o início de fevereiro que a resposta dos serviços é sempre a mesma: o seu processo está em fase de “cabimentação”. O empresário, ligado à produção e exportação de vinhos, lamenta o atraso e acentua as dificuldades que estas situações trazem a quem tem projetos para lançar e precisa de contratar pessoas. “Se não puder pagar e precisar mesmo do dinheiro que vem do apoio à contratação, não pode avançar com o projeto. Tem de ficar parado.” João Vieira Lopes, presidente da Confederação do Comércio e Serviços de Portugal (CCP), está a par de mais casos de empresários que aguardam pela chegada dos apoios e que se queixam da espera, mas garante que esta não é uma situação nova. “É um problema clássico, com vários anos, estes atrasos no pagamento às empresas. É errado, mas infelizmente é normal”, confessa ao DN/Dinheiro Vivo. Tal como sucede com o reembolso dos impostos, por exemplo, o ritmo da

transferência das verbas para as empresas pode ajudar a compor a execução orçamental. Se atrasar. A utilização de medidas ativas de emprego por parte das empresas conheceu um forte impulso nos últimos anos, mas os resultados indicam que apenas uma percentagem acaba por dar origem à criação de um novo emprego e são ainda menos as que levam a uma contratação sem termo. No caso dos estágios, a taxa de empregabilidade após a sua conclusão ronda os 38% e cerca de um terço destes jovens são contratados a prazo. Nos apoios à contratação (em que o Estímulo Emprego se inclui através da concessão de um apoio que oscila entre os 80% e os 110% de um indexante de apoios sociais) 45,8% das pessoas estavam na mesma empresa durante 12 meses após o fim da medida, sem beneficiarem de apoios adicionais. É que o atual esquema de medidas ativas permite que uma mesma pessoa possa ser abrangida por várias: estágio, apoio à contratação e isenção de TSU. O custo para o Estado dos participantes em estágios que depois são empregados com apoios à contratação pode oscilar entre seis mil e 21 mil euros, dependendo do nível de escolaridade da pessoa , do ordenado e do tipo de contrato. Na simulação mais cara foi tido em conta um salário de 1200 euros. O Estímulo Emprego visa essencialmente a contratação de desempregados, vítimas de violência doméstica ou pessoas a receber o rendimento social de inserção, chamado rendimento mínimo.

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DINHEIRO

Segunda-feira _18 de julho de 2016. Diário de Notícias

A380. O superjumbo da Airbus é um megaflop de vendas Aviação. Companhias aéreas trocam as encomendas do maior avião do mundo por modelos mais económicos. Fabricante europeia vendeu menos mil aviões do que esperava. Agora vai cortar a produção para menos de metade

Airbus A380 A Airbus previa vender 1200 A380 no espaço de 20 anos. Passados 11 anos de produção, estão ao serviço apenas 193 gigantes do ar, com capacidade para transportar até 650 passageiros. A Emirates é a campeã dos A380 com 81 aviões, seguida da Singapore Airlines, com apenas 19. Ao mesmo tempo, estão a aumentar as vendas de aviões mais pequenos e mais eficientes.

Levanta voo e aterra em apenas 3 minutos

Filme (fibra de vidro) entre os vidros que impede os estilhaços e prolonga a resistência à corrosão

Lâmina de alumínio 0,38mm

Em todo o mundo, existem 230 aeroportos com infraestruturas para receber o A380

27 painéis de vidro reforçados com compósitos de alumínio

Pisos do avião Total de lugares para passageiros: 555 Piso superior

Dois elevadores, duas escadas rolantes, 17 galerias e 17 lavabos Piso principal

Lugares em turística 1,07 m

Lugares em executiva 1,37 m

Lugares em turística 1,57 m

Lugares em primeira classe 1,45 m

(conj. 2)

(conj. 2)

(conj. 3)

(conj. 2)

Os lugares em primeira classe têm a possibilidade de ser convertidos em quartos 14 720 km Alcance 1008 km/h Velocidade de cruzeiro 560 toneladas Máx. peso na descolagem 8,1 mil milhões de euros Custo

Piso superior Lugares para passageiros: 199

Dimensões 72,727 m

24,1 m

Piso principal Lugares para passageiros: 356

Os quatro motores Rolls-Royce têm a potência de cerca de três bombardeiros B52, no momento da descolagem

Lugares em primeira classe: 22 Lugares em turística: 334 Lugares da tripulação de cabina: 12 Zona de arrumação para casacos: 1 Galleys (cozinhas): 9

ANA MARGARIDA PINHEIRO

Quando foi lançado, em 2007, o superjumbo A380 da Airbus, um gigante de dois andares com capacidade para 650 passageiros, era cobiçado pelas companhias aéreas de todo o mundo. A Lufthansa foi a escolhida para a estreia, em março desse ano, que teve direito a pompa e circunstância no Aeroporto JFK, nos Estados Unidos. O desenho e a produção do superjumbo custou 22 mil milhões de euros e a construtora aeronáutica europeia previa vender 1200 aviões deste modelo só nos primeiros dez anos. Mas a década

W.C.: 10 Zona de arrumação: 1 Elevadores: 2 Escadas: 2

está no fim e, afinal, o maior avião comercial do mundo apenas teve encomendas para um total de 193 unidades. O megaflop de vendas já levou a Airbus a anunciar que irá reduzir a produção para metade no próximo ano. E nos meios aeronáuticos já se especula sobre o fim do concorrente do 747 da fabricante norte-americana Boeing. “A companhia não vai recuperar disto”, disse à Bloomberg Richard Aboulafia, consultor de aviação do Teal Group, depois de a Airbus ter aproveitado o salão internacional aeronáutico de Farnborough, no Reino Unido, para dizer que apenas irá produzir 12 superjumbos

79,750 m

Lugares em executiva: 96 Lugares em turística: 103 Lugares da tripulação de cabina: 8 Zona de arrumação para casacos: 6 Galleys (cozinhas): 8

WC: 7 Zona de arrumação: 1 Elevador: 2 Escadas: 2 Beliches para a tripulação: 5

em 2018, de modo a adaptar a produção à procura. No ano passado, a fabricante europeia de aviões tinha produzido 27 destes modelos. O problema é que na lista de pedidos para os próximos cinco anos contam-se unicamente 126 encomendas... As vendas baixas não são de hoje. Com 193 aviões a voar, o A380

só atingiu o breakeven no ano passado. E mesmo assim garças especialmente ao impulso de um único cliente: a Emirates, que tem 81 destes superaviões. A segunda maior proprietária é a Singapore Airlines, que tem apenas 19 A380 na sua frota. Fabrice Brégie, CEO da Airbus, garante que “o A380 está aqui para ficar”. Mas assume que o corte na produção é “um passo prudente e proativo” que permite rever o planeamento industrial. Questionada pelo DN/Dinheiro Vivo, a Airbus completa: “Na sua classe, o A380 não tem concorrentes. Os passageiros amam o conforto dos assentos mais largos e as compa-

Airbus previa, em 2007, vender 1200 aviões A380 em dez anos. Até agora vendeu 198

30,372 m

7,112 m

29,598 m 51,400 m

Fonte: www.airbus.com; Sunday Times e Graphic News

Piso inferior (carga)

nhias beneficiam de um ganho potencial extraordinário nas rotas e nos aeroportos de maior tráfego pela sua capacidade adicional gerada pelos dois pisos de assentos.” Para reforçar a importância do superjumbo, a Airbus lançou inclusivamente um novo website (IflyA380.com) que vai servir de assistente de reservas. “Estamos a manter, a inovar e a investir no A380 para o manter como o favorito dos aeroportos, das companhias aéreas e dos passageiros.” Como se explica então o fracasso de vendas do A380? É essencialmente uma alteração do padrão de compras. Há quase dez anos, o que despertou a curiosidade e o inte-

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DINHEIRO

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Um provocador à frente do research do Banco Mundial Nomeação. Paul Romer é um crítico da excessiva dependência de estatísticas e da linguagem descuidada usada nos estudos JOANA PETIZ e VÍTOR MARTINS

Só com um investimento sério no conhecimento, no capital humano e na inovação é possível realmente voltar a crescer. A teoria de Paul Romer, apresentada num paper de 1990, continua a ser vista, 30 anos passados, como um dos mais relevantes trabalhos da área económica. Economista da Universidade de Nova Iorque, foi este o homem escolhido para suceder ao indiano Kaushik Basu como economista-chefe do Banco Mundial. “Sim, os rumores estavam corretos. Estou bastante contente por dar as boas-vindas ao nosso novo economista-chefe”, afirmou Florence Kondylis, também economista do Banco Mundial, no seu perfil no Twitter. A nomeação deve ser oficializada hoje. Crítico da linguagem utilizada – “uma escrita clara resulta em pensamentos claros, uma escrita descuidada produz reflexão confusa” – e dos métodos “excessivamente agarrados a estatísticas muitas vezes desgarradas da realidade” da instituição, Paul Romer deverá promover mudanças estruturais enquanto economista-chefe. Romer, que chega ao Banco Mundial numa altura de arrefecimento da economia mundial, de dívidas públicas elevadas e défices por controlar, “deverá ser uma importante voz provocadora nos meios económicos”, dizem os analistas. Hoje com 60 anos, o economista foi chamado aos grandes centros de pensamento económico na sequência do seu trabalho na chamada teoria do crescimento

endógeno, em que defende o papel das pessoas e da tecnologia como fatores absolutamente essenciais para pôr a funcionar o motor do crescimento. Os seus trabalhos estão em linha com os esforços de Jim Yong Kim, presidente do Banco Mundial, para transformar a instituição num “banco de conhecimento” ao qual as nações mais pobres possam recorrer para impulsionar a retoma. Em declarações ao Financial Times, Scott Morris, antigo responsável do Tesouro norte-americano, considerou que a escolha de Romer para a instituição – um “economista superstar” – reflete uma mudança na reputação do Banco Mundial, que passou a estar mais ativamente empenhado e comprometido com os assuntos globais mais relevantes. As cidades e o crescimento Paul Romer chega ao Banco Mundial num momento em que os economistas da instituição se mostram preocupados com “o atraso de décadas” que o arrefecimento económico mundial já provocou no processo de desenvolvimento das nações mais frágeis. “Muitas vezes não nos apercebemos de como a mais pequena das mudanças pode influenciar o mundo”, escreveu o novo economista-chefe no seu blogue. A influência das cidades na transformação das economias é outra área que tem trabalhado, defendendo que os centros mais pobres de países em desenvolvimento deviam ser usados como ponto de partida para “impulsionar o crescimento e a mudança”.

DR

resse das companhias aéreas está basicamente agora a afastá-las. Quando apareceu, o A380 conquistou pela sua grandeza. Pode levar até 650 passageiros nos seus dois andares disponíveis, tem uma área equivalente a três courts de ténis ou a um quarto de um campo de basquetebol. Além disso, tem casa de banho com chuveiro na primeira classe, assentos de couro e lounges para relaxamento, que são também bares de cocktails. Com a indústria de aviação cada vez mais ameaçado pela forte concorrência das low-cost, e com uma pressão constante para baixarem as tarifas, as companhias aéreas pedem hoje o contrário, procurando modelos mais económicos e leves, com menor pegada de carbono e menos lugares disponíveis, características que estão, por exemplo, a atraí-las para os modelos NEO, que poupam até 15% de combustível. Além disto, o preço tabelado do A380 é muito elevado: 432,6 milhões de dólares, números que mais uma vez contrastam com os A319, A320 e A321 NEO, que lhes fazem sombra. Para já não falar de que muitos dos aeroportos não têm pistas onde o gigante dos ares possa aterrar. “No salão de Farnborought tornou-se patente que o tempo das macroencomendas de aviões comerciais chegou ao fim. O arrefecimento da economia mundial e a incerteza gerada pelo brexit estão a arrefecer o interesse das companhias aéreas dos EUA e da Europa. Agora, as protagonistas são as empresas asiáticas”, dizem os analistas. Companhias como a malaia AirAsia, que selou um dos maiores contratos do salão internacional de aeronáutica – encomendou à Airbus cem aviões A321 NEO, o modelo maior da frota de aviões comerciais de um só piso. O negócio envolve 12 500 milhões de dólares, qualquer coisa como 11 250 milhões de euros, tanto como a linha de crédito da troika para o saneamento dos bancos portugueses. A indiana GoAi comprometeu-se a comprar outros 72 aviões do mesmo modelo, num investimento total de 6900 milhões de euros. Este interesse explica que, apesar de bem recentes no mercado, o A319 NEO tenha já 58 encomendas, o A320 NEO 3396 (embora só oito tenham sido entregues) e o A321 NEO outros 1129 pedidos. “O tráfego aéreo na Ásia, e particularmente na China, está a crescer muito rapidamente, ao contrário do que acontece na Europa. Por isso é normal que as maiores companhias asiáticas estejam a reforçar as frotas, sobretudo com aviões mais pequenos e económicos.” A Airbus reconhece. “O futuro do mercado de aviões de um só piso, como os NEO, está especialmente forte graças ao impulso do crescimento das companhias aéreas de baixo custo e à procura de mercados emergentes.” com V.M.

Paul Romer, 60 anos, deve ser oficializado hoje no Banco Mundial

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SOCIEDADE

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CRIMINALIDADE

2272

› queixas-crime em Lisboa A capital teve um aumento de 3,8% de denúncias em 2015, segundo o Relatório Anual de Segurança Interna.

370

› turistas assaltados por mês

ANTÓNIO ARAÚJO/LUSA

De janeiro a abril, a PSP de Lisboa registou 1478 furtos de carteiras, mais 25,8% que em igual período de 2015.

Melhoria das instalações da PSP “não é de concretização fácil” OBJETIVO “Estamos, neste momento, a programar a melhoria das infraes-

truturas e dos equipamentos da PSP, através de um planeamento mais realista de investimento, com especial cuidado para as necessidades mais urgentes”, disse a ministra da Administração Interna, Constança Urbano de

Sousa, na cerimónia dos 149 anos da PSP, no dia 5. “Este não é um objetivo de concretização rápida ou fácil”, ressalvou, devido “sobretudo aos constrangimentos” administrativos, orçamentais e legais que existem. A ministra quer reforçar a “dimensão operacional” da polícia.

Oito esquadras da PSP em Lisboa vão fechar portas Segurança. Plano antigo para encerrar instalações em Carnide, Rego, Arroios, Boavista ou Alcântara vai mesmo avançar. Ministério alega que permitirá colocar 80 polícias nas ruas RUTE COELHO

Carnide, freguesia de Lisboa com dois bairros municipais difíceis, Horta Nova e Padre Cruz, arrisca ficar sem as duas esquadras da PSP que servem essas populações, a 32.ª e a 36.ª, respetivamente, porque distam pouco mais de 800 metros entre si e apenas um quilómetro da esquadra principal de Carnide. Por isso estão na lista das oito instalações de polícia que vão ser desativadas. O plano de as encerrar “está a ser ultimado”, garantiu ao DN o Ministério da Administração Interna (MAI), assegurando que “em termos de poupança financeira será pouco significativo”. Mas, “em termos de recursos humanos terá um enorme reflexo. Oito esquadras desativadas em Lisboa vão significar mais 80 elementos da PSP na rua”, explicou o gabinete da ministra Constança Urbano de Sousa.

As esquadras que vão fechar as portas são: 10.ª, em Arroios (1.ª Divisão); a 16.ª, no Bairro do Condado (antiga zona J de Chelas, 2.ª Divisão); 29.ª na Quinta do Cabrinha (4.ª Divisão); 31.ª do Rego (3.ª Divisão); 32.ª no bairro da Horta Nova (3.ª Divisão) e 36.ª no Bairro Padre

Sindicatos concordam com o fecho se significar mais meios operacionais

Cruz (3.ª Divisão); esquadra do Tribunal de Monsanto e 43.ª no bairro da Boavista. Está ainda prevista a saída da Divisão de Investigação Criminal (DIC) de Alcântara para um edifício na freguesia de Carnide, que seria na sede de uma mega esquadra. Quanto à sede da 4.ª Divisão da PSP, no Largo do Calvário,

em Alcântara, acabaria por se mudar para o atual edifício da DIC. Sindicatos impõem condições O plano proposto para a reorganização do dispositivo do comando de Lisboa da PSP ao MAI é antigo e nasceu no tempo em que o atual primeiro-ministro António Costa detinha a pasta da Administração Interna (de 2005 a 2007, governo liderado por José Sócrates), segundo recordou Paulo Rodrigues, presidente da Associação Sindical dos Profissionais da Polícia (ASPP/ /PSP). “Fomos ouvidos sobre este plano quando era ministro. E o que defendemos então continua a ser válido. A reorganização tinha de garantir duas coisas: que se encerravam esquadras que estivessem demasiado próximas entre si mas também que sempre que se pensasse em fechar uma esquadra teria de ser ouvida a população.” Paulo Rodrigues não viu até agora esse envolvimento das comunida-

RESISTÊNCIA

Carnide vai “lutar até ao fim” › O presidente da Junta de Freguesia de Carnide, Fábio de Sousa (CDU), afirmou ao DN que se o governo avançar com o plano “está a retroceder”. “Em Carnide temos resistido muitíssimo. Venderam-nos a ideia de uma megaesquadra na zona empresarial da freguesia mas somos a favor do serviço público de qualidade e do policiamento de proximidade.” E sublinha que a freguesia “tem o maior bairro municipal da Península Ibérica, o Padre Cruz, cuja esquadra abriu ainda antes de vir a população, há 20 anos”. Por isso avisa: “Vamos lutar até ao fim.”

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› câmaras de videovigilância Estão instaladas no Bairro Alto e têm ajudado a PSP na prevenção do crime. Polícia também quer na Baixa.

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› bairros de risco na Grande Lisboa A polícia classificou-os assim em 2009. Estão localizados nos concelhos de Lisboa, Amadora e Loures.

des. “O anterior ministro Miguel Macedo retomou o plano e foi-nos perguntada a opinião. Voltámos a dizer o mesmo, acrescentando que se se fecham esquadras é preciso ter, em alternativa, mais viaturas para patrulhamento, mais visibilidade nas ruas e mais meios logísticos.” A atual ministra ainda não perguntou a opinião da ASPP e de outros sindicatos sobre o plano. Mário Andrade, presidente do Sindicato dos Profissionais de Polícia (SPP/PSP), entende que “o encerramento de esquadras é preferível do que não ter efetivo para elas. Assim libertamos agentes para os serviços operacionais”. E dá o exemplo da freguesia de Carnide que “tem três esquadras que distam um quilómetro entre si. Não faz sentido”. Mas depois, sublinha, “é preciso compensar com mais meios, nomeadamente carros-patrulha”. Fonte da hierarquia que acompanhou o plano desde o seu início assegura ao DN que os entraves continuam a ser os mesmos: a resistência de alguns presidentes de juntas de freguesia ao fecho de algumas destas subunidades da PSP. É o caso do autarca de Carnide (ver caixa), que não aceita o encerramento das esquadras nos bairros Horta Nova e Padre Cruz, mas também do presidente da junta de Alcântara, que rejeita o fecho do posto policial da Quinta do Cabrinha (bairro que realojou os habitantes do degradado Casal Ventoso). Este autarca não esteve contactável.

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SOCIEDADE

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Com um clique, Hospital de São José gere vagas na urgência e internamentos Tecnologia. Aplicação do Lápis permite ver as camas livres, dar notas de alta e fazer inscrições dos doentes através do computador e com baixos custos. Ganhou uma menção honrosa ANA MAIA

Imagine um funcionário no balcão de entrada da urgência do Hospital de São José, em Lisboa. Está sozinho e toca o telefone. É alguém que quer saber de um doente. Ao mesmo tempo uma pessoa quer registar a entrada, outra pergunta pelo familiar que está na urgência e surgem pelo meio um pedido de alta e outro de transferência para um internamento. Foi devido a este cenário que quatro profissionais – Teresa Pêgo, administradora de urgência geral, Maria José Silva, coordenadora administrativa da urgência polivalente, António Lourenço, diretor de gestão do sistema informático, e Ivo Firmino, técnico de informática – criaram uma app que permite ver as camas livres no internamento, dar notas de alta e fazer inscrições dos doentes

através do computador e com baixos custos. A Aplicação do Lápis permite dar resposta na maioria dos casos em 15 minutos. Teve direito a uma menção honrosa na 3.ª edição do Healthcare Excellence (atribuído pela Associação Portuguesa de Administradores Hospitalares) e já despertou o interesse de outros hospitais. “A necessidade aguça o engenho”, diz ao DN Teresa Pêgo. Do Centro Hospitalar Lisboa Central (CHLC) fazem parte seis hospitais: São José, Santa Marta, Capuchos, Curry Cabral, D. Estefânia e Maternidade Alfredo da Costa. Esta é uma das características que tornam o centro hospitalar tão complexo, sobretudo nos dias úteis a partir das 16.00, fins de semana e feriados, quando o administrativo da urgência está sozinho. Teresa Pêgo exemplifica: “O administrativo recebe um pedido de transferência de um doente da urgência para

Durante a experiência, 72% dos pedidos foram concretizados em 15 minutos TERESA PÊGO ADMINISTRADORA DE URGÊNCIA GERAL

o internamento. Estava sempre dependente de o enfermeiro-chefe do serviço atender o telefone. Nem sempre a ligação estava disponível, se não houvesse vaga tinha de ligar para outro serviço. Tudo isto cria constrangimentos e o tempo entre a comunicação e a concretização podia demorar.” A Aplicação do Lápis “é muito simples” e comunica diretamente com o sistema de gestão do hospital (SONHO), permitindo uma visualização online das vagas em todos os serviços dos seis polos. “Por exemplo, um doente tem ordem de internamento em urologia. O profissional seleciona um polo, São José, e clica na aplicação. Consegue ver a taxa de ocupação daquele momento, os quartos, as camas ocupadas e as vagas, se há macas no serviço, o fluxo de doentes, se é possível converter camas de homens em camas de mulheres e vice-versa”, explica, garan-

tindo que “não há risco de divulgação de dados confidenciais porque não há acesso a dados clínicos”. O acesso é feito através de password. Além de permitir fazer o pedido, que segue por e-mail automaticamente para todos os administrativos afetos à urgência, é possível saber em que fase está, quanto tempo demorou a ser resolvido e avisa os enfermeiros responsáveis pelos serviços quando um doente é encaminhado. “Em 27 meses de experiência, 72% dos pedidos que foram feitos através da aplicação foram concretizados até 15 minutos. Não se sobrepõe à comunicação dos serviços, mas clarifica a realidade e responsabiliza as pessoas. Reduziu o tempo de resposta, os conflitos, rentabilizou recursos humanos, permitindo que cada um tenha mais tempo para o que é importante: prestar melhores e mais rápidos cuidados de saúde.” Durante esse tempo a aplicação tem sido alargada a vários serviços e às urgências pediátricas e obstetrícias. Mas ainda há muito por onde crescer, à medida em que for usada em mais serviços. “Foi muito bom ter o reconhecimento do trabalho de equipa. Já temos algumas instituições que mostraram interesse em ter a aplicação”, revela Teresa Pêgo, adiantando que a aplicação tem baixo custo: a estimativa anual ronda os 2300 euros. PUB

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SOCIEDADE

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Dezenas de casas no Monte Clérigo são para demolir. Donos querem explicações Ambiente. Está em consulta pública a proposta de Programa para a Orla Costeira entre Odeceixe e Vilamoura que reduz para quase metade as habitações da praia. Moradores dizem que está tudo legal e querem travar a medida

Na praia de Monte Clérigo o mar continua a bater nas rochas, como sempre, desenhando ao vivo um postal ilustrado único na costa vicentina. Mas é uma espuma de angústia que salpica os habitantes da aldeia, por estes dias. Aquele é um dos tesouros mais bem guardados do concelho de Aljezur: uma zona com cerca de cem casas, tem 35 ameaçadas de demolição pela Agência Portuguesa do Ambiente, a coberto do Programa para a Orla Costeira (POC), entre Odeceixe e Vilamoura. Não são barracas construídas ilegalmente sobre a areia, nem tão-pouco comparáveis às construções na margem da ria Formosa, ali edificadas depois de Abril de 1974. “São casas que pagam IMI, com água e luz elétrica, muitas delas começaram a ser construídas em pedra, quase há cem anos”, conta ao DN José Alberto Lucas, um dos proprietários que viu a casa marcada no plano traçado pela Agência Portuguesa do Ambiente, o tal POC, que está em discussão pública até amanhã. Natural de Aljezur, comprou há muitos anos uma dessas casas no

Monte Clérigo, datada de 1966. “Sou a única pessoa que tem escritura do terreno. Comprei-a já feita. Se estivesse ilegal não podia celebrar uma escritura pública. Tinha autorização de construção por parte da câmara e projeto aprovado”, contou ao DN o empresário, que mora em Lisboa há muitos anos, mas mantém ligações a Aljezur e àquele aglomerado de casas. Desde o dia 14 de junho a vida de José Alberto Lucas nunca mais foi a mesma, quando um amigo lhe telefonou a perguntar se já sabia do POC. É que a casa dele e as de mais três dezenas de proprietários, moradores, centenas de amigos daquela praia que faz parte do tradicional Barlavento Algarvio, estavam marcadas para ser demolidas. Muitos deles juntaram-se para constituir a Associação da Praia do Monte Clérigo, onde Lucas é tesoureiro. Inconformado, está disposto a lutar não apenas pela sua casa como por toda aquela população. “Começo a não entender muito bem o país onde vivo. Pensava que devia ser protegido pela própria Constituição. Não pode chegar ali alguém, só porque sim, ou porque existe qualquer coisa que não sabemos o que é, ou que há algum plano para ali, e dizer a quem lá mora

Ministério tem de intervir, pede câmara

‘toma lá uns milhares e vai-te embora’. As casas têm o seu valor nas finanças, mas não tem preço alguém ter uma casa ali. Não há parâmetros de comparação. É um sítio único.”

› “É uma ingerência e uma deslealdade institucional grande.” O presidente da Câmara de Aljezur, José Amarelinho, referiu-se assim à proposta da Associação Portuguesa do Ambiente que está em discussão pública. O autarca, eleito pelo PS, falou ao DN na sexta-feira, após um encontro com o ministro do Ambiente e o secretário de Estado, em Vagos, à margem de um evento em que participava. “Foi uma surpresa. Andávamos a trabalhar com a Região Hidrográfica do Algarve uma proposta, em sede de concertação, e eis quando me aparece esta [a proposta], em discussão pública, que nada tem que ver com o previsto”, afirmou, esperançado na intervenção direta do governo. Já a APA remeteu para os próximos dias a resposta às questões do DN.

Com que argumento? No blogue https://praiadomonteclerigo.wordpress.com/, Nuno Barros faz uma descrição completa do que está em causa, remetendo os visitantes para a consulta pública. É este biólogo que preside à associação que tem por base defender o Monte Clérigo “das discrepâncias factuais que o POC-OV prevê. Esta será a única intervenção em larga escala ao longo de todo o Barlavento Algarvio. Porquê?” A pergunta está sem resposta desde há um mês, quando o grupo de moradores tentou pela primeira vez chegar à fala com a Agência Portuguesa do Ambiente – Administração da Região Hidrográfica do Algarve. “Até hoje não conseguimos que nos recebessem. Tudo o que temos é o apoio da Câmara de Aljezur, que se tem mostrado empenhada. A verdade é que, quando terminar a consulta pública, isto entra na fase política”, acredita Nuno Barros, certo de que “só aí será possível (ou não) travar esta incongruência”, tal como afirmou ao DN. José Alberto Lucas

APELO

concorda com o presidente da associação. “Acho que temos obrigação de pôr em causa este programa. Não existem critérios definidos para a escolha da casa A ou da casa B. Pior: não existe um argumento claro. Há casas que estão no domínio público marítimo e que não estão marcadas, outras fora desse domínio estão marcadas. Há casas legalizadas que estão marcadas e outras construídas clandestinamente não estão. Alguém nos explique como é que do total de demolições previstas para todo o Algarve, 80% seja na praia de Monte Clérigo.” Essa é apenas uma das muitas dúvidas que assolam moradores e proprietários daquele aglomerado urbano do concelho de Aljezur. Mas há outras. “A plataforma digital onde as pessoas podem fazer a sua reclamação é de grande dificuldade. Imagine as dificuldades de uma pessoa de 80 anos, como a senhora que mora lá o ano inteiro, e cuja casa está marcada para demolição”, aponta José Alberto Lucas. De permeio, não lhe sai da cabeça um anúncio que viu, publicado já neste ano, em que aparece à venda “uma herdade, por dez milhões de euros, suportado por um projeto megalómano, recusado há anos pela Câmara de Aljezur”, para a zona.

Alemão é o mais rápido a resolver cubo de Rubik

REUTERS/DAVID W CERNY

PAULA SOFIA LUZ

CAMPEÃO O alemão Phillip Weyer resolveu o cubo de Rubik em 7.88 segundos e tornou-se o europeu mais rápido a terminar o puzzle, na competição que decorreu neste fim de semana em Praga (República Checa). Na realidade, Weyer foi o segundo mais rápido na prova, mas como o vencedor foi o australiano Feliks Zerndegs (o atual campeão do mundo fez 7.07 segundos), o germânico assegurou o título europeu. Segundo a agência Reuters participaram na competição 500 jogadores. Este foi o 7º Campeonato Europeu do Cubo de Rubik e estava dividido em 18 categorias. O cubo mágico, como também é conhecido, é um quebra-cabeças tridimensional inventado pelo húngaro Erno Rubik em 1974.

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SOCIEDADE

Uma molha por um mundo sem machismo ESPANHA A zona madrilena de

REUTERS/JAVIER BARBANCHO

Puente de Vallecas realizou ontem a sua Batalha Naval anual, durante o Festival Virgen del Carmen, desta vez na luta por um mundo sem machismo. A ideia da organização foi criticar a violência de género, tendo também marcado presença na rede social Twitter com a hashtag #Nosqueremosvivas. Esta iniciativa ganha ainda mais relevo porque Espanha é um dos países da Europa onde existem mais casos de violência doméstica. Os mais de 13 mil participantes pegaram nos baldes e molharam-se uns aos outros por uma causa justa, numa batalha naval que é tradição desde o ano 2000. Mas nem só de água, que muito jeito deu devido às elevadas temperaturas, se fez a luta. Às 13.30, na Plaza de Puerto Rubio, uma gigantesca paelha foi servida a 600 pessoas.

Toneladas de frutos e legumes vão para o lixo porque são feios Alimentação. Agricultores portugueses dizem que quase 30% da produção anual não chega a ser comercializada porque apresenta defeitos na cor, no formato ou no tamanho JOANA CAPUCHO

O “culto da perfeição” está a fazer que os americanos deitem para o lixo quase tanta comida como a que consomem. Por apresentarem pequenos defeitos ou escaparem aos padrões definidos, muitas toneladas de alimentos não chegam aos supermercados e, em muitos casos, ficam a apodrecer nos campos. Por cá, é estimado que os portugueses desperdicem um milhão de toneladas de alimentos por ano, o equivalente a 17% do que é produzido. Tal como nos EUA, muitas toneladas de vegetais e fruta são descartadas por não serem “perfeitos”. Uma grande quantidade de produtos frescos produzidos nos EUA é deixada a apodrecer nos campos, usada para alimentar gado ou depositada nos aterros, devido a padrões de beleza “irrealistas e inflexíveis.” A informação é avançada pelo jornal The Guardian, que entrevistou agricultores, distribuidores e outras pessoas ligadas ao setor alimentar.

De acordo com as estatísticas oficiais do governo norte-americano, cerca de 60 milhões de toneladas de alimentos são desperdiçadas anualmente, o que corresponde a um terço da produção. Mas o novo estudo aponta para uma realidade mais dramática: metade do que é produzido não chega aos consumidores. Isto não só aumenta a fome e a pobreza, como tem graves consequências ambientais. Em Portugal, é estimado que um milhão de toneladas de alimentos seja deitado para o lixo anualmente. “Seguramente, entre 20 e 30% do que é produzido pelos agricultores não é comercializado”, adiantou ao DN João Dinis, dirigente da Confederação Nacional de Agricultores. Em causa estão pequenos defeitos na cor, no calibre ou no formato. “As pessoas têm de se desfazer delesa: ou dão ao gado ou vão para o lixo”, explicou o agricultor. Mas, se não houver escoamento, há quem prefira não colher, para não ter mais custos. “Há situações em que o agricultor fica a chorar a olhar para o que não consegue escoar”, explicou.

Apesar de não atingir os padrões de consumo, João Dinis ressalva que “há muita produção nacional que, não tendo a calibragem exigida, é de grande qualidade alimentar”. E o custo da produção recai sobre tudo o que é produzido, pelo que há um grande prejuízo para os agricultores. Ao DN, Isabel Jonet, presidente do Banco Alimentar contra a Fome, explica que “na agricultura, não se pode falar em desperdício, uma vez que, quando fica no solo, há reposição de matéria orgânica e, noutros casos, a produção é usada para alimentar os animais”. Só quando vão para aterros é que a fruta e os legumes são considerados desperdício. “Se não forem, será excedente.” Não se sabe que percentagem de produção é deixada nos campos, mas Isabel Jonet lembra que “há muitos incentivos para a doação de hortofrutícolas. Os agricultores são pagos para não destruírem o excedente e o doarem aos bancos alimentares”. Anualmente, o Banco Alimentar distribui cerca de 30 mil toneladas de alimentos. “75% são excedentes

alimentares, que seriam destruídos, com impacto ambiental e custos associados”, adianta. Para combater o problema, os americanos estão a criar serviços de venda de produtos que fogem aos padrões de beleza, à semelhança do que acontece em Portu-

DADOS

89

› milhões de toneladas Na União Europeia, o desperdício de alimentos chega aos 89 milhões de toneladas/ano. A Comissão Europeia recomendou redução para metade.

1,3

› mil milhões de toneladas Os países industrializados desperdiçam 1,3 mil milhões de toneladas de alimentos por ano, o que daria para alimentar 925 milhões de pessoas.

gal com o projeto Fruta Feia, que desde 2013 evitou que 300 toneladas de fruta e legumes fossem descartados. Joana Baptista, membro da cooperativa, explicou ao DN que compram aos agricultores “produtos que têm um defeito estético – problemas na forma, cor, tamanho – mas que têm a mesma qualidade”, para serem colocados em cestas e vendidos nos pontos de distribuição. As mais pequenas (três a quatro quilos) custam 3,5 euros e têm sete variedades de produtos, as maiores (seis a oito quilos) têm oito variedades e custam sete euros. “Os olhos também comem e a estética é apelativa, mas as pessoas que consomem Fruta Feia ligam à qualidade e não à aparência”, diz Joana Batista, acrescentando que o movimento trabalha para “inverter a tendência” do culto da perfeição. Nos últimos anos, várias organizações mostraram-se empenhadas em reduzir a quantidade de alimentos que vai para o lixo ao longo de toda a cadeia. Ana Isabel Morais, diretora-geral da Associação Portuguesa de Empresas de Distribuição, diz que “há muito que o setor desenvolveu políticas, ações e parcerias para encaminhar para reutilização o que pode resultar em desperdício”. Entre outras medidas, procura fazer “uma gestão mais eficiente de stocks, embalagens adequadas ao perfil do consumidor, transformação de excedentes, formação de colaboradores”. Em Portugal, a Assembleia da República declarou 2016 como Ano Nacional de Combate ao Desperdício Alimentar, tendo sido lançadas várias recomendações nesse sentido.

SERVIÇOS

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SORTE

PREVISÃO DO TEMPO

Joker de 17 de julho de 2016 O número saído no sorteio nº 29/16, ontem, é: 6948536 Euromilhões Sorteio de 15 de julho de 2016 2-11-13-14-21 1º prémio 0 2º 10 (0 em Portugal) 3º 18 (1 em Portugal) 4º 83 (5 em Portugal) 5º 1372 (235 em Portugal) 6º 2 825 7º 2 753 8º 36 350 9º 55 624 10º 114 885 11º 171 840 12º 701 192 13º 1 458 141

Sorteio 57/16 Estrelas: 1-8 (b) 133 037,29 € 24 636,53 € 2 671,43 € 141,40 € 68,67 € 50,33 € 17,53 € 10,96 € 8,92 € 10,48 € 6,95 € 3,42 €

Totoloto Sorteio de 16 de julho de 2016 Sorteio 57/16 4-13-23-28-46 Número da sorte: 8 1º prémio 0 (a) 2º 0 (b) 3º 176 284,04€ 4º 6 784 4,09 € 5º 91 747 1,81 € Nº sorte 117 272 Reembolso da aposta (a) Previsão 1º prémio com jackpot 2 600 000,00 € (b) Nos termos do Regulamento, o montante do 2º prémio acumulou com o montante do 3º prémio

FARMÁCIAS

150

Viana do Castelo

Bragança

170 360

110 300

Portugal continental Madeira e Açores

Vila Real

150 320

Porto

15

20 28

AÇORES

Penhas Douradas

Ponta Delgada 0

140 300

22 25

220

Coimbra

170 350 Castelo Branco

Leiria 150 340

200 320 Portalegre

160

230 360 Lisboa

220 320 Setúbal

Évora

190 360

MADEIRA

190 350 Beja

230 Joker Sorteio de 10 de julho de 2016 5260200 1º prémio 1 2º 0 3º 7 4º 56 5º 577 6º 5 406 Totobola Concurso de 10 de julho de 2016 2111XX1X2111X Super 14. Palmeiras - Santos Super 14 2 1º prémio 9 2º 299 3º 2 537

200 270

1 552 269,20 € 50 000,00 € 5 000,00 € 500,00 € 50,00 € 5,00 €

Sorteio 28/16 M: 1 59 229,61 € 1 664,22 € 41,74 € 4,91€

Lotaria Clássica Extração de 11 de julho de 2016 28ª – Dia Mundial da População 1º prémio 32110 60 000,00 € 2º 45189 6 000,00 € 3º 13312 3 000,00 € Sequências de quatro algarismos: 1153 - 5777 - 2753 - 4683 - 2748 - 7089 - 2132 - 6201 7263 - 5696 - 6348 - 6579 - 2975 - 3765 - 9280 6686 - 1994 - 1864 - 7878 - 2940 Sequências de três algarismos: 151 - 606 - 832 - 099 - 408 Lotaria Popular Extração de 14 de julho de 2016 28ª – Lontra-Europeia 1º prémio 89912 5 000,00 € 2º 79530 2 000,00€ 3º 50269 1 500,00 € 4º 99238 1 000,00 € Série sorteada: 1.ª Sequências de 2 algarismos sorteadas: 33-20

180 340

Funchal

Sorteio 28/16

Totobola Extra Concurso de 22 de junho de 2016 Sorteio 24/16 X1X11X2X21222 Super 14. Hungria - Portugal M:M Super 14 0 (a) 1º prémio 0 (b) 2º 0 (c) 3º 2 5 103,30 € (a) Previsão do acumulado para Super 14 22 940,16 € (b) Nos termos do Regulamento, o montante do Super 14 e do 1º prémio acresce ao Super 14 do segundo concurso subsequente, no valor de 12 733,55 euros. (c) Nos termos do Regulamento o montante do 2º Prémio acumulou com o montante do 3º Prémio.

Estas informações não dispensam a consulta da lista oficial

27

190

Sagres

Faro

180 290

210

Sol 06.28

OCASO

20.58

Leixões

Marés

Lua NASCER

210 290

Quarto crescente (lua cheia amanhã)

Lisboa

Faro

BAIXA-MAR

08.43 21.09 08.46 21.13 08.08 20.3

PREIA-MAR

02.39 14.56 02.57 15.17 02.15 14.3

CÉU LIMPO

NUBLADO

AGUACEIROS

TROVOADA

NEVOEIRO

POUCO NUBLADO

MUITO NUBLADO

CHUVA

NEVE

TEMP. DA ÁGUA

6ª-FEIRA

SÁBADO

4ª-FEIRA

AMANHÃ Porto

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Porto

Porto

Porto

Porto

Lisboa

Lisboa

Lisboa

Lisboa

Lisboa

Faro

Faro

Faro

Faro

Faro

Europa Oslo

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120 230

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Copenhaga Amesterdão

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120 240 Berlim

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Varsóvia

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Londres

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180 290

120 200 Belgrado

150 250 Roma Madrid

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200 330

Atenas

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✣ LISBOA ALVALADE GASPARINHO R. Dr. Gama Barros, 54-A CAMPOLIDE CENTRAL DE CAMPOLIDE R. General Taborda, 17 GRAÇA BRANQUINHO R. Sapadores, 87 LAPA MARTINS Calçada da Estrela, 167 LUMIAR QUEJAS R. Prof. Francisco Gentil, 36-A SANTOS-OVELHO S A E SILVA FILHOS R. São João da Mata, 72-74 SÃO JOÃO DE DEUS LUSITANA Av. de Roma, 18-A ✣ ARREDORES DE LISBOA AGUALVA-CACÉM RICO Av. Infante D. Henrique, 14 - R/C Esq. ALCABIDECHE OSTENDE R. Espinho, 1-B ALFORNELOS CORREIA Av. Ruy Luís Gomes, 5-B ALGÉS DIAS & SARAIVA R. Major Afonso Pala, 19 ALGUEIRÃO-MEM MARTINS CLARO RUSSO R. Abade Faria, 2-A ALVERCA DO RIBATEJO NOVA ALVERCA R. José António Veríssimo da Silva, 3 CARREGADO VARELA R. D. Pedro V, 60, Loja 1 CASCAIS DO ROSÁRIO Av. Nossa Senhora do Rosário, 1212 ERICEIRA COSTA MAXIMIANO Estrada Nacional 116, N.º 90 MASSAMÁ PINTO LEAL Av. 25 de Abril, N.º 60 - Shopping Center de Massamá, Lj. 98 ODIVELAS DO VALE R. Principal RAMADA AZEVEDO IRMÃO & VEIGA Av. Liberdade, 23 A SÃO JOÃO DA TALHA SÃO JOÃO R. António Henriques Bairro São Vicente, Lote 35 VENTEIRA HELÉNICA R. Elias Garcia, 372 C VIALONGA AZEVEDO R. José António Veríssimo da Silva, 13 R/C Dto. VILA FRANCA DE XIRA MODERNA R. Alves Redol, 75-C ✣ ALENTEJO BEJA J. DELGADO R. 1.º Dezembro ELVAS ROSADO E SILVA R. Cadeia, 28 ÉVORA BRANCO R. Dr. António José de Almeida, 9 MONTEMOR-ONOVO DA MISERICÓRDIA Largo General Humberto Delgado, 12 PONTE DE SOR VARELA DIAS Largo 25 de Abril PORTALEGRE ESTEVES ABREU R. do Comércio, 75 VENDAS NOVAS NOVA Av. General Craveiro Lopes, 25-A ✣ CASTELO BRANCO CASTELO BRANCO MORGADO DUARTE Av. General Humberto Delgado, 55 COVILHÃ SANT ANA Alameda Pero da Covilhã Cc Covilhã Shopping, Lj. 1

✣ COIMBRA ARGANIL MODERNA R. Oliveira Matos, 17-23 COIMBRA BARROS R. Cruz Nova, Lte. 7, Lj. 2 - Urb. Coimbreiras · UNIVERSAL Praça 8 de Maio, 31-35 FIGUEIRA DA FOZ GARCIA Praça Luís de Camões, 11 ✣ ALGARVE ALBUFEIRA SANTOS PINTO Urb. Quinta da Bela Vista, Lt.E,Lj.4-5 LAGOS A LACOBRIGENSE R. Prof. Joaquim Alberto Taquim, 8 LOULÉ PINTO R. 25 de Abril, 2 PORTIMÃO AMPARO Quinta do Amparo, Lote- 30 VILA REAL DE SANTO ANTÓNIO CARRILHO Praça Marquês de Pombal, 1 ✣ LEIRIA ALCOBAÇA CAMPEÃO R. Alexandre Herculano, 4 CALDAS DA RAINHA ROSA Av. 1 de Maio, 12-A PENICHE HIGIÉNICA R. António da Conceição Bento, 21-B POMBAL VILHENA R. do Louriçal, 1 ✣ SANTARÉM ABRANTES MOTA FERRAZ Largo Mota Ferraz, 7 SANTARÉM FRANCISCO VIEGAS SUCRS. R. Pedro Santarém, 2-A TOMAR DIAS COSTA R. Coronel Garcês Teixeira Lote 9, 13 R/C TORRES NOVAS PEREIRA MARTINS R. José Augusto Torres, N.º 129 - R/C Dto. ✣ SETÚBAL ALCÁCER DO SAL ALCACERENSE R. Marquês de Pombal, 35 ALMADA CRISTO REI Av. Cristo Rei, 29-A · VAZ CARMONA R. Vale de Flores, 105 B, Lj. 3 BARREIRO MARQUES CAVACO Urbanização Cidade Sol, Lte. 35 MOITA NOVA FÁTIMA Estrada Nacional 11, N.º 244A SANTIAGO DO CACÉM CORTE REAL R. Dr. Manuel António Costa, 16 SEIXAL FONSECA Pat Artes Estr Foros Amora, N34 Lj C8 SETÚBAL LEÃO SOROMENHO Praça Machado Santos, 24 · NOVA R. Dr. António Manuel Gamito, 25 A ✣ PORTO CAMPANHÃ DE CAMPANHÃ R. Estação, 100104 MASSARELOS CAMPO ALEGRE R. do Campo Alegre, N.º 676 R/C ✣ ARREDORES DO PORTO GONDOMAR CENTRAL R. Dr. J. Manuel Costa, 927 MAIA DE SILVA ESCURA R. Central de Frejufe, 92 MARCO DE CANAVESES NOVA Edifício Via Marco - Av. F. C. Porto, 76 MATOSINHOS MATOSINHOS SUL R. Sousa Aroso, 120 PAÇOS DE FERREIRA MODERNA Av. 1º

de Dezembro, 128 PAREDES CENTRAL DE REBORDOSA Av. Engenheiro Adelino Amaro da Costa, 24 · LUSA Av. Dr. Francisco Sá Carneiro, Fr Ad, 287 PENAFIEL REGINA Entre-Os-Rios PÓVOA DE VARZIM A-VERO-MAR R. Gomes Amorim, 2394 SANTO TIRSO CENTRAL Largo Coronel Batista Coelho, 33 VALONGO DA TRAVAGEM R. Elias Garcia, 1245 VILA DO CONDE SANTOS Av. Dr. Carlos Pinto Ferreira, 146 VILA NOVA DE GAIA ALIANÇA R. do Padrão, 294 · CENTRAL R. Professor Amadeu Santos · SERRA DO PILAR R. 14 de Outubro, 298 ✣ AVEIRO AVEIRO HIGIENE R. José Luciano de Castro, 162 OLIVEIRA DE AZEMÉIS GOMES DA COSTA R. António Alegria, 222 OVAR CARMINDO LAMY R. Elias Garcia, 28 SÃO JOÃO DA MADEIRA DA PRAÇA R. Alão de Morais, 78 ✣ BRAGA BARCELOS MODERNA Largo da Porta Nova, 27 BRAGA INSTITUTO GALÉNICO PORTUGUÊS R. Prof Dr. Carlos Lloyd Braga, 18 · SÃO JOÃO Av. da Liberdade, 143 FAFE ALBARELOS R. José Ribeiro Vieira de Castro, 368 GUIMARÃES FERREIRA DAS NEVES Av. D. João Iv, R/C - Pátio - Lj. N.º 9 / 612 / J VILA NOVA DE FAMALICÃO DO CALENDÁRIO R. da Liberdade, 94 VILA VERDE FÁTIMA MARQUES R. Bombeiros, 50 e 52 ✣ BRAGANÇA BRAGANÇA VALE D'ÁLVARO Edf. Trialto, Lote D - Loja 1-7 MACEDO DE CAVALEIROS CENTRAL Praça Agostinho Valente MIRANDELA MASCARENHAS R. Olímpio Cabral, 2 ✣ GUARDA GUARDA CENTRAL R. Alves Roçadas, 1 ✣ VIANA DO CASTELO PONTE DE LIMA DA VILA Av. António Feijó, Edif. António Feijó, Loja M VIANA DO CASTELO NELSINA Praça da República, 3-5 ✣ VILA REAL CHAVES MARTINS Portas do Anjo VILA REAL MONTEZELOS R. Montezelos, 39 ✣ VISEU LAMEGO SANTOS MONTEIRO Praça do Comércio, 93-97 TONDELA TOMÁS RIBEIRO R. José Bernardo da Silva, 1

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MUNDO

Segunda-feira _18 de julho de 2016. Diário de Notícias

Trump prepara coroação. Panteras Negras levam armas

Três polícias mortos e três feridos na capital do Louisiana

Convenção. Republicanos reúnem-se até quinta-feira para escolher candidato à Casa Branca.

VIOLÊNCIA Um suspeito que

transportava uma espingarda de assalto foi abatido em Baton Rouge. Obama condenou ato “de cobarde”

REUTERS/MARK KAUZLARICH

Trump, que ontem culpou falta de liderança pela morte de polícias, é o único na corrida

Espelho reflete pessoas envolvidas na preparação da convenção do Partido Republicano, que hoje começa em Cleveland, no Ohio PATRÍCIA VIEGAS

Sob fortes medidas de segurança, para qualquer eventualidade (até mesmo um ataque terrorista), arranca hoje em Cleveland a convenção dos republicanos, na qual será escolhido o candidato do partido às eleições presidenciais de 8 de novembro nos EUA. O multimilionário Donald Trump, de 70 anos, é o único candidato sobrevivente do processo de primárias e deverá ser coroado na quinta-feira, dia em que está previsto o seu discurso. O potencial para o caos nesta convenção é considerável, uma vez que há delegados a apelar a uma rebelião para travar o rumo de Trump à Casa Branca. O magnata, com negócios por todo o mundo em vários setores da economia, parte também para esta convenção em desvantagem em relação à sua rival democrata, a ex-secretária de Estado Hillary Clinton, confirmou ontem uma nova sondagem realizada para a NBC News e o TheWall Street Journal. Hillary Clinton tem 46% das intenções de voto do eleitorado nor-

te-americano a nível nacional, Trump conta com 41%. Os números mantêm-se iguais em relação à sondagem de há um mês, que foi realizada depois de o diretor do FBI, James Comey, ter ilibado a ex-secretária de Estado de Obama no caso dos e-mails confidenciais. O estudo de opinião ontem divulgado foi também realizado antes de Trump escolher Micke Pence, o atual governador do Indiana, como seu candidato a vice-presidente. O multimilionário deixou a sua escolha para a última hora e só a confirmou na sexta-feira à tarde. Em Cleveland, cidade do Ohio com 400 mil habitantes, espera-se que estejam 15 mil jornalistas oriundos de todo o mundo e mais 50 mil pessoas por causa da convenção do Partido Republicano. Estão previstas manifestações, tendo os membros do movimento Panteras Negras anunciado que pretendem ir armados, como forma de autodefesa. Como a lei do estado do Olhio permite que os cidadãos carreguem armas, tanto o presidente da Câmara como o chefe da polícia de Cleveland já admitiram nada

poder fazer para impedir que os Panteras Negras se apresentem armados. Segundo a WBRZ, afiliada da ABC em Baton Rouge, no Louisiana, os Panteras Negras reuniram-se no sábado naquela cidade para protestar contra a violência policial e formar aí um novo subgrupo. Ontem, na mesma cidade, capital do Louisiana, três polícias foram mortos e três ficaram feridos em mais um episódio de tensão racial nos EUA. Numa reação ao sucedido, Trump culpou a liderança do país. “Choramos os polícias mortos em Baton Rouge. Quantos

Trump precia do apoio de 1237 delegados

membros das forças de segurança têm ainda de morrer neste país por causa da falta de liderança neste país? Exigimos lei e ordem”, escreveu o republicano na sua página de Facebook. Mas armas nas mãos dos Panteras Negras não serão o único problema que enfrenta a convenção do Partido Republicano. Depois de deixar para trás 16 candidatos rivais, durante as primárias, Trump poderá ter de enfrentar uma rebelião de delegados antes da coroação, conforme referiram já media dos EUA, como o Washington Post. Kendal Unruh, delegada do Colorado, rosto da rebelião “Never Trump”, perdeu a batalha em que defendia que os delegados votassem de acordo com a sua consciência e não o resultado das primárias, mas mesmo assim insiste que os delegados têm direito de votar como quiserem. Outra opção seria os delegados ausentarem-se durante a primeira votação, na quarta-feira, forçando novas voltas em que poderiam então votar livremente. O melhor é mesmo esperar para ver.

Três polícias morreram e três ficaram ontem feridos na sequência de um tiroteio em Baton Rouge, capital do estado do Louisiana. Alguns dos feridos estão em estado grave, segundo vários media. O presidente Barack Obama lamentou o sucedido: “Não há justificação para a violência. Estes ataques são obra de cobardes que não representam ninguém.” Segundo a CNN, que cita fontes ligadas à investigação, a polícia recebeu um telefonema sobre “uma pessoa que caminhava com uma espingarda de assalto pela autoestrada Airline”. Quando a polícia chegou o suspeito abriu fogo. Foi abatido mas as autoridades procuravam ontem mais dois suspeitos que estariam em fuga. O tiroteio ocorreu às 09.00 locais (15.00 horas em Lisboa) e não foi possível estabelecer, no imediato, quais as motivações dos indivíduos para disparar contra a polícia. O incidente acontece, porém, depois de vários dias de tensão na cidade devido à morte de um homem negro às mãos da polícia, o que gerou protestos em todo o país, incluindo Dallas, no Texas, onde cinco polícias foram assassinados. Alton Sterling, de 37 anos, morreu em Baton Rouge, abatido pela polícia depois de uma denúncia que alertava para um homem negro que empunhava uma arma e fazia ameaças enquanto vendia CD de música na rua. Um dia depois, Philando Castile, também negro, foi morto pela polícia em Falcon Heights, no estado de Minnesota. As mortes, ambas filmadas, provocaram protestos populares e a denúncia de violência policial contra afro-americanos e outras minorias. Estas mortes levaram a manifestações de milhares de pessoas em todo o país em cidades como Nova Iorque, Los Angeles e Chicago, para protestar contra a violência policial sobre negros. Em Dallas, no estado do Texas, cinco polícias foram mortos em serviço quando protegiam os manifestantes. O suspeito, um homem negro de 25 anos, Micah Johnson, disse à polícia que queria matar polícias brancos para vingar os abusos das autoridades.

Segunda-feira _18 de julho de 2016. Diário de Notícias

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300 metros de homenagens e insultos na marginal de Nice

Polícia municipal francesa a cavalo patrulha o Passeio dos Ingleses, em Nice, onde, na noite do 14 de Julho, se deu o ataque do tunisino Bouhlel

Ministro chama franceses para a reserva operacional

REUTERS/ERIC GAILLARD

VÍTIMAS Trânsito condicionado, flores e peluches em memória dos 84 mortos, mas também frases de desdém para com o assassino

Terrorismo. Atacante de Nice enviou SMS e tirou selfie antes de atropelar mortalmente 84 pessoas. Cazeneuve apela à solidariedade dos patriotas. Valls admite mais vítimas inocentes PATRÍCIA VIEGAS

Face à ameaça terrorista volátil e cada vez mais difícil de prever que paira sobre a França, o ministro do Interior, Bernard Cazeneuve, lançou um apelo à população: “Como o presidente da República referiu que a necessidade de coesão nacional deve prevalecer face à ameaça terrorista e como vemos que a solidariedade move os cidadãos, quero pedir a todos os franceses patriotas que queiram juntar-se à reserva operacional que o façam.” O presidente François Hollande anunciara na sexta-feira que esta reserva iria ser utilizada, depois de na véspera um camionista tunisino ter atropelado mortalmente 84 pessoas no Passeio dos Ingleses, na cidade francesa de Nice. O ataque foi reivindicado, no sábado, por fontes ligadas ao Estado Islâmico através da agência noticiosa Amaq (normalmente utilizada pelo grupo terrorista para reclamar as suas ações nos países que ataca). Segundo Cazeneuve, que tem concentrado grande parte das críticas da oposição por causa dos atentados que o país tem vindo a

sofrer desde o início de 2015, a reserva operacional conta atualmente com 12 mil voluntários (nove mil da gendarmerie nacional e mais três mil da polícia). “O objetivo é fazer aumentar a capacidade máxima deste recurso nos próximos dias”, declarou o governante, cuja demissão foi já exigida pela líder da Frente Nacional Marine le Pen. Cazeneuve aproveitou para fazer um balanço do dispositivo de segurança que está atualmente mobilizado em França (onde o estado de emergência que vigora desde novembro foi prolongado durante mais três meses). “Atualmente cem mil polícias, gendarmes e militares encontram-se mobilizados para garantir a segurança dos nossos cidadãos”, disse, sublinhando que a intenção do governo “é reforçar a presença das forças de segurança no conjunto de todo o território nacional”. Entretanto, no Twitter, a gendarmerie nacional explicou quem tem condições para se alistar nesta reserva operacional: pessoas com idades entre os 17 e os 30 anos, com serviço militar cumprido, aptas física e psicologicamente e prontas para preparação militar. O período

de serviço é de 60 dias, máximo, mas pode ir até aos 210 se se tratar “de uma missão de interesse nacional e internacional”. Embora sendo a reserva operacional constituída por voluntários saídos da gendarmerie e do exército que já não se encontram no ativo, o facto é que qualquer civil sem antecedentes criminais pode participar. Ontem surgiram novos dados sobre o autor do ataque de Nice. Mohamed Bouhlel enviou um SMS 15 minutos antes de irromper com um camião frigorífico pelo Passeio dos Ingleses, onde uma multidão assistia ao fogo-de-artifício do feriado 14 de Julho. “Leva mais armas, leva 5 a C.”, lê-se no SMS, citado pelo El País, que falou com fontes da investigação. C será Choukri, um amigo do atacante, que está detido desde sábado. O SMS não foi a

12 000

› é o número de voluntários com que a reserva operacional conta atualmente. A par disso, estão mobilizados em França cem mil polícias, gendarmes e militares.

única coisa que o tunisino, descrito pelos familiares como sendo doente psiquiátrico, enviou. Segundo disse o seu irmão à Reuters, enviou-lhe uma fotografia a rir, já no Passeio dos Ingleses. Sabe-se também agora que Bouhlel ensaiou o ataque na véspera e na antevéspera do mesmo, mostraram as câmaras de videovigilância. Face a tudo isto o primeiro-ministro francês, Manuel Valls, advertiu ontem que o terrorismo passará a fazer parte do dia-a-dia das pessoas durante muito tempo, mostrando-se, apesar de tudo, convencido de que o combate pode ser ganho, mas vai ser longo e provocar vítimas inocentes. “Sejamos claros. A ameaça terrorista é uma questão central, duradoura”, disse Manuel Valls numa entrevista ao Le Journal du Dimanche. “A ameaça muda de forma”, disse o chefe do governo francês, que recordou que as forças da ordem “trabalham dia e noite” para tentar impedir atentados. Valls destacou que esta reivindicação e rápida radicalização do autor “confirma o carácter islamita” do ataque. E fez questão de sublinhar ainda que “o risco zero não existe”.

“Arde no inferno” é a frase inscrita, entre outros duros insultos, em xistos cinzentos colocados sobre uma mancha de alcatrão na avenida marginal de Nice, França, como recado ao homem que na quinta-feira à noite atirou um camião sobre a multidão. Foi identificado como Mohamed Bouhlel, um tunisino de 31 anos que vivia em França e era motorista de pesados. O assassino de, pelo menos, 84 pessoas foi abatido pela polícia e agora é alvo de desprezo. As pedras iguais às que enchem as praias vizinhas foram colocadas lado a lado e transmitem injúrias, como aquelas em que o homem que lança um caule com espinhos no local deve estar a pensar. Naquela mancha isolada no chão não há velas, nem flores, nem peluches, nem bandeiras, nem ajuntamento de pessoas. Há quem passe, leia e siga o seu caminho para então se demorar, um pouco mais à frente, nos memoriais improvisados sobre o alcatrão. Onde repousaram cadáveres na noite do feriado nacional agora há muitos ramos de flores, bandeiras, pequenos brinquedos e palavras, muitas, de lamento e solidariedade, incluindo a frase no dialeto local, a língua niçarda: “Nissa la Bella” (Nice, a Bela), e além de “Je suis Nice” (Eu sou Nice), vários “Je suis le monde” (Eu sou o mundo). Com a circulação de trânsito ainda muito condicionada na zona, o quadro eletrónico utilizado habitualmente para informações de trânsito desta vez apresenta as três palavras que servem de lema à República Francesa: “Liberdade, Igualdade, Fraternidade”. Param por ali turistas de toalha de praia na mão, ciclistas que desmontam das bicicletas, corredores que suspendem o treino, famílias com crianças, quase todos em silêncio ou, em murmúrio, deixam a questão “como é possível” e o comentário “é demasiado triste”. Nas mensagens em papel ou em tecidos brancos nos vários memoriais lê-se a interrogação “porquê as crianças?”, enquanto se notam cada vez mais os peluches e os brinquedos deixados em memória dos dez menores que se contabilizam entre os 84 mortos, número que ainda pode subir. E tudo em aproximadamente 300 metros. PAULA LAGARTO, Nice Enviada da agência Lusa

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MUNDO

Segunda-feira _18 de julho de 2016. Diário de Notícias

Rainha de Gelo chega ao poder 26 anos depois da saída da Dama de Ferro Reino Unido. Uma é filha de um vigário anglicano, outra de um merceeiro e pastor evangélico, ambas estudaram em Oxford e ambas chegaram a primeiras-ministras. O que une e separa Theresa May e Margaret Thatcher SUSANA SALVADOR

Theresa May acena antes de entrar no número 10 de Downing Street para o último Conselho de Ministros de David Cameron. A 4 de maio de 1979, após ser eleita primeira-ministra, Margaret Thatcher entrava na residência oficial

do-se num programa social e prometendo “um país para todos” e “não apenas para uns quantos privilegiados”. Liberais na economia, as duas mulheres são comparadas também por causa da sua determinação. Thatcher combateu de frente os poderosos sindicatos no final dos anos 1970. May também não fugiu das lutas com os representantes dos polícias durante os anos no Ministério do Interior, cortando no orçamento sem inverter o declínio da criminalidade. E também conseguiu o que os antecessores não conseguiram – extraditar o clérigo radical Abu Qatada. May, ao contrário de Thatcher, que sempre recusou esse epíteto, é uma feminista, tendo fundado há 11 anos um movimento dentro do Partido Conservador para levar mais mulheres para o Parlamento. Em 2005, quando fundou o Women2Win, havia 17 deputadas e hoje são 68 (num total de 330 eleitos). Contudo, quando se pensava que pudesse nomear mais mulheres para o governo, a verdade é que em 23 ministros só sete são do sexo

feminino – mesmo assim, representam metade dos chamados “grandes gabinetes de Estado” e nunca uma mulher tinha tido a pasta da Justiça. Um cenário muito diferente do de Thatcher, que só teve uma ministra: a baronesa JanetYoung, líder da Câmara dos Lordes. A verdade é que há semelhanças entre o percurso de ambas. May e, no passado, Thatcher não esqueceram as suas origens relativamente modestas e “próximas do povo”: a primeira como filha de um vigário

anglicano e a segunda de um merceeiro e pastor metodista. As duas estudaram em Oxford, a primeira Geografia e a segunda Química. Na política, foram deputadas durante 20 anos antes de chegar ao poder, tendo primeiro estado no governo: May foi nos últimos seis anos ministra do Interior, Thatcher destacouse na pasta da Educação. Na vida familiar, Thatcher não tinha problemas em abrir as portas da vida privada, enquanto May é mais discreta. A Dama de Ferro

Philip, marido de May, trabalha num fundo de investimento. Não têm filhos

Denis, marido de Thatcher, trabalhou no setor bancário. Tiveram dois filhos

TIM GRAHAM/GETTY IMAGES

Há duas semanas, quando Theresa May era apenas candidata à liderança dos tories e não primeira-ministra britânica, dois ex-ministros conservadores foram apanhados a falar sobre ela, quando pensavam que o microfone da Sky News estava desligado. “A Theresa é uma mulher difícil, mas tu e eu trabalhámos para a Margaret Thatcher”, disse Ken Clarke a Malcolm Rifkind, antes de os dois começarem a rir. Agora que uma segunda mulher, que já foi apelidada de Rainha de Gelo, está no número 10 de Downing Street, seria impensável não fazer comparações com aquela que foi a primeira: a Dama de Ferro (1979-1990). Margaret Thatcher deveu a sua alcunha a um artigo publicado num jornal soviético em 1976, que foi notícia na agência Reuters e se espalhou pela imprensa britânica. Nessa altura, a então líder da oposição ainda estava a formar a sua imagem de dureza, acabando por abraçar o epíteto uma semana depois: “Sim, sou uma dama de ferro.” Já Theresa May foi apelidada de Rainha de Gelo de Westminster pelo antigo vice-primeiro-ministro Nick Clegg . Enquanto Thatcher, que morreu em 2013, se rodeou de apoiantes e deu origem a um novo movimento político, o thatcherismo, May nunca teve muito carisma e sempre procurou afastar-se das redes de influência ou dos clubes de Westminster. “Nunca me comparei à Margaret Thatcher. Acho que só pode haver uma Thatcher. Não sou alguém que procura modelos. Sempre, em qualquer função que estou a desempenhar, procurei dar o meu melhor. Dedico-me inteiramente a isso e tento fazer o melhor trabalho que posso”, disse May ao The Telegraph. Em 2002, a agora primeira-ministra pronunciou um discurso que se tornaria célebre, pedindo ao partido que na altura passava por momentos difíceis depois de perder as eleições de 2001, que renovasse o seu humanismo. “Há muitas coisas que precisamos de fazer neste nosso partido. Vocês sabem como algumas pessoas nos chamam – Nasty Party [partido desagradável, feio]”, disse May, falando de um epíteto que existia desde os anos da Dama de Ferro. Se Thatcher ficou na história como uma conservadora com mão de ferro, May surge como uma figura mais pragmática de centro, apoian-

casou com Denis, que trabalhou no setor bancário, tinha fama de ser um pouco boémio e amante de golfe, e teve dois filhos. Já May casou com Philip, que trabalha para um fundo de investimento, e que conheceu na universidade por intermédio daquela que viria a ser a primeira-ministra do Paquistão, Benazir Bhutto (assassinada em 2007). O casal não pode ter filhos e foi um comentário sobre o facto de, por ser mãe, estar mais bem preparada para assumir a chefia do governo que afastou da corrida a sua adversária à liderança dos tories, Andrea Leadsom. Em relação ao estilo, Thatcher era conhecida por usar sempre pérolas a adornar os seus conservadores fatos de saia e casaco, mas a sua peça característica eram as malas de couro preto. May não hesita em usar decotes, mas a sua imagem de marca são os sapatos. A sua vasta coleção inclui vários com estampa de leopardo, incluindo os que usou para entrar pela primeira vez como chefe de governo no número 10 de Downing Street.

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Metheny e Carter: duas lendas em Amarante MIMO Como num diálogo, frente a

OCTAVIO PASSOS / GLOBAL IMAGENS

frente, os norte-americanos Pat Metheny e Ron Carter abriram o concerto de ontem em Amarante com uma depurada Manhã de Carnaval. O lendário guitarrista, de 51 anos, e o contrabaixista que nos anos 1960 integrou o quinteto do trompetista Miles Davis e em breve fará 80 anos, continuaram depois noite dentro com o clássico do jazz All the Things You Are e uma das mais icónicas canções de Metheny, James. Antes da dupla, no último dia de Mimo, Mário Laginha e Pedro Burmester homenagearam Bernardo Sassetti no seu concerto de piano a quatro mãos, com Sonho dos Outros, do compositor com quem chegaram a tocar em trio. O Parque Ribeirinho estava repleto. Esta foi a primeira edição do Mimo fora do Brasil. O festival, que terminou ontem, é inteiramente gratuito.

“Haverá um Amarantes e um Amardepois” Festival O Mimo, que entre sexta-feira e ontem se estreou fora do Brasil, regressa a Amarante no próximo ano, de 21 a 23 de julho

“Já foi ao Mimo? Afinal o que é aquilo?” pergunta Bruno, vendedor de fruta de Amarante, quando começava o segundo dia do festival que entre sexta-feira e ontem teve a sua estreia em Portugal e fora do Brasil. A meio da tarde do último dia do Mimo não parecia já haver quem não soubesse “o que é aquilo”, talvez pela chuva de poesia que acabara de cair no Largo São Gonçalo, característica inalterada de todas as edições do festival no Brasil. Ou talvez o soubessem devido à música que durante três noites se fez ouvir junto ao rio Tâmega. Música como a que expressa a irreverência do “tropicalista” Tom Zé, o brasileiro que neste ano se tornará octogenário e que na sexta-feira pôs Amarante a cantar clássicos seus como Nave Maria e Xique Xique. E quem ainda assim não desse

OCTÁVIO PASSOS/GLOBALIMAGENS

MARIANA PEREIRA

A chuva de poesia surpreendeu alguns dos 20 mil visitantes

pelo Mimo, haveria de notá-lo pela ocupação de igrejas como a de São Pedro, que ficou repleta para ouvir a guitarra portuguesa de Custódio Castelo, ou a de São Gonçalo, que ontem recebeu a estreia mundial do 2.º concerto para piano e orquestra

Amarante, de António Victorino d’Almeida, tocado pela Orquestra do Norte e dirigido pelo próprio. E se ainda assim não se souber o que é o Mimo, temos o próximo ano. A organização do festival, que nasceu na cidade brasileira de

Olinda, já anunciou as datas de dias, fizeram que a cidade atingis2017: 21, 22 e 23 de julho. À hora do se “taxas de ocupação inéditas” na anúncio, em que foi ainda avança- hotelaria. O Parque Ribeirinho fez-se sala do que 20 mil pessoas terão passado pelo festival nesta primeira edi- de baile, no sábado, durante o conção, nem Mário Laginha e Pedro certo do brasileiro Hamilton de Burmester, num concerto de dois Holanda e o Baile do Almeidinha, pianos ou quatro mãos, nem os ve- que convidaram Silvia Pérez Cruz, teranos americanos Pat Metheny e Miguel Araújo e Mário Lúcio. Este Ron Carter tinham subido ao pal- último, que recentemente voltou a co. Mas sobre Amarante já chovera ser tratado pelo nome e já não por poesia de Teixeira de Pascoaes “ministro”, como aconteceu nos – homem da terra –, Mário Cesa- anos em que dirigiu a Cultura de riny, António Maria Lisboa ou Má- Cabo Verde, haveria de dizer: “Com o Mimo haverá um Amarantes e rio de Sá-Carneiro. “Parecem notas de 500 euros”, um Amardepois, amemo-nos então.” Depois cantaria comentou um senhor Sodade, de Césaria que passava quando Évora, antes de Mias centenas de papéis Vieux Farka Touré guel Araújo cantar coloridos com poeAnda Comigo Ver os mas gravados comepôs a localidade Aviões precedido de çavam a cair. Não o a ouvir blues acordeão, como “um disse por acaso. As do deserto chorinho”, disse o pessoas atropelapróprio. Viria ainda vam-se e empurraSilvia Pérez Cruz, que vam-se, saíam do epicentro da atenção com as mãos cantou Elis Regina e Marisa Monte, cheias de poemas. Há uma senho- antes de Currucucu Paloma, ao ra que não tem tempo a perder, res- lado do bandolim de dez cordas de ponde que é da zona do Porto e Hamilton de Holanda. Horas antes, Vieux Farka Touré, nada mais, reúne algumas crianças, cheias de Cesariny e Pascoaes do Mali, tivera Amarante a ouvir blues do deserto africano. Uma esna mão, e continua a labuta. “Acho que deviam declamar pécie de Timbuktu amplificado e pelo menos um ou outro poema elétrico. No workshop que deu, o fiantes” da chuva, alvitra Joaquim, lho do lendário Ali Farka Touré, já amarantino que ganhou o gosto numa versão acústica, lembrou, a pela poesia ao ouvir João Villaret propósito do concerto bem mais declamá-la. “Estes são poetas mui- alto e elétrico, que no tempo do seu pai os músicos do seu país “ligato introspetivos, não são fáceis...” Luís Costa, arquiteto de São João vam tudo [os instrumentos] ao ráda Pesqueira, apanhou Comuta- dio, o som era maravilhoso; era asdor, de António Maria Lisboa, poe- sim que se fazia no Mali, não havia ta que desconhece. Veio sobretudo amplificadores.” Depois correria a para ver Pat Metheny e Ron Carter, apanhar o avião, era talvez um dos e é um dos muitos que, por estes primeiros a terminar o Mimo.

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Segunda-feira _18 de julho de 2016. Diário de Notícias

O som está melhor e todos repararam

E toda a gente dançou como se não houvesse amanhã

ACÚSTICA Depois de meses

de obras, foi com distinção que o Meo Arena passou no teste de três dias do Super Bock Super Rock

Festival. De La Soul passaram o testemunho a Kendrick Lamar para concerto memorável. Com casa cheia, GNR tocaram para poucos MIGUEL JUDAS e MIGUEL MARUJO

Foi também uma passagem de testemunho, pois sem os De La Soul o que viria a seguir poderia até nunca ter existido. Mas isso são meras conjeturas, porque a verdade é que Kendrick Lamar é apenas o que é. Não é o futuro da música, mas o presente.

Andamos todos distraídos: na era dos youtubes e dos streamings, as estrelas nascem e fazem-se nos ecrãs com que andamos todos os dias – do telemóvel ao tablet – e os meios de comunicação social tradi- Noite memorável cionais nem se dão conta delas. Esqueçam-se os rótulos, as fronteiNão espanta por isso que, no sá- ras estéticas e estilísticas e oiça-se bado à tarde, milhares tenham es- apenas a música. Se com To Pimp a quecido a praia e se deixassem tor- Butterfly, o álbum da consagração, rar ao sol no portão de entrada do de 2015, já havia sido elevado ao recinto do Super Bock Super Rock, Olimpo, assistir hoje a um espetápara poderem celebrar ali no Par- culo do rapper norte-americano é que das Nações, em Lisboa, um também como entrar em território acontecimento maior: o concerto divino. de Kendrick Lamar. Acompanhado de uma banda de Desde cedo se percebeu que virtuosos, que ora oscilava entre as aquela ia ser uma noite especial, sonoridades mais experimentais histórica mesmo, pelas longas filas do free jazz, a doçura da soul ou a que desde o início da tarde de sába- ginga do funk, Kendrick Lamar não do se acumulavam à porta, no úni- fez a coisa por menos e protagonico dia em que a bilheteira esgotou. zou uma das noites mais memoráPoucos esperavam veis da já longa históera o que horas mais ria do Super Rock. tarde viria a acontecer “Look both ways O festival regressa before you cross my no interior do Meo Arena, primeiro com de 13 a 15 de julho mind”, estava escrito os De La Soul, o trio no palco, uma citação de 2017. E talvez nova-iorquino que do mestre George com palco no rio desbravou novos caClinton, o mentor do minhos para o hipP-Funk, cuja frase re-hop com álbuns sume na perfeição o como 3 Feet High and Rising, De La que naquela noite ali se passou, Soul Is Dead ou Stakes Is High, tantos foram os caminhos trilhados quando muita daquela gente que por Kendrick Lamar, muito, muito ali os celebrava ainda nem era nas- para lá do hip-hop. E toda a gente cida. Mas a velha escola de um DJ e cantou e dançou como se não houdois MC ainda dá cartas e joga com vesse amanhã. todos os trunfos na mão. “Este é um mundo estranho, vaPor momentos, o imenso pavi- mos celebrar a vida”, anunciou, lhão mais parecia um pequeno clu- qual messias, que também se cobe, onde todos se miram olhos nos move, ficando longos minutos em olhos em volta das palavras e do silêncio (de lágrimas nos olhos?) a ritmo debitados em palco por fitar a multidão que o aclamava e Posdnuos, Dave e Maseo, que em que, à falta de melhor, entoou o seguida transformam o recinto cântico a Éder, o tal que lixou a selenuma imensa pista de dança, ao ção francesa. “E foi o Éder que os som de clássicos como A Roller Ska- f...”, louvou o público. ting Jam Named ‘Saturdays’, Me, Momentos antes de subir ao palMyself and I ou Feel Good Inc., o co, não foi Éder, mas Renato Santema assinado a meias com os Go- ches que conheceu nos camarins, rillaz – esta sim, uma canção já mais ao que consta a pedido do próprio familiar das novas gerações que artista norte-americano. “That’s quase lotava o Meo Arena. love”, sussurrou para o microfone.

“Este é um mundo estranho, vamos celebrar a vida”, pediu Lamar

E é mesmo. “I love myself”, cantou Kendrick em I e toda aquela gente respondeu em coro, amando-o também a ele, como só acontece com artistas assim. A festa de Psicopátria Minutos antes de o californiano subir ao palco, debaixo da pala do Pavilhão de Portugal, Rui Reininho saudava 2016, depois de uma viagem dos GNR com 30 anos pelo álbum Psicopátria (1986). E “antes de irmos ver os niggers e os motherfuckers”, tomem lá disto. “Bem-vindos a 2016”, anunciou o vocalista. E a banda (um outro trio juntou-se a Reininho, Toli César Machado e Jorge Romão) arrancou para Vídeo Maria, Las Vagas e Cadeira Elétrica provando que GNR quer dizer Grupo Novo Rock. Depois veio aquele mergulho para o rio Douro (na capa do álbum, reproduzida no ecrã para um jogo de imagens que ilustrava cada um dos temas) e um mergulho descarado na pop que fizeram de Psicopátria num êxito dos GNR, que lhes abriu as portas dos estádios e dos rocks dos anos seguintes. Trinta anos depois – e meses após a interpretação integral do disco no Porto – Reininho, Toli e Ro-

mão fizeram da pala uma festa com Efectivamente, Bellevue, Nova Gente ou Pós-Modernos a abrir o seu concerto no Super Bock Super Rock. O público era escassamente obsceno no arranque do concerto, culpa de horários demasiado coincidentes, e o programa do dia, muito marcado pelas linguagens do hip-hop, do r’n’nb e do rap (houve Kelela e Capicua naquele palco, antes dos GNR, enquanto os Orelha Negra ocupavam o Meo Arena) também não apelava a ouvir a ironia musical e lírica de Reininho e companhia. Foi com estas canções que os GNR cresceram e nós com elas. Psicopátria é hoje uma referência para uma geração de músicos que fizeram do pop rock o seu credo e senha. No sábado, os GNR cumpriram a quase totalidade do alinhamento do álbum (faltou To Miss, que surgiria num vídeo em formato de créditos finais do concerto), rematando o álbum com Choque Frontal. “São as distrações que levam ao choque frontal”, cantou Reininho. O próximo Super Bock Super Rock regressa de 13 a 15 de julho de 2017. E talvez com um palco no rio.

Ainda faltavam seis horas para o concerto de Kendrick Lamar, mas as filas da frente do Meo Arena já estavam ocupadas por dezenas de fãs. Tendo em conta a riqueza sonora do espetáculo do rapper californiano, o dia de todas as enchentes no Super Rock era também o da prova dos nove para a nova acústica do Meo Arena, cuja primeira fase dos trabalhos ficou concluída pouco tempo antes do início do festival. Na sexta-feira, com os The National, notaram-se as diferenças, especialmente para aqueles (e eram muitos) que há dois anos aqui tinham estado para assistir à atuação da banda nesta sala, como um som, digamos, sofrível. “A primeira fase dos trabalhos está no fim e os resultados já são audíveis”, comenta Filipa Nascimento, a diretora de marketing do Meo Arena. O objetivo principal da intervenção passava por “diminuir o tempo de reverberação da sala”, ou seja, o tempo que o som vive ou se mantém dentro do pavilhão. O projeto estabelecia para esta primeira fase uma redução em cerca de 30%. O que, segundo Filipa, “foi atingido e em algumas zonas superado”. Para isso ser conseguido foi instalada uma parede absorvente com duas características diferentes: “A camada de cima absorve as altas frequências e a de baixo as baixas, o que interfere diretamente com a redução do tempo de reverberação médio na sala”, explica. Nas paredes laterais do palco foram instalados painéis absorventes de médias e altas frequências, para evitar os batimentos laterais para o palco provocados pelo betão. Em cada uma das cadeiras das bancadas foi ainda colocado um pad absorvente, de forma a simular o público, equivalente a um terço de ocupação da sala. “Isto faz que a diferença entre a sala vazia e cheia seja menor no sound check, outro dos problemas com que os técnicos se depararam durante “os meses de diagnóstico” que antecederam os trabalhos, orçados em “centenas de milhares de euros”. Concluída esta fase, o passo seguinte é identificar, zona a zona, as melhorias a fazer. A conclusão da obra está prevista para o fim do ano. “O facto de cada concerto ter um género musical, bem como diferentes equipamentos e técnicos de som, provocará sempre variações”, avisa Filipa. Mas também esse fator irá ser minimizado, com a elaboração de um “manual do utilizador”. MIGUEL JUDAS

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ENTREVISTA: ANA MARIA GOMES

O tio ausente de Ana deu a vitória em Vila do Conde

Realizadora

Formada em Belas-Artes, em Paris, nasceu em França há 33 anos e é uma artista do audiovisual. É o seu primeiro filme com um orçamento de cinema

“Vou continuar a estar entre o cinema e as artes plásticas”

Curtas. A cineasta luso-francesa Ana Gomes venceu o festival com o belíssimo António, Lindo António. Navad Lapid também foi premiado RUI PEDRO TENDINHA

Momento do anúncio do filme vencedor do festival de Curtas de Vila do Conde, o de Ana Maria Gomes

IVO PEREIRA/GLOBALIMAGENS

Um festival que já não precisa de reinvenções. O Curtas Vila do Conde chegou à sua 24.ª edição com a máquina oleada: uma competição internacional com nomes emergentes do cinema mais experimental, uma competição nacional com uma mistura de géneros e cineastas mais do que prometedores e os cineconcertos, proposta multimédia com um público fiel. Ana Maria Gomes venceu a categoria mais esperada, a Competição Nacional, com António, Lindo António, um documentário sobre a relação da sua avó idosa com um filho ausente no Brasil, o seu tio António. Um crowdpleaser que funciona como um retrato do Portugal profundo (é rodado parcialmente numa aldeia perto de Viseu) e que venceu também o prémio do público. Muito mais do que o já estafado exercício “olhem como eu filmo a minha avozinha castiça”, é um convite para uma dança lúdica entre o real e o imaginado, com direito a uma viagem tão subtil como “avariada” por um Brasil de delírio. Que descoberta! Gabriel Abrantes, um dos habitués do festival, venceu o prémio de realização com A Brief History of Princess X, uma comédia sobre uma escultura de Brancusi e os fait-divers que a mesma provoca. Sem dúvida, um dos seus mais precisos e hilariantes filmes, daqueles que pedem direito a exibição nos circuitos comerciais. O palmarés infelizmente não conseguiu premiar o belo Setembro, de Leonor Noivo, a melhor curta vista neste ano. Uma média-metragem com uma segurança narrativa notável e uma secura que tanto hipnotiza quanto toca. É também um filme em que se descobre um rosto de cinema em estado de graça: Marta Mateus. Na competição internacional, destaque para o Grande Prémio, atribuído ao cineasta israelita Navad Lapid, conhecido do público de O Polícia, longa-metragem que teve estreia comercial em 2012. Dos cineconcertos, há um deles que terá sido o ai-jesus do festival, Legendary Tigerman. O que foi visto na sexta-feira passada no Teatro Municipal de Vila do Conde será mais do que um cineconcerto – How to Become Nothing, falso diário de um homem perdido nas estradas dos desertos americanos, está a ser trabalhado para ser uma longa-metragem.

Projeto a três, How to Become Nothing tem texto, música e conceito de Paulo Furtado, participação e imagem da fotógrafa Rita Lino e realização de Pedro Maia. É literalmente uma viagem com dor poética a uma vertigem niilista que repensa toda a iconografia rock’n’roll americana. Cruza um imaginário de David Lynch como se tivesse sido lapidado por Antonioni. Tudo isto num super8 com um rigor tão furioso como serenamente deslumbrante. Um road-movie que pode não desbravar caminhos estéticos mas que vale sobretudo por uma narração (do próprio Tigerman/Paulo Furtado) magoada e com uma dor de alma com sentido literário (ficamos presos e precipitados com aquelas confissões). Este é um dos mais estimulantes projetos audiovisuais portugueses dos últimos tempos. A América, ao som da eletricidade de Tigerman, pode ser uma alucinação onírica com lindíssimos solavancos sensoriais. How to Become Nothing vai ter uma vida longa, seja numa sala de concertos ou de cinema ou num festival internacional. A cidade do rio Ave foi madrinha de coisa linda.

PALMARÉS GRANDE PRÉMIO › From the Diary of a Wedding Photographer Navid Lapid

MELHOR FILME NACIONAL › António, Lindo António Ana Maria Gomes MELHOR REALIZAÇÃO › A Brief History of Princess X Gabriel Abrantes

PRÉMIO DO PÚBLICO › António, Lindo António Ana Maria Gomes MELHOR FICÇÃO INTERNACIONAL › Limbo Konstantina Kotzmani MELHOR FILME EXPERIMENTAL › Bending to Earth Rosa Barba

No discurso quando recebeu o prémio confessou que estava com medo de mostrar António, Lindo António em Portugal. Que medo era esse? Portugal não é só aquela aldeia e eu não conheço muito este país... Não sabia como as pessoas iriam reagir. Quando era pequena, Portugal era só a aldeia da minha família. Ao atravessar a fronteira via escrito Portugal, mas para mim era uma terra de ninguém. Não é curioso que depois de Cristèle Alves Meira e Ruben Alves surja agora a Ana Maria, outra luso-francesa, a filmar um tema sobre origens portuguesas? Isso quererá dizer que os luso -franceses têm necessidade de filmar algo que os faça compreender as próprias origens? O filme fala disso mas não é bem sobre as minha origens. António, Lindo António é sobre uma mãe que está à espera do filho, um filho que não ficou em Portugal. Mas, se calhar, tenho uma certa distância em relação à minha família portuguesa. Vejo as coisas de uma outra maneira, claro... Vivo em França. O que quis foi revelar personalidades fortes, como a minha avó, alguém muito carismático. Por acaso, aquele lugar, Anta, na serra da Gralheira, tem personagens muito fortes. Por acaso? Quando é que decidiu filmar este documentário? Sempre filmei pessoas muito perto de mim. Nos meus filmes mais experimentais já o tinha feito, primeiro com a minha melhor amiga, depois outro com o meu irmão. A verdade é que estou sempre a filmar. Um dia estava lá na casa da minha avó a filmar e deparei-me com esse tema do meu tio António. Aliás, escapou esse assunto já com barbas. Então, achei mesmo incrível a história da minha avó, que 50 anos depois continuava à espera do filho. Considero muito bonita a maneira como ela demonstra o amor por ele, mesmo quando diz coisas menos boas. Cada vez que o insulta está a dizer o contrário. Mas é forçoso que um luso-francês filme Portugal, sobretudo este Portugal profundo, com um olhar diferente... Não sei dizer isso... Eu tenho uma sensibilidade com a imagem diferente. Comecei a filmar aos 12

A média-metragem de Ana Maria Gomes tem financiamento total francês

anos depois de receber como presente uma câmara muito cara. Foi uma oferta do meu tio Firmino. Pediu-me para filmar a família e ao fim destes anos todos, aparentemente, ainda o estou a fazer. Diria que o meu tio foi uma das pessoas que iniciaram este trabalho. Por outro lado, quando o filme vai para o Brasil sente-se um rasgo com o real. Por completo. O que me interessa quando filmo a realidade é poder explorar os elementos de ficção, enfim, coisas que existem de forma natural no real. A partir do momento em que se filma alguém esse alguém está a representar e já está a mudar. Sabe, gosto muito dessa representação, procuro-a. A ficção aqui veio da pesquisa acerca do meu tio António. As pessoas que falam sobre ele estão mais ligadas a um movimento de ficção, sobretudo por estarem desligadas dele. Depois desta média-metragem que é agora premiada no Curtas de Vila do Conde vai sentir o peso de corresponder àquilo que se espera de um cineasta ou vai continuar a querer ser uma artista plástica que ora faz instalações, dispositivos, filmes experimentais ou documentários para sala? Vou continuar a estar entre o cinema e as artes plásticas. Penso que António, Lindo António tem isso. É um pouco experimental. Não tem, então, aquele desejo de fazer em breve uma longa-metragem para os cinemas? Cada projeto é que guia a forma do meu trabalho. Será sempre projeto a projeto. Ao mesmo tempo que fiz este filme também concluí uma instalação de nove minutos com adolescentes a ensaiar a experiência da morte. R.P.T.

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Vidas no outono valem discos de verão a quatro veteranos

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Discos. Parece uma assembleia magna para

JOÃO GOBERN

É só fazer as contas: as idades somadas de Eric Clapton, Graham Nash, Tom Petty – que não se esconde atrás dos Mudcrutch, que reativou – e Paul Simon totalizam 284 anos. Por agora… Mas se é o agora que interessa, torna-se legítima a suspeita de que todos terão caído no caldeirão onde se acolhe o elixir da eterna juventude. Há quem se mostre em muito boa forma por não precisar de mudar, mas há quem demonstre que a revolução permanente ainda pode ser um caminho. Pelo menos na música. Depois, não se deve ignorar o peso, a força, o alcance deste dado sentimentalão mas irrefutável – quando o relógio abranda a vigilância, quando nos oferecemos outras cadências, quando falamos de férias, sabe muito bem receber novas notícias de velhos amigos. Cá vão elas. Mãozinhas de veludo Há múltiplos exemplos de músicos, aqui olhados sobretudo pela lente que observa os instrumentistas, que sacrifica a essência da música à exibição desnorteada do virtuosismo que possuem. Faça-se justiça a Eric Clapton, que mesmo na fase em que era tratado como um deus nunca deixou que as mãozinhas lhe subissem à cabeça – o que poderia muito bem ter acontecido, uma vez que se trata de um dos quatro ou cinco guitarristas mais importantes da história do rock, tanto no percurso solitário como nas passagens que teve pelos Cream, pelos Yardbirs, pelos Blind Faith, pelos Bluesbreakers de John Mayall ou pelos Derek and the Dominos. Numa carreira discográfica que já dobrou o meio século bem conta-

dinho e seguiu roteiros completamente distintos, nunca se (ou)viu Clapton abusar do dom, o que não significa que, sempre com um equilíbrio pendular, não ponha o privilégio a render. Sobretudo desde que entrou na fase que dispensa grande parte da pressão de outrora e responde em primeiro lugar aos apelos do prazer, algo que tem sido uma constante desde uma trilogia especial: From the Cradle (disco de blues, de 1994), Riding With the King (parceria com B.B. King, de 2000) e Me and Mr. Johnson (em que regravou clássicos de Robert Johnson, considerado um dos pais do blues, de 2004). A tática do divertimento mantém-se em I Still Do. Desde logo, pela diversidade do reportório, com temas originais, com

rápido George Harrison surge no álbum de Eric Clapton através de um pseudónimo utilizado pelo ex-Beatle. O apelo às novas tecnologias não impressiona Paul Simon nem o subjuga. Após tantos sobressaltos e reanimações, Tom Petty faz parte do núcleo de grandes músicos.

FOTOS DR , E AP/ THOM O’KONSKI E PAUL WARNER

mostrar como se faz: Eric Clapton, Paul Simon, Graham Nash e Mudcrutch com Tom Petty

clássicos (mais Johnson, uma de Bob Dylan), com recurso a autores contemporâneos acima de suspeita (dois Paul, o Carrack e o Brady), com renovação dos votos de fidelidade a J.J. Cale (a quem homenageou, com vários outros eleitos, em 2013, com a edição de The Breeze: An Appreciation of J.J. Cale). Não ficam por aí o escudos protetores utilizados: Clapton escolhe para produtor a velha raposa Glyn Johns, um dos magos de estúdio, com quem gravou, por exemplo, Slowhand, há quase 40 anos. Quanto aos instrumentistas, bastará citar os nomes de Andy Fairweather Low, Chris Stainton, Paul Carrack e Henry Spinetti para se perceber como, não abdicando destas “válvulas de segurança”, o cabeça de cartaz foi à procura de um todo que pudesse ir andando, sem pressas nem brechas, seguro mas envolvente, capaz de aflorar tanto o blues mais ortodoxo (Alabama Woman Blues, Stones In My Passway) como os sopros de frescura legados por Cale (Can’t LetYou Do It, Somebody’s Knockin’). O momento mais marcante – e mais adequado à estação – chama-se Catch the Blues e é um daqueles midtempos solares, ideais para fins de tarde com refresco, mas igualmente intemporal. Junta-se um elemento de mistério: em IWill Be There, canção sobre amizades, ausências e reencontros, os créditos registam a presença de um An-

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três formatos: quarteto, trio e duo), depois de ter deixado marca nas Ilhas Britânicas, com os anos dourados dos Hollies. Por sistema, Nash é o menos valorizado dos quatro, embora os seus sublimes parceiros de geniais intermitências garantam que – talvez por vir de longe, do chazinho britânico – ele sempre desempenhou um papel unificador, chamado a limar idiossincrasias. Quanto ao seu valor, basta recordar Marrakesh Express, Our House, Teach Your Children, Just A Song Before I Go, Wasted On the Way, Chicago ou Military Madness para se perceber a amplitude e a bitola que aplica como autor. O que o desfavorece é a escassez com que se mostra: seis discos (incluindo o presente) a solo desde 1971, três nos últimos 30 anos, dois neste século. This Path Tonight lida, de forma superior, intimista mas transmissível, com quatro grandes tópicos: amor, perda, envelhecimento e morte. Lógicos, os dois últimos, para um homem com 74 anos. Sem surpresas, os dois primeiros: Nash pôs fim, já neste ano, a um casamento que vinha de 1977 – e foi debaixo dessa nuvem negra que começou a escrever e a gravar. Entretanto, ao que consta, tem uma namorada nova, e não o esconde. Com tónicas distintas, as canções – todas escritas por Nash e por um inspirado Shane Fontayne, músico que já trabalhou com Springsteen, Maria McKee, Sting, Steve Forbert e mais meio mundo – ganham unidade no tratamento orgânico, sem corantes nem conservantes, fazendo render os poemas e as melodias. Tudo reflete uma simplicidade de processos que se mantém como modus operandi para este homem que goza os favores da fortuna pelo facto de a sua voz (parecer) não envelhecer. Quando ouvimos Myself At Last (canção de renascimento), Cracks In the City, Another Broken Heart, Target, Golden Days e Encore, estamos, no fundo, a colecionar argumentos para defesa destes mergulhos na máquina do tempo, não apenas possíveis mas recomendáveis. Sobretudo pela surpresa de ainda ser possível produzir clássicos imediatos. E, no entanto, eles aqui estão, a soar a olá e a deixar nas entrelinhas a ideia de que, muito provavelmente, representam um adeus.

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1 . Eric Clapton, com

temas orginais, clássicos e de compositores contemporâneos acima de qualquer suspeita 2 . Paul Simon, depois da África e do Brasil, continua a viagem 3 . Graham Nash mostra ser possível ainda produzir clássicos imediatos 4 . Tom Petty mais solto e menos em esforço

gelo Mysterioso. Ora esse pseudónimo foi utilizado muitas vezes por George Harrison, amigo de Clapton, com quem passou muitas horas em estúdio… Uma recuperação? A voz não parece, Eric e os seus apoderados desmentiram a hipótese. Mas sonhar não custa. Olá e adeus? Bem diferente é o que acontece com Graham Nash, o inglês que a América adoptou desde que se juntou a David Crosby, Stephen Stills e Neil Young (em pelo menos

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Estrada com vistas Ninguém duvida, depois de tantos sobressaltos e reanimações, de que Tom Petty faz parte daquele núcleo de músicos a quem pouco importa que a distância mais curta entre dois pontos seja uma linha reta. De vez em quando, dispensa os seus fiéis Heartbreakers e parte numa via solitária. Em 2007, seguiu a direção inversa: reativou a banda em que fez o seu tirocínio (tratava-se, no princípio da década de 1970, de um combo encarregado de garantir a música ao vivo

I Still Do Eric Clapton Editora Polydor PVP: 15,99 euros

Stranger to Stranger Paul Simon Editora Concord PVP: 16,99 euros

This Path Tonight Graham Nash Editora Blue Castle PVP: 12,49 libras www.amazon.co.uk

2 Mudcrutch (com Tom Petty) Editora Warner PVP: 11,20 euros

num bar-restaurante de Gainesville, Florida) antes de saltar para o estrelato. Desta forma, regressavam os Mudcrutch, de que fazem parte dois Heartbreakers, o teclista Benmont Tench e o infalível guitarrista Mike Campbell, mais Tom Leadon (guitarrista, irmão de Bernie Leadon, dos Eagles) e Randall Marsh. Lançado em 2008, o primeiro álbum do grupo (após dois singles gravados durante a primeira encarnação, mais de 30 anos antes) sofria da síndrome da longa espera: misturava temas antigos com canções recentes, quase tudo a depender de Mr. Petty. Agora, com o segundo, ganha-se um novo fôlego, ainda que a nota dominante continue a pertencer ao rock sulista, a estrada principal, mas com vistas – aqui e ali desvia-se para a country (The Other Side of the Mountain), para a magistratura de influência de Dylan (Victim of Circumstance), até para o rockabilly (Welcome to Hell). Ou seja, os padrões continuam a coincidir com os das gloriosas aventuras de Tom Petty em nome próprio. A diferença está na forma mais distendida, mais relaxada, quase apetece dizer mais sorridente, com que as canções são abordadas, sem a obsessão perfeccionista que, às vezes, estraga a espontaneidade deste enorme criador. Quando se dá de caras com temas como Trailer ou Save the Water, ganha-se a certeza de estar diante de Petty em corpo inteiro – mas mais solto e menos em esforço do que noutras ocasiões. Como se o “regresso ao passado” lhe devolvesse energia e dinâmica. De resto, todos têm oportunidade de ser a voz principal, pelo menos uma vez. Petty canta mais vezes,

porque canta melhor. E ainda descobre engenho e arte para nos brindar com duas canções antológicas: Beautiful Blue e Hungry no More. Para exercício respiratório, não estamos nada mal. A serena inquietação À beira dos 75 anos (lá mais para outubro), o homem poderia, sem margem para recriminações, estar a viver dos rendimentos – Sound of Silence ultrapassou o meio século, Bridge Over Troubled Water os 45 anos, Still Crazy After All These Years as quatro décadas. Graceland está a comemorar os 30 anos de edição. Com tudo isso, Paul Simon ainda está aí para as curvas, em mais do que um sentido. A cada passo, tem furado as apostas daqueles que jogam na inevitabilidade de o desgaste o empurrar para a comodidade do folk apimentado que, por si só, já lhe reservava um lugar cativo entre os maiores. Bem podem esperar sentados, esses arautos do conformismo – Stranger to Stranger é, potencialmente, o melhor disco de Simon desde The Rhythm of the Saints, divinamente inspirado em São Salvador da Baía e lançado em 1990. Mais do que isso, é também o mais moderno e aquele que oferece total legitimidade para regressar à primeira linha da world music. Depois da África e do Brasil, Simon continua a viagem, sem entrar em low-cost de ambições: assim se cruzam um instrumento tradicional da música da Índia (o gopichand) com as palmas e a rítmica do flamenco, mais um mago florentino da música de dança (Clap!Clap! ou, se preferirem Digi G’alessio) com cordas e metais, mais as presenças discretas mas de assinatura de Bobby McFerrin e Jack DeJohnette com um órgão de tubos e uma marimba de bambu. Sem medos: Simon não é cromo que deixe a parafernália de recursos e o apelo às novas tecnologias subjugar-lhe ou caricaturar-lhe as canções. Pelo contrário, mantém intactas as qualidades de melodista, continua a ter pontos de vista líricos tão originais e profundos como os que se revelam na sua arquitetura das cantigas. Stranger to Stranger, a canção, The Riverbank, Cool Papa Bell, Insomniac’s Lullaby (outra vez a ironia agridoce) e, talvez acima de todas, Proof of Love são companhias perfeitas e inesgotáveis para estes dias, pela fruição e pelo desafio. Num dos temas, Simon desabafa face à dificuldade de trabalhar “o mesmo barro dia após dia, ano após ano”. No seu caso, com a reinvenção constante, parece estar a atirar barro à parede. Noutra, previne que, às vezes, quando as palavras o abandonam, a música é a língua que fala. Decididamente, quer conversa. Porque teima em obter resultados que vão muito além da mera soma das partes.

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CARTAZ

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Cinema HOJE EM CARTAZ LISBOA NOS Amoreiras C. C. Amoreiras, Av. Eng. Duarte Pacheco 16996 A CANÇÃO DE LISBOA |M12 |13.10 |15.50 |18.20 |21.20 |23.50 O AMIGO GIGANTE |M6 |12.50 |15.20 |18.00 O AMIGO GIGANTE (VO) |M6 |21.40 |00.15 À PROCURA DE DORY (VP) |M6 |13.30 |16.10 |18.40 À PROCURA DE DORY (VO) |M12 |21.00 |23.30 UM TRAIDOR DOS NOSSOS |M12 |13.00 |15.40 |20.50 |23.20 OU TODOS OU NENHUM |M12 |18.30 MESTRES DA ILUSÃO 2 |M16 |12.30 |15.20 |18.10 |21.10 |24.00 MILES AHEAD |M12 |13.40 |16.20 |19.10 |21.30 |00.10 O HOMEM QUE VIU O INFINITO |M12 |13.20 |16.00 |18.50 |21.50 |00.20 Cinema NOS Alvaláxia C.C. Alvaláxia - Campo Grande CENTRAL DE INTELIGÊNCIA |M12 |13.45 |16.30 |19.10 |21.50 |00.30 MESTRES DA ILUSÃO 2 |M16 |14.00 |17.00 |21.10 |00.20 À PROCURA DE DORY (VP) |M6 |13.35 |16.00 |18.35 |21.00 |23.30 A CANÇÃO DE LISBOA |M12 |13.30 |16.10 |18.45 |21.20 |24.00 À PROCURA DE DORY (VP) |M6 |13.10 |15.30 |18.00 BONS RAPAZES |M12 |22.00 |00.35 CÓDIGO: MOMENTUM |M12 |14.10 |16.50 |19.20 |21.40 |00.20 A LENDA DE TARZAN |M12 |13.50 |16.40 |19.05 |21.30 |00.10 O AMIGO GIGANTE |M6 |13.40 |16.20 |19.00 O AMIGO GIGANTE (VO) |M6 |21.35 |00.15 ALICE DO OUTRO LADO DO ESPELHO |M12 |13.20 O DIA DA INDEPÊNDENCIA: NOVA AMEAÇA |M12 |15.50 |18.30 |21.15 |23.55 ANGRY BIRDS: O FILME (VP) |M6 |13.25 |15.40 |18.10 UM TRAIDOR DOS NOSSOS |M12 |21.25 |23.50 WARCRAFT: O PRIMEIRO ENCONTRO DE DOIS MUNDOS |M12 |14.20 |17.20 |21.45 |00.25 THE CONJURING 2: A EVOCAÇÃO |M12 |14.30 |17.30 |20.50 |23.45 Cinema City Classic Alvalade A CANÇÃO DE LISBOA |M12 À PROCURA DE DORY (VP) |M6 O AMIGO GIGANTE |M6 O AMIGO GIGANTE (VO) |M6 FESTA DE DESPEDIDA |M12 ANGRY BIRDS: O FILME (VP) |M6 ESTADO LIVRE DE JONES |M12 FRITZ BAUER: AGENDA SECRETA |M12

Avª de Roma, nº 100 218413045 |13.10 |15.20 |17.30 |19.40 |21.50 |13.25 |15.30 |17.45 |13.45 |16.00 |18.30 |21.30 |21.45 |13.40 |15.40 |21.35

Cinema City Campo Pequeno Pç. do Campo Pequeno 217981420 O HOMEM QUE VIU O INFINITO |M12 |13.10 |15.20 |17.30 |19.40 |21.50 |00.10 MILES AHEAD |M12 |13.45 |15.45 |19.40 |21.40 |23.45 A CANÇÃO DE LISBOA |M12 |13.50 |15.30 |16.10 |17.40 |18.30 |21.30 |23.55 UM TRAIDOR DOS NOSSOS |M12 |13.20 |22.00 O DIA DA INDEPÊNDENCIA: NOVA AMEAÇA |M12 |00.20 AMOR E AMIZADE |M12 |15.50 |17.45 |20.00 A LENDA DE TARZAN |M12 |13.40 |16.20 |18.50 |21.55 |00.15 ESTADO LIVRE DE JONES |M12 |17.55 À PROCURA DE DORY (VO) |M12 |21.35 |23.50 À PROCURA DE DORY (VP) |M6 |13.35 |15.40 |17.55 O AMIGO GIGANTE (VO) |M6 |13.45 |21.25 O AMIGO GIGANTE |M6 |16.00 |18.40 THE CONJURING 2: A EVOCAÇÃO |M12 |23.55 MESTRES DA ILUSÃO 2 |M16 |13.40 |21.20 |24.00 Medeia - Nimas CICLO "UM VERÃO RUSSO" |M12

Av. 5 de Outubro, 42-B 213574362 |14.15 |16.45 |19.15 |21.45

Medeia - Monumental Edificio Monumental - Av. Praia da Vitória, 72 213142223 DOIS AMIGOS |M12 |12.00 MILES AHEAD |M12 |14.00 |16.00 |18.00 |20.00 |22.00 A ACADEMIA DAS MUSAS |M12 |13.00 LOVE & FRIENDSHIP |M12 |14.45 |16.30 |18.15 |22.15 DE CABEÇA ERGUIDA |M12 |17.00 |20.00 MARAVIGLIOSO BOCCACIO |M12 |12.30 |14.55 |19.15 |21.30 O AMIGO GIGANTE |M6 |12.15 FRANCOFONIA |M12 |14.45 |16.30 |18.15 |20.00 |21.45 Cinema Ideal VICTORIA |M12 CHEVALIER |M12

Rua do Loreto, 15/17 - 1200-241 Lisboa 210998295 |17.20 |21.45 |15.30 |19.45

UCI Cinemas - El Corte Inglés Av. António Augusto Aguiar, 31 213801400 FRITZ BAUER: AGENDA SECRETA |M12 |14.10 |16.50 |21.55 |00.20 RAINHA DO DESERTO |M12 |19.10 ANGRY BIRDS: O FILME (VP) |M6 |13.45 CENTRAL DE INTELIGÊNCIA |M12 |16.25 |21.50 |00.20 MAGGIE TEM UM PLANO |M12 |19.25 O DIA DA INDEPÊNDENCIA: NOVA AMEAÇA |M12 |13.45 |16.25 |21.45 O DIA DA INDEPÊNDENCIA: NOVA AMEAÇA (3D) |M12 |19.05 ESTADO LIVRE DE JONES |M12 |00.20 O AMIGO GIGANTE |M6 |14.00 O AMIGO GIGANTE (VO) |M6 |19.10 O AMIGO GIGANTE (3D) |M6 |16.30 |21.55 |00.25 MESTRES DA ILUSÃO 2 |M16 |13.40 |16.20 |19.00 |21.45 |00.30 À PROCURA DE DORY (VP) |M6 |14.15 |16.35 À PROCURA DE DORY (3D) |M6 |18.55 À PROCURA DE DORY (VO) |M12 |21.20 |23.50 MILES AHEAD |M12 |14.10 |16.45 |19.00 |21.25 |23.55 O QUE ESTÁ POR VIR |M12 |14.10 |16.35 OU TODOS OU NENHUM |M12 |19.35 |22.00 |00.25 A CANÇÃO DE LISBOA |M12 |14.10 |16.50 |19.25 |21.55 |00.25

FRANCOFONIA |M12 O HOMEM QUE VIU O INFINITO |M12 A LENDA DE TARZAN |M12 A LENDA DE TARZAN (3D) |M12 UM TRAIDOR DOS NOSSOS |M12 AMOR E AMIZADE |M12 NOS Colombo O AMIGO GIGANTE |M6 O AMIGO GIGANTE (VO) |M6 O HOMEM QUE VIU O INFINITO |M12 MESTRES DA ILUSÃO 2 |M16 À PROCURA DE DORY (VP) |M6 THE CONJURING 2: A EVOCAÇÃO |M12 A CANÇÃO DE LISBOA |M12 A LENDA DE TARZAN |M12 À PROCURA DE DORY (VP) |M6 UM TRAIDOR DOS NOSSOS |M12 CENTRAL DE INTELIGÊNCIA |M12 A LENDA DE TARZAN |M12

|14.20 |16.30 |18.50 |21.20 |23.45 |13.50 |16.45 |19.25 |22.00 |00.25 |13.45 |16.15 |21.15 |18.45 |23.45 |13.55 |16.35 |19.15 |21.50 |00.20 |14.30 |16.50 |19.10 |21.40 |23.55 C. C. Colombo, Av. Lusíada 16996 |13.15 |15.55 |18.40 |21.30 |00.15 |12.50 |15.35 |18.05 |21.00 |23.45 |12.40 |15.25 |18.20 |21.20 |00.20 |13.00 |15.40 |18.10 |21.15 |24.00 |13.10 |15.50 |18.25 |21.25 |00.05 |12.55 |15.30 |18.00 |21.10 |23.55 |13.35 |16.10 |18.50 |21.40 |00.30 |13.05 |15.45 |18.15 |21.35 |00.10 |13.30 |16.00 |18.30 |21.45 |00.25

NOS Vasco da Gama C. C. Vasco da Gama - Parque das Nações A LENDA DE TARZAN |M12 |13.10 |16.00 |18.30 |21.10 |24.00 O AMIGO GIGANTE |M6 |13.40 |16.10 |18.50 O AMIGO GIGANTE |M6 |21.30 |00.10 O HOMEM QUE VIU O INFINITO |M12 |13.30 |16.20 |19.00 |21.50 |00.20 A CANÇÃO DE LISBOA |M12 |13.00 |15.30 |18.20 |21.20 |23.50 À PROCURA DE DORY (VP) |M6 |13.20 |15.40 |18.10 |21.00 CENTRAL DE INTELIGÊNCIA |M12 |24.00 MESTRES DA ILUSÃO 2 |M16 |12.50 |15.50 |18.40 |21.40 |00.30

LINHA DE CASCAIS

O AMIGO GIGANTE |M6 THE CONJURING 2: A EVOCAÇÃO |M12

|14.10 |16.40 |19.05 |21.45

Alfragide CinemaCity Alegro Alfragide Centro Comercial Alegro - Av. dos Cavaleiros, 2670-045 Carna 214221030 A CANÇÃO DE LISBOA |M12 |13.50 |15.30 |16.10 |17.40 |18.35 |19.50 |21.30 |23.50 O HOMEM QUE VIU O INFINITO |M12 |13.20 |15.35 |17.45 |21.45 |23.55 CÓDIGO: MOMENTUM |M12 |13.45 |15.40 |17.35 |21.50 |24.00 O AMIGO GIGANTE |M6 |13.15 |15.30 |17.55 O AMIGO GIGANTE (VO) |M6 |13.15 |21.35 À PROCURA DE DORY (VP) |M6 |13.35 |15.40 |17.50 |16.20 |19.30 |21.45 À PROCURA DE DORY (3D) |M6 |14.00 À PROCURA DE DORY (VO) |M12 |00.05 A LENDA DE TARZAN |M12 |13.10 |15.20 |17.30 |18.50 |21.50 |00.10 AGORA OU NUNCA |M12 |19.55 THE CONJURING 2: A EVOCAÇÃO |M12 |24.00 O DIA DA INDEPÊNDENCIA: NOVA AMEAÇA |M12 |13.25 |21.40 |00.15 CENTRAL DE INTELIGÊNCIA |M12 |15.55 |19.40 |22.00 |00.20 MESTRES DA ILUSÃO 2 |M16 |18.40 |21.25 |00.05 100 ANOS DE PERDÃO |M12 |13.25 |15.25 |17.30 |19.25 ESTADO LIVRE DE JONES |M12 |21.20

Beloura Shopping 219247643 |15.20 |17.30 |19.40 |21.50 |15.30 |16.10 |17.40 |18.30 |19.50 |21.30 |15.25 |17.50 |21.35 |18.40 |22.00 |15.40 |17.55 |19.30 |16.00 |16.30 |18.50 |21.40 |17.35 |21.35

Cascais NOS Cascais Shopping C. C. Cascaisshopping - Estrada Nacional, 9 Alcabideche 16996 A LENDA DE TARZAN |M12 |13.40 |16.10 |18.40 |21.20 |23.50 O AMIGO GIGANTE |M6 |13.10 |15.50 |18.50 O AMIGO GIGANTE (VO) |M6 |21.40 |00.20 MESTRES DA ILUSÃO 2 |M16 |12.30 |15.20 |18.10 |21.10 |24.00 À PROCURA DE DORY (VP) |M6 |13.25 |16.00 |18.30 |20.50 |23.30 A CANÇÃO DE LISBOA |M12 |12.50 |15.40 |18.20 |21.00 |23.40 O HOMEM QUE VIU O INFINITO |M12 |12.40 |15.10 |17.40 |21.30 |00.10 O Cinema da Villa - CascaisVilla Shopping CenterAv. Dom Pedro - Lote 1 e 2 215887311 A CANÇÃO DE LISBOA |M12 |14.00 |16.20 |19.10 |21.30 O AMIGO GIGANTE |M6 |14.10 |16.35 |19.00 ESTADO LIVRE DE JONES |M12 |21.30 MILES AHEAD |M12 |18.10 |20.10 |22.00 O HOMEM QUE VIU O INFINITO |M12 |14.15 |16.30 |19.15 |21.35 A LENDA DE TARZAN |M12 |14.00 |16.15 |19.20 |21.45 À PROCURA DE DORY (VP) |M6 |13.45 |15.55

Miraflores NOS Dolce Vita A CANÇÃO DE LISBOA |M12 O AMIGO GIGANTE |M6 O AMIGO GIGANTE (VO) |M6 À PROCURA DE DORY (VP) |M6 MESTRES DA ILUSÃO 2 |M16

C. C. Dolce Vita, Av. das Tulipas 16996 |15.30 |18.30 |21.30 |15.20 |18.20 |21.20 |14.50 |17.20 |19.30 |22.00 |15.10 |18.10 |21.10

Oeiras NOS Oeiras Parque C. C. Oeiras Parque 16996 MILES AHEAD |M12 |13.10 |15.45 |21.45 |00.10 UM TRAIDOR DOS NOSSOS |M12 |18.10 À PROCURA DE DORY (VP) |M6 |10.40 |13.00 |15.20 |21.25 |24.00 ESTADO LIVRE DE JONES |M12 |18.00 O AMIGO GIGANTE |M6 |10.30 |12.45 |15.30 |18.15 O AMIGO GIGANTE (VO) |M6 |21.00 |23.55 MESTRES DA ILUSÃO 2 |M16 |12.35 |15.25 |18.20 |21.20 |00.15 A CANÇÃO DE LISBOA |M12 |12.55 |15.40 |18.30 |21.10 |23.50 A LENDA DE TARZAN |M12 |13.15 |16.00 |18.45 |21.40 |00.20 ANGRY BIRDS: O FILME (VP) |M6 |10.50 |13.20 O DIA DA INDEPÊNDENCIA: NOVA AMEAÇA |M12 |15.50 |18.40 |21.30 |00.20

LINHA DE SINTRA Amadora UCI Cinema - Dolce Vita Tejo Avenida Manual Cargaleiro - Casal da Mira 7072322221 À PROCURA DE DORY (VP) |M6 |13.35 |16.00 ESTADO LIVRE DE JONES |M12 |18.30 |21.20 A CANÇÃO DE LISBOA |M12 |13.55 |16.30 |19.10 |21.45 |00.15 À PROCURA DE DORY (VP) |M6 |13.40 |16.10 |18.45 |21.15 CENTRAL DE INTELIGÊNCIA |M12 |14.05 |16.35 |19.05 |21.30 CÓDIGO: MOMENTUM |M12 |13.45 |16.20 |19.20 |21.35 O DIA DA INDEPÊNDENCIA: NOVA AMEAÇA |M12 |14.15 |16.45 |19.15 |21.50 ANGRY BIRDS: O FILME (VP) |M6 |13.50 |16.30 |18.55 WARCRAFT: O PRIMEIRO ENCONTRO DE DOIS MUNDOS |M12 |21.35 MESTRES DA ILUSÃO 2 |M16 |13.35 |16.15 |19.00 |21.40 O AMIGO GIGANTE |M6 |14.20 |16.50 |21.50 O AMIGO GIGANTE (VO) |M6 |19.25 A LENDA DE TARZAN |M12 |14.00 |16.25 |21.25 A LENDA DE TARZAN (3D) |M12 |19.00

NORTE DE LISBOA Odivelas NOS Odivelas Parque A LENDA DE TARZAN |M12 A CANÇÃO DE LISBOA |M12 O AMIGO GIGANTE (VO) |M6 MESTRES DA ILUSÃO 2 |M16 CENTRAL DE INTELIGÊNCIA |M12 O AMIGO GIGANTE |M6 O AMIGO GIGANTE (VO) |M6

Auditório Charlot LOVE & FRIENDSHIP |M12

|13.50 |16.20 |18.55 |21.35 |00.05 |13.25 |15.50 |18.40 |21.45 |00.30 Av. Dr. António Manuel Gamito, 11 |21.30

ALGARVE Tavira NOS Tavira Centro Comercial Gran-Plaza, Loja Nº3.24 16996 A CANÇÃO DE LISBOA |M12 |12.50 |15.50 |18.30 |21.30 |00.15 À PROCURA DE DORY (VP) |M6 |10.40 |13.05 |15.30 |18.10 CENTRAL DE INTELIGÊNCIA |M12 |21.00 |23.30 A LENDA DE TARZAN |M12 |13.00 |15.30 |18.15 |21.10 |23.50 O AMIGO GIGANTE |M6 |10.40 |13.20 |16.00 |18.40 O AMIGO GIGANTE (VO) |M6 |21.15 |00.10

PORTO Porto

Sintra City Beloura O HOMEM QUE VIU O INFINITO |M12 A CANÇÃO DE LISBOA |M12 O AMIGO GIGANTE |M6 O AMIGO GIGANTE (VO) |M6 À PROCURA DE DORY (VP) |M6 À PROCURA DE DORY (VO) |M12 A LENDA DE TARZAN |M12 AMOR E AMIZADE |M12

O AMIGO GIGANTE |M6 O AMIGO GIGANTE (VO) |M6 A LENDA DE TARZAN (3D) |M12 A LENDA DE TARZAN |M12

C. C. Odivelas Parque 16996 |13.00 |15.20 |18.10 |21.00 |13.15 |15.40 |18.20 |21.20 |13.10 |15.30 |18.00 |20.50 |13.30 |16.00 |18.35 |21.30 |13.20 |15.50 |18.30 |21.10

MARGEM SUL Almada NOS Almada Fórum C. C. Almada Fórum - Estrada do Caminho Municipal, 1011 - Va 16996 A LENDA DE TARZAN |M12 |13.30 |16.15 |18.50 |21.50 |00.20 À PROCURA DE DORY (VP) |M6 |12.45 |15.15 |18.00 À PROCURA DE DORY (3D) |M6 |21.00 |23.30 O AMIGO GIGANTE |M6 |13.00 |15.50 |18.40 O AMIGO GIGANTE (VO) |M6 |21.40 |00.15 A CANÇÃO DE LISBOA |M12 |12.50 |15.40 |18.20 |21.20 |24.00 MESTRES DA ILUSÃO 2 |M16 |12.30 |15.20 |18.15 |21.10 |00.10 O DIA DA INDEPÊNDENCIA: NOVA AMEAÇA |M12 |12.35 |16.05 |18.50 |21.35 |00.25 O HOMEM QUE VIU O INFINITO |M12 |13.05 |15.45 |18.35 |21.15 |23.55 THE CONJURING 2: A EVOCAÇÃO |M12 |12.25 |15.25 |18.25 |21.25 |00.25 À PROCURA DE DORY (VP) |M6 |13.45 |16.10 |18.30 ESTADO LIVRE DE JONES |M12 |20.50 |23.55 CENTRAL DE INTELIGÊNCIA |M12 |13.20 |16.00 |18.35 |21.45 |00.25 ANGRY BIRDS: O FILME (VP) |M6 |13.40 |16.20 |18.45 UM TRAIDOR DOS NOSSOS |M12 |21.40 |00.25 MILES AHEAD |M12 |13.25 |15.55 |18.20 |21.05 |23.30 O AMIGO GIGANTE (3D) |M6 |12.40 |15.30 |18.10 |21.10 |23.50

Montijo NOS Fórum Montijo C. C. Fórum Montijo 16996 A CANÇÃO DE LISBOA |M12 |13.20 |15.50 |18.35 |21.35 |00.15 À PROCURA DE DORY (VP) |M6 |13.35 |16.00 |18.25 O DIA DA INDEPÊNDENCIA: NOVA AMEAÇA |M12 |21.00 |23.55 O AMIGO GIGANTE |M6 |13.25 |16.10 |18.50 O AMIGO GIGANTE (VO) |M6 |21.25 |00.05 A LENDA DE TARZAN |M12 |12.50 |15.30 |18.30 |21.10 |23.45 CENTRAL DE INTELIGÊNCIA |M12 |13.10 |15.40 |18.15 |21.15 |24.00 MESTRES DA ILUSÃO 2 |M16 |12.40 |15.25 |18.25 |21.20 |00.10

Setúbal Cinema City Av. Libertadores de Timor Loro Sae 275334664 CÓDIGO: MOMENTUM |M12 |13.30 |15.55 |17.50 |19.45 |21.40 |23.50 A CANÇÃO DE LISBOA |M12 |13.40 |15.25 |16.00 |17.35 |18.30 |21.30 |23.55 À PROCURA DE DORY (VP) |M6 |13.35 |15.40 |17.55 |19.25 |21.40 |23.55 À PROCURA DE DORY (3D) |M6 |13.55 |18.50 THE CONJURING 2: A EVOCAÇÃO |M12 |21.25 |00.10 O DIA DA INDEPÊNDENCIA: NOVA AMEAÇA |M12 |21.55 |00.25 MESTRES DA ILUSÃO 2 |M16 |16.10 |21.20 |24.00 WARCRAFT: O PRIMEIRO ENCONTRO DE DOIS MUNDOS |M12 |13.30 CENTRAL DE INTELIGÊNCIA |M12 |13.20 |15.30 |17.40 |19.50 |22.00 |00.20 IGUAIS |M12 |13.35 100 ANOS DE PERDÃO |M12 |15.35 |17.30

Medeia - Cine Estúdio do Teatro Municipal Campo Alegre Rua das Estrelas 226063000 FRANCOFONIA |M12 |18.30 |22.00 NOS Alameda Shop&Spot Centro Comercial Shop&Spot, Rua Campeões Europeus, 28 16996 A CANÇÃO DE LISBOA |M12 |13.00 |15.50 |18.10 |21.30 |00.20 ANGRY BIRDS: O FILME (VP) |M6 |14.00 |16.40 O DIA DA INDEPÊNDENCIA: NOVA AMEAÇA |M12 |20.30 |23.40 À PROCURA DE DORY (VP) |M6 |12.45 |15.30 |18.15 À PROCURA DE DORY (VO) |M12 |20.50 |23.25 O AMIGO GIGANTE |M6 |13.30 |16.30 |19.30 O AMIGO GIGANTE |M6 |22.40 MESTRES DA ILUSÃO 2 |M16 |14.10 |17.30 |21.00 |23.50 VICTORIA |M12 |13.10 |16.20 |22.30 OU TODOS OU NENHUM |M12 |19.35 CHEVALIER |M12 |20.00 MARAVIGLIOSO BOCCACIO |M12 |14.10 |17.00 |22.45

Gaia UCI Arrábida 20 C. C. Arrábida Shopping 223778888 À PROCURA DE DORY (VP) |M6 |14.05 |16.30 |18.55 |21.20 |24.00 MESTRES DA ILUSÃO 2 |M16 |13.40 |16.20 |19.05 |21.50 |00.35 UM TRAIDOR DOS NOSSOS |M12 |14.10 |16.40 |19.20 |21.50 |00.20 AMOR E AMIZADE |M12 |14.20 |16.45 |19.05 |21.20 |00.10 O HOMEM QUE VIU O INFINITO |M12 |14.00 |16.30 |19.00 |21.30 |00.05 WARCRAFT: O PRIMEIRO ENCONTRO DE DOIS MUNDOS |M12 |13.45 |16.20 |19.00 |21.40 |00.20 MILES AHEAD |M12 |14.05 |16.25 |18.45 |21.25 |00.15 OU TODOS OU NENHUM |M12 |14.10 |16.40 |19.05 |21.30 |24.00 O DIA DA INDEPÊNDENCIA: NOVA AMEAÇA |M12 |13.50 |16.30 |19.10 |21.55 |00.35 ANGRY BIRDS: O FILME (VP) |M6 |14.00 |16.25 |18.55 THE CONJURING 2: A EVOCAÇÃO |M12 |21.35 |00.25 O AMIGO GIGANTE |M6 |13.45 |16.20 |21.45 O AMIGO GIGANTE (VO) |M6 |19.00 |00.30 À PROCURA DE DORY (3D) |M6 |14.15 |16.50 |19.15 À PROCURA DE DORY (VO) |M12 |21.40 |00.05 A CANÇÃO DE LISBOA |M12 |14.10 |16.45 |19.20 |21.55 |00.35 O AMIGO GIGANTE |M6 |13.55 |16.10 A LENDA DE TARZAN |M12 |19.20 |21.50 |00.20 A CANÇÃO DE LISBOA |M12 |14.00 |16.35 |19.10 |21.45 |00.25 A LENDA DE TARZAN (3D) |M12 |14.10 |16.45 |19.20 |21.55 |00.35 CÓDIGO: MOMENTUM |M12 |14.20 |16.45 |19.10 |21.40 |00.20 ESTADO LIVRE DE JONES |M12 |15.15 |18.20 |21.25 |00.15 MAGGIE TEM UM PLANO |M12 |14.10 |16.30 |21.20 |24.00 O QUE ESTÁ POR VIR |M12 |18.50 CENTRAL DE INTELIGÊNCIA |M12 |14.00 |16.30 |19.05 |21.35 |00.10 NOS GaiaShopping Av. dos Descobrimentos, 549 16996 O AMIGO GIGANTE (VO) |M6 |13.25 |15.55 |18.35 |21.30 |00.05 O DIA DA INDEPÊNDENCIA: NOVA AMEAÇA |M12 |12.40 |15.20 |18.00 |20.50 |23.45 À PROCURA DE DORY (VP) |M6 |13.15 |15.50 |18.30 |21.00 |23.30 A CANÇÃO DE LISBOA |M12 |13.35 |16.15 |18.55 |21.35 |00.25 A LENDA DE TARZAN |M12 |13.50 |16.30 |19.00 |21.40 |00.30 O AMIGO GIGANTE |M6 |13.05 |15.45 |18.25 O AMIGO GIGANTE (VO) |M6 |21.05 |23.50 ANGRY BIRDS: O FILME (VP) |M6 |13.30 |16.00 |18.50 UM TRAIDOR DOS NOSSOS |M12 |21.25 |00.15 CENTRAL DE INTELIGÊNCIA |M12 |12.45 |15.40 |18.40 |21.45 |00.35 MESTRES DA ILUSÃO 2 |M16 |12.35 |15.25 |18.20 |21.20 |00.20

Matosinhos NOS NorteShopping C. C. NorteShopping, Rua Sara Afonso, 105/117 16996 MILES AHEAD |M12 |13.20 |15.50 |21.10 |23.40 UM TRAIDOR DOS NOSSOS |M12 |18.25 À PROCURA DE DORY (VP) |M6 |10.40 |13.00 |15.25 |18.00 O DIA DA INDEPÊNDENCIA: NOVA AMEAÇA |M12 |20.50 |24.00 A CANÇÃO DE LISBOA |M12 |12.50 |15.30 |18.20 |21.30 |00.10 CENTRAL DE INTELIGÊNCIA |M12 |13.40 |16.10 |18.50 |21.45 |00.30

CARTAZ

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AS NOTAS DOS CRÍTICOS O AMIGO GIGANTE |M6 O AMIGO GIGANTE (VO) |M6 O HOMEM QUE VIU O INFINITO |M12 MESTRES DA ILUSÃO 2 |M16 A LENDA DE TARZAN |M12

|10.30 |13.10 |16.00 |18.40 |21.20 |00.15 |13.30 |16.20 |19.00 |21.50 |00.20 |12.40 |15.40 |18.35 |21.40 |00.35 |12.55 |15.20 |18.10 |21.00 |23.50

NOS Mar Shopping Av. Dr. Óscar Lopes A CANÇÃO DE LISBOA |M12 |13.00 |15.50 |18.50 |21.40 |00.30 A LENDA DE TARZAN |M12 |12.50 |15.20 |18.00 |21.00 |23.30 O AMIGO GIGANTE |M6 |10.30 |16.00 |19.00 O AMIGO GIGANTE (VO) |M6 |22.00 |00.40 À PROCURA DE DORY (VP) |M6 |10.20 |15.00 |17.20 |21.50 |24.00 ANGRY BIRDS: O FILME (VP) |M6 |11.00 |13.40 |16.20 |19.10 THE CONJURING 2: A EVOCAÇÃO |M12 |22.20 MESTRES DA ILUSÃO 2 |M16 |12.30 |15.40 |18.20 |21.20 |00.05 O DIA DA INDEPÊNDENCIA: NOVA AMEAÇA |M12 |14.00 |17.00 |20.50 |23.40 A LENDA DE TARZAN (3D) |M12 |13.30 |16.10 |18.40 |21.30 |00.10

OUTROS LOCAIS Aveiro NOS Fórum Aveiro Rua Homem Cristo 16996 O AMIGO GIGANTE |M6 |13.05 |16.00 |18.55 O AMIGO GIGANTE (VO) |M6 |21.50 |00.35 UM TRAIDOR DOS NOSSOS |M12 |13.40 |16.20 |19.00 |21.40 |00.20 O HOMEM QUE VIU O INFINITO |M12 |12.55 |15.40 |18.25 |21.10 |00.05 À PROCURA DE DORY (VP) |M6 |13.30 |16.10 |18.45 |21.20 |23.55 ALICE DO OUTRO LADO DO ESPELHO |M12 |14.10 |17.00 ESTADO LIVRE DE JONES |M12 |20.50 |00.10 O DIA DA INDEPÊNDENCIA: NOVA AMEAÇA |M12 |14.20 |17.20 |21.00 |24.00 A CANÇÃO DE LISBOA |M12 |13.00 |15.50 |18.40 |21.30 |00.20 NOS Glicínias O AMIGO GIGANTE |M6 O AMIGO GIGANTE (VO) |M6 ANGRY BIRDS: O FILME (VP) |M6 THE CONJURING 2: A EVOCAÇÃO |M12 CENTRAL DE INTELIGÊNCIA |M12 À PROCURA DE DORY (VP) |M6 MESTRES DA ILUSÃO 2 |M16 A CANÇÃO DE LISBOA |M12 A LENDA DE TARZAN |M12

C. C. Glicínias, Aradas |14.10 |17.05 |21.10 |13.40 |16.20 |18.55 |21.20 |13.45 |16.30 |19.15 |22.00 |14.00 |16.40 |19.20 |21.50 |13.50 |16.55 |21.00 |13.25 |16.10 |19.05 |21.55 |15.30 |16.15 |18.50 |21.30

A CANÇÃO DE LISBOA FRANCOFONIA MARAVILHOSO BOCCACCIO MILES AHEAD VICTORIA UMA GUERRA O HOMEM QUE VIU O INFINITO O AMIGO GIGANTE A LENDA DE TARZAN LIKE SOMEONE IN LOVE SHIRIN OS DOIS AMIGOS UM TRAIDOR DOS NOSSOS OU TODOS OU NENHUM CHEVALIER ESTADO LIVRE DE JONES AMOR E AMIZADE FRITZ BAUER: AGENDA SECRETA DE CABEÇA ERGUIDA TANGERINE IGUAIS OLMO E A GAIVOTA A ACADEMIA DAS MUSAS À PROCURA DE DORY O DIA DA INDEPENDÊNCIA: NOVA AMEAÇA THE CONJURING 2 – A EVOCAÇÃO MAGGIE TEM UM PLANO MESTRES DA ILUSÃO O QUE ESTÁ POR VIR

em estreia

mau

JOÃO LOPES

RUI PEDRO TENDINHA

INÊS LOURENÇO

★★ ★★★ – ★★ – – ★★ ★★★ ★ ★★★★ ★★★ ★★★ ★★ ★★ – – ★★★ ★★★ ★★★ ★★★ ★★★ ★★ – ★★★ ★ ★★★ ★★★ ★★ ★★★

– ★★★★ ★ ★★ ★★★ ★★★ – ★★★★ – – – ★★★ ★★ – ★★★ ★★ ★★★ ★★ ★★★ ★★ ★ ★★ ★★★★ ★★★ – – ★★★ – ★★★★

★★★★ ★★★ ★★★ ★★★ – – ★★★★ – – – ★★ ★★ – – ★★★ ★★★ ★★ ★★★ – ★★★ – ★★★★ ★ ●

– ★★★ – ★★★★

★ medíocre ★★ com interesse ★★★ bom

★★★★ muito bom ★★★★★ excecional

VEJA TODAS AS CRÍTICAS E OS TRAILERS DAS ESTREIAS DA SEMANA EM WWW.DN.PT

Coimbra NOS Alma Shopping Coimbra C. C. Alma Shopping, Rua General Humberto Delgado 207 - Cent À PROCURA DE DORY (VP) |M6 |13.50 |16.30 |19.10 À PROCURA DE DORY (3D) |M6 |21.50 |00.35 MESTRES DA ILUSÃO 2 |M16 |14.00 |17.10 |20.50 |23.50 O AMIGO GIGANTE |M6 |13.20 |16.05 |19.00 O AMIGO GIGANTE (VO) |M6 |21.40 |00.30 O DIA DA INDEPÊNDENCIA: NOVA AMEAÇA |M12 |14.30 |17.30 |20.30 |23.30 A CANÇÃO DE LISBOA |M12 |13.30 |16.10 |18.50 |21.30 |00.10 VICTORIA |M12 |14.40 |17.50 |21.00 |00.15 ANGRY BIRDS: O FILME (VP) |M6 |14.50 |17.20 |19.45 AMOR E AMIZADE |M12 |22.10 |00.40 UM TRAIDOR DOS NOSSOS |M12 |14.10 |17.00 |22.50 OU TODOS OU NENHUM |M12 |19.40 MILES AHEAD |M12 |13.40 |16.20 |18.55 |21.20 |24.00 O HOMEM QUE VIU O INFINITO |M12 |13.45 |16.25 |19.05 |21.45 |00.25 NOS Fórum Coimbra MESTRES DA ILUSÃO 2 |M16 O AMIGO GIGANTE |M6 O AMIGO GIGANTE (VO) |M6 CENTRAL DE INTELIGÊNCIA |M12 À PROCURA DE DORY (VP) |M6 A LENDA DE TARZAN |M12 A CANÇÃO DE LISBOA |M12

Fórum Coimbra |14.20 |17.30 |21.10 |00.10 |13.30 |16.15 |19.20 |22.00 |00.40 |13.20 |16.10 |18.50 |21.30 |00.15 |14.10 |16.50 |19.30 |22.10 |13.40 |16.20 |19.00 |21.40 |00.20 |13.50 |16.30 |19.10 |21.50 |00.30

Teatro Académico Gil Vicente A ESPERA |M12

Praça da República 239855630 |18.30

Figueira da Foz NOS Foz Plaza C. C. Foz Plaza - Rua dos Condados 16996 CENTRAL DE INTELIGÊNCIA |M12 |12.55 |15.20 |18.30 |21.10 |23.40 A LENDA DE TARZAN |M12 |15.10 |18.20 |21.20 |23.45 À PROCURA DE DORY (VP) |M6 |15.35 |18.00 MESTRES DA ILUSÃO 2 |M16 |21.00 |23.50 A CANÇÃO DE LISBOA |M12 |15.30 |18.10 |21.30 |00.05 O AMIGO GIGANTE |M6 |15.00 |17.50 O AMIGO GIGANTE (VO) |M6 |21.40 |00.15

Leiria Orient Cineplace - Leiria Shopping IC2 - Alto do Vieiro – 2400-441 244826516 A CANÇÃO DE LISBOA |M12 |15.20 |16.00 |17.30 |18.30 |19.40 |21.50 UMA GUERRA |M12 |18.50 MESTRES DA ILUSÃO 2 |M16 |21.30 O AMIGO GIGANTE |M6 |15.30 |17.55 O AMIGO GIGANTE (VO) |M6 |21.40 À PROCURA DE DORY (VP) |M6 |15.35 |16.15 |17.50 |19.20 |21.35 A LENDA DE TARZAN |M12 |15.25 |17.35 |19.45 |21.55 CENTRAL DE INTELIGÊNCIA |M12 |22.00 O DIA DA INDEPÊNDENCIA: NOVA AMEAÇA |M12 |15.50 |21.45

Nas esquinas do coração de Miles Davis

Uma outra visão da Guerra Civil Americana

Não, não é o novo ET

MILES AHEAD DON CHEADLE

ESTADO LIVRE DE JONES GARY ROSS

O AMIGO GIGANTE STEVEN SPIELBERG

Um dos desafios criativos do cinema tem sido a abordagem de figuras icónicas como notas livres numa pauta. Diga-se, em virtude deste Miles Ahead, de e por Don Cheadle, que a sua audácia se encontra precisamente nessa recusa de uma biografia organizada de Miles Davis. No desvio às convenções do género, a boa desordem narrativa vem em auxílio desta estreia de Cheadle na realização, embora haja ainda um excesso de “postura” a repassar o filme (como preconiza Miles: “Se vais contar uma história, fá-lo com alguma atitude”). É apenas nesse aspeto que Miles Ahead, autêntico em tudo o resto, deixa cair algo da sua importância, denotando-se um empenho maior na sugestão de um enredo de fuga e perseguição. Com efeito, Cheadle centrou-se numa altura crítica da carreira do músico, no final dos anos 1970, e inventou um jogo narrativo em torno de uma gravação que o iria relançar, após cinco anos parado, introduzindo flashbacks do amor da sua vida: Frances Taylor. E é paixão o que move esta engrenagem fílmica, mas não chega.

Eis um filme, no mínimo, tematicamente surpreendente (baseado em factos verídicos). Esta é uma saga da Guerra Civil Americana, centrada num grupo de pequenos proprietários do Sul (Jones é o nome do seu condado) que, sob a chefia de Newton Knight (Matthew McConaughey), se revolta contra o exército da Confederação, resistindo à apropriação de bens e mantimentos. Estamos perante acontecimentos que contrariam qualquer perceção maniqueísta daquele contexto histórico em que, de forma decisiva, viria a decidir-se a consagração na lei do fim da escravatura dos negros; o filme, aliás, evoca os ecos de tal contexto, 85 anos mais tarde, quando está a ser julgado um caso que remete ainda para a relação de Knight com Rachel (Gugu Mbatha-Raw), uma mulher negra que foi escrava. Mesmo que a articulação desses dois tempos da narrativa nem sempre seja muito consistente, Estado Livre de Jones constitui um exemplo feliz do modo como o cinema continua a poder discutir a perceção da história e dos seus eventos mais emblemáticos.

É impossível não disfarçar a sensação que é um filme aquém. Aquém daquilo que Spielberg já fez no universo de filmes mais infantis (Hook tinha, por exemplo, outra robustez de espetáculo, bem como As Aventuras de Tintin – O Segredo de Licorne). Ainda assim, injusto o fracasso de bilheteira nos EUA. A história leva-nos até à Londres dos anos 1980 onde Sophie, uma menina órfã, conhece BFG, um simpático gigante do País Gigante. De repente, é levada até esse distante mundo onde BFG é o único gigante que não devora humanos. Rodado com a técnica de performance capture, um efeito de animação que permite captar o movimento dos atores, o filme não deixa de ter um ar de outros tempos. De alguma forma, o storytelling de Spielberg e da falecida argumentista Melissa Mathison evoca um cinema “purista” que a própria Amblin inventou. O Amigo Gigante é pródigo num cerimonial afetivo com as personagens. Torna-se impossível não aderir à sofisticada “simpatia” deste gigante e à sua relação com a menina Sophie. O problema é que talvez seja apenas “simpatia”....

INÊS LOURENÇO ★★ Com interesse

JOÃO LOPES ★★★ Bom

RUI PEDRO TENDINHA ★★★ Bom

PASSATEMPOS

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COLUNAS SOLTAS

XADREZ

Colocar cada coluna no seu lugar correspondente para obter um pensamento e nome do seu autor.

Problema – As brancas jogam e dão mate em 2 (Bratoljub Gruber, Problem (Zagreb), 3ª menção de honra, 1964) Hoje faz 150 anos que se iniciou o match entre Adolf Anderssen e Wilheim Steinitz em 1866. Oficialmente só 20 anos mais tarde é que se realizou o primeiro match para apurar um campeão do mundo (Steinitz – Zukertort) mas há quem referencie este match como precursor dado que Anderssen era considerado o melhor xadrezista mundial depois da retirada de Paul Morphy. Steinitz (26 anos) venceu por 8-6 sem empates. Anderssen tinha, então, 48 anos. O encontro teve 14 partidas e Anderssen optou pelo Gambito Evans em 6 ocasiões e Steinitz utilizou o Gambito de Rei em 5 partidas. Enquanto o alemão empatou com o seu gambito o austríaco venceu o seu (4-1) apesar da sua teima em deixar o rei no centro. William Steinitz [Áustria] Adolf Anderssen [Prússia] London m1 (4), 1866 1.e4 e5 2.f4 exf4 3.Cf3 g5 4.Bc4 g4 5.Ce5 Dh4+ 6.Rf1 Ch6 7.d4 d6 8.Cd3 f3 9.g3 De7 10.Cf2 Be6 11.Ca3 Bxc4+ 12.Cxc4 De6 13.d5 Dg6 14.h3 Cd7 15.Bxh6 Bxh6 16.hxg4 b5 17.Ca3 Ce5 18.Cxb5 Tb8 19.Cd4 [19.Cxc7+ Rd8 20.Ca6 Tb6–+] 19...Be3 20.Cxf3 [20.Cf5!=] 20...Df6 21.Rg2

SUDOKU

BRIDGE

Preencher os quadrados fazendo que cada fila, cada coluna e cada um dos quadrados de três casas por três contenham todos os números de 1 a 9, sem repetições ou omissões.

Problema – Contrato 3ST por Sul. Saída de Oeste ao cinco de Copas Torneio do clube, N/S vulnerável, abriu em Sul num Pau, Norte marcou um Ouro, saltou para 2ST e o parceiro fechou em 3ST. Oeste saiu ao cinco de Copas, ás à direita que insistiu com o três; meteu o valete, dama à esquerda que inesperadamente voltou o rei de Espadas. Optou por recuar o ás, porém Oeste teve o mau gosto de voltar outra Copa. Fez o rei e em desespero tentou a passagem ao rei de Ouros, porém o rei estava à esquerda, o qual bateu a quarta Copa, um cabide. Será que errou o carteio? Onde?

GRAU DE DIFICULDADE

★★★★★

SOLUÇÕES

PALAVRAS CRUZADAS

BRIDGE

HORIZONTAIS: 1 – Acabamento de licença (pl); Fatia. 2 – Remuneração; Virtuoso. 3 —Saco de couro ou de pano, fechado geralmente com cadeado; Piedade. 4 —Descarnada; Fluido não líquido. 5 – Bário (s.q.); Passeios. 6 – Estilos. 7 – Vendera a crédito; Sódio (s.q.). 8 – Colocado; Padiola de procissão. 9 – Actínio (s.q.); Ribombava. 10 – Televisão Italiana (iniciais); Irmão de Abel (Bíblia). 11– Cheiro; Poetas entre os Gregos.

SUDOKU

Se tivesse estado com atenção teria entrado com o rei de Copas na segunda vaza e jogado imediatamente ás e valete de Ouros. À esquerda ganhava com o rei, depois batia as duas Copas apuradas mas as restantes vazas são todas suas. Está a pensar que só com as cartas à vista? Não tem razão, se tivesse reparado que Este voltou o três de Copas na segunda vaza poderia ter concluído que quase de certeza o naipe estava de início 4/4 no flanco. Porquê? Admitindo que a saída ao cinco foi a uma quarta carta, como tem o dois na mão e o quatro na mesa a volta ao dois só pode ser também a um naipe quarto. Convencido? XADREZ

1.c5! [Ameaça Tc4#] 1...d2 [1...d5 2.cxb6#; 1...b5 2.cxd6#; 1...e4 2.Dh8#] 2.Dh3#

COLUNAS SOLTAS

As coisas são mais fáceis de dizer do que de fazer, a não ser que seja gago. Lewton PALAVRAS CRUZADAS

VERTICAIS: 1 – Alomba; Para. 2 – Aa; Focar. 3 – Mg; Eis; Io. 4 – Apar; Sata. 5 – Sala; Cro; Ca. 6 – Ga; Goa; Ta. 7 – Pa; Vil; Aria. 8 – Cara; Nome. 9 – Sb; Pos; Da. 10 – Todos; No. 11 – Amor; Cartas.

sa; Tântalo (s.q.). 7 – Protactínio (s.q.); Mesquinho; Cantiga. 8 —Rosto; Denominação.

9 – Antimónio (s.q.); Poeiras; Oferece. 10 —A totalidade (pl.); Nobélio (s.q.). 11 —Afecto; Missivas.

HORIZONTAIS: 1 – Altas; Posta. 2 – Paga; Bom. 3 – Mala; Do. 4 – Magra; Vapor. 5 – Ba; Giros. 6 – Escolas. 7 – Fiara; Na. 8 – Posto; Andor. 9 – Ac; Troa. 10 – RAI; Caim. 11 – Aroma; Aedos.

VERTICAIS: 1 – Carrega; Deixa de andar. 2 – Rio de França; Pôr em foco. 3 – Magnésio (s.q.); Ena; Satélite de Júpiter. 4 – Mamífero desdentado, espécie de tatu; Satanás. 5 – Salva ou bandeja de metal; Jogo de cartas. 6 – Gálio (s.q.); Distrito da antiga Índia Portugue-

Bxf2? [21...Txb2=] 22.Cxe5! Bxg3? [22...Dxe5 23.Rxf2 Txb2 24.Dd3=] 23.Cd3! Bh4 24.De2 De7 25.Taf1 Bg5 26.Tf5 f6 27.Thf1 0–0 28.b3 Tbe8 29.Te1 Rh8 30.Cf2 Bh4 31.Th5 Bxf2 32.Dxf2 Tg8 33.Df5 Tg7 34.Th6 Teg8 [34...Txg4+ 35.Dxg4 Tg8 36.Dxg8+ Rxg8 37.Th5 De8 38.Tf5 Dg6+ 39.Rf2 Dh6 40.Re2±] 35.Teh1 Txg4+ 36.Rf3 Tg3+ 37.Re2 T3g7 38.Txf6 Tg2+ 39.Rd3 T8g3+ 40.Rc4 Te3 41.Tf8+ Tg8 42.Txg8+ Rxg8 43.Tg1+ [43...Rh8 44.Dc8+] 1–0 António P. Santos

TELEVISÃO

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DESTAQUES

A história de Frida A Guerra Civil Kahlo, com Salma Hayek Espanhola em análise

O canal assinala o aniversário de Mandela

Novas viagens chegam ao Odisseia

TVCINE 3 FRIDA (20.25)

HISTÓRIA ESPANHA, ENSAIO DE UMA GUERRA (22.00)

ODISSEIA VIAJANTE SEM LIMITES (20.49)

Da Casa Azul, no México, saiu um dos nomes que marcaram a história: Magdalena Carmen Frieda Kahlo y Calderón. Conhecida por Frika Kahlo, Magdalena tornou-se uma conceituada e aclamada pintora surrealista do século XX. Aos 18 anos, Frida sofreu um trágico acidente de viação, que a deixou incapacitada, altura em que se dedicou à pintura. Aos 22, casou-se com Diego Rivera, com quem manteve uma relação agitada. Este é apenas um resumo da sua história, que é contada através de Julie Taymor, com Salma Hayek e Alfred Molina nos papéis principais.

Será que a resistência de Madrid, durante 30 meses, inspirou os defensores de Leninegrado e Estalinegrado durante a Segunda Guerra Mundial? Passados apenas três meses desde o início da rebelião, em julho de 1936, o exército do general Franco estava às portas da capital espanhola. O governo da República tinha abandonado a cidade e muitos davam por certa a sua queda. No entanto, o desejo de defesa das milícias republicanas, a chegada das Brigadas Internacionais e a ajuda da União Soviética travou o avanço das tropas que tentavam tomar a cidade. Madrid resistiu durante 900 dias.

HOLLYWOOD MANDELA: LONGO CAMINHO PARA A LIBERDADE (21.30)

Para assinalar o dia em que Nelson Mandela nasceu, o canal estreia o filme, de Justin Chadwick, que retrata a vida do vencedor do Prémio Nobel da Paz de 1993. Esta é a história do antigo presidente sul-africano, interpretado por Idris Elba, desde a infância no campo até à eleição como o primeiro presidente eleito democraticamente na África doSul. Inspirado na sua autobiografia, o filme debruça-se sobre temas controversos, como a constante luta contra o apartheid e os anos que passou como prisioneiro político. Nelson Mandela morreu aos 95 anos, em 2013.

Qual é o significado de la bella vita? O comediante australiano Anh Do viaja até à Itália para descobrir isso mesmo. Nos Alpes, vai enfrentar dois desafios: uma dança alpina e um desporto em plena expansão, o bubble football. Em Veneza, vai aprender os segredos dos gondoleiros e vai participar numa ópera flash mob, em Verona. No plano está também conduzir um Lamborghini, participar numa competição de queijos e numa corrida de quadrigas. Finalmente, o humorista chega a Bari, uma joia escondida do mar Adriático onde pode degustar marisco acabado de ser pescado. Estreia.

CANAIS

AUDIÊNCIAS DE TV

GENERALISTAS

TEMÁTICOS

RTP1

RTP2

SIC

TVI

HOLLYWOOD

FOX MOVIES

MOV

06.30 Bom Dia Portugal Informação 10.00 A Praça Talk show em direto 13.00 Jornal da Tarde 14.15 Bem-Vindos a Beirais 15.00 Água de Mar Série portuguesa 16.00 Agora Nós 18.00 Portugal Em Direto Informação 19.00 O Preço Certo 20.00 Telejornal 21.00 The Big Picture 22.00 The Voice Portugal 2015 Melhores Momentos 23.00 Guerra E Paz Série britânica

07.00 Zig Zag Espaço infantil 12.33 A Fé dos Homens 13.10 Ciclismo Volta à França 2016 Transmissão em direto 17.15 Zig Zag 20.04 Academia de Dança 20.32 Inesquecíveis Viagens de Comboio Série documental 21.30 Jornal 2 22.07 Hora da Sorte – Lotaria 2016 22.20 O Palácio Série britânica 23.10 Escrito na Pedra Documentário

06.00 Edição da Manhã Informação 08.45 A Vida nas Cartas – o Dilema 10.00 Queridas Manhãs Talk show 13.00 Primeiro Jornal 14.30 Dancin’Days Novela portuguesa 15.45 Grande Tarde 19.00 I Love Paraisópolis Novela brasileira 20.00 Jornal da Noite 21.30 Coração d’Ouro 22.30 Rainha das Flores 23.30 Verdades Secretas

06.30 Diário da Manhã Informação 10.10 Você Na Tv Talk show em direto 13.00 Jornal da Uma Informação 14.44 Deixa Que Te Leve Novela portuguesa 15.15 Mundo Meu Novela portuguesa 16.00 A Tarde É Sua 19.14 Massa Fresca Série juvenil portuguesa 20.00 Jornal das 8 21.33 A Única Mulher Terceira temporada 22.43 Santa Bárbara

14.00 Signs – Sinais 15.50 Lembra-te de Mim 17.45 Na Corda Bamba 19.35 Não Chamem a Polícia 21.30 Mandela: Longo Caminhopara a Liberdade 00.00 Munique 02.45 Passado Infernal 04.15 O Mensageiro

11.58 Era Uma Vez na China 14.12 Assalto ao Carro Blindado 15.48 Top Gun – Ases Indomáveis 17.33 Um Ritmo Perfeito 19.20 Rocky 21.15 O Maneta de Ferro 22.44 Sabata 00.26 Ultravioleta 01.50 Taxi Driver 03.39 Detonação

15.50 16.35 17.20 18.05

22.00 The Voice Portugal 2015

› Doze compactos

de vários momentos que marcaram a edição do concurso The Voice Portugal 2015, com Vasco Palmeirim e Catarina Furtado.

23.45 Batman – O Início 02.15 Ciclismo Volta À França 2016 – Resumos 02.45 Números do Dinheiro Informação 03.30 Os Nossos Dias

23.36 The Coca-Cola Case

› Um documentário

de Carmen Garcia e Germán Gutiérrez sobre a reconhecida marca Coca-Cola e os direitos laborais na América Latina.

23.36 The Coca-Cola Case Documentário 00.33 Concertos Comentados Casa da Música 01.44 Esec-Tv 02.14 Euronews Informação

22.30 Rainha das Flores

› Narcisa rouba tudo

o que há de valor nos quartos de Rosa e Sofia e ainda as pratas que estão na sala. Depois, monta um cenário típico de assalto.

00.30 CSI Cyber Série norte-americana 01.30 Ray Donovan Série norte-americana 02.30 Jura

21.33 A Única Mulher

› A notícia da morte

macabra de Denise corre depressa. Norberto, Henrique e Jorge mostram o bilhete do suposto suicídio de Denise ao agente Camacho.

23.55 Love On Top Extra 01.22 Super Quiz Concurso 02.55 Castle Série norte-americana 04.22 Love on Top 05.40 Queridas Feras

18.50 20.15 21.45 22.30 23.15 00.45 01.35

Defiance 12 Macacos Dead Zone As Crónicas de Shannara Desaparecida aos 16 À Caça de Fantasmas 12 Macacos Teen Wolf Missão Explosiva Banshee Teen Wolf

FOX

FOX LIFE

AXN

14.28 Hawai Força Especial 16.03 Scorpion 16.52 CSI 17.41 Investigação Criminal: New Orleans 19.29 Hawai Força Especial 21.18 Scorpion 22.15 Outcast 23.10 Wayward Pines 00.06 O Incrível Hulk 02.10 Velozes e Furiosos

12.35 Rizzoli & Isles 14.05 Stealing Paradise 15.38 Rookie Blue 17.09 The Good Sister 18.10 Rookie Blue 20.25 Em Contacto 21.24 Rizzoli & Isles 22.20 Um Lugar para Viver 00.17 The Surrogacy Trap 02.00 No Limite 02.56 Medium

08.38 Mentes Criminosas 09.25 Inesquecível 13.35 iZombie 15.15 Lara Croft: Tomb Raider 2: O Berço da Vida 17.19 Inesquecível 21.45 Desafio do Ano 23.35 iZombie 01.25 Inesquecível 05.08 Mentes Criminosas

HISTÓRIA

NATIONAL GEOGR.

GLOBO

17.42 Objetos Unidos da América 18.24 O Preço da História 19.06 Caça-Tesouros 20.35 O Preço da História – Louisiana 21.17 O Preço da História 22.00 Espanha, Ensaio de Uma Guerra 23.28 As Faces de Trump

13.40 Autoestrada Infernal 14.26 A Ciência da Estupidez 16.00 Pesca no Limite 17.32 SOS Automóvel 19.04 Presos no Estrangeiro 21.24 A Ciência da Estupidez 23.46 Primal Survivor 00.36 Mercado Negro 01.22 A Ciência da Estupidez

13.50 Renascer 14.50 História de Amor 15.50 BelaCozinha 16.15 Malhação 17.10 Araguaia 17.50 Mais Você 19.00 Chocolate com Pimenta 20.00 Totalmente Demais 21.00 Renascer 22.00 História de Amor 23.00 História 23.45 Araguaia

Vitória de Portugal em hóquei vista por 843 mil › A conquista do título de campeão europeu pela seleção portuguesa de hóquei em patins, que derrotou a formação italiana na final, foi o quarto programa mais visto do dia, tendo registado uma audiência média de 8,7% e 22,9% de share. AUDIÊNCIA MÉDIA

SHARE

1 A Única Mulher III (TVI)

18,8%

26,5%

2 Coração d’Ouro (SIC)

10,4%

25,1%

3 Alta Definição (SIC)

9,7%

31,4%

4 Hóquei: Itália-Portugal (RTP1)

8,7%

22,9%

5 Primeiro Jornal (SIC)

7,5%

22,7%

6 Jornal da Uma (TVI)

7,0%

21,2%

7 Love on Top 2 - Gala (TVI)

6,7%

23,3%

8 Jornal da Noite (SIC)

6,6%

21,1%

9 Jornal da Tarde (RTP1)

6,2%

18,8%

10 Telejornal (RTP1)

5,8%

20,1%

11 Jornal das 8 (TVI)

5,8%

18,7%

12 Inspetor Max (TVI)

5,7%

22,4%

13 E-Especial (SIC)

5,3%

20,4%

14 Donos Disto Tudo (RTP1)

4,3%

13,4%

15 Filme: Presos no Paraíso (SIC)

4,2%

17,1%

SHARE DIÁRIO – SÁBADO RTP1 14,5

RTP2 3,4

SIC 17,9

TVI 17,2

Cabo Outros* 37,8 9,2

*CONTABILIZA VÍDEO, GRAVAÇÕES, SATÉLITE INTERNACIONAL, CONSOLAS, INTERNET NA TV E OUTROS CANAIS DO CABO. DADOS: CAEM

A PROGRAMAÇÃO COMPLETA DOS CANAIS TEMÁTICOS DE CABO E IPTV EXIBIDOS EM PORTUGAL ESTÁ DISPONÍVEL TODAS AS SEXTAS-FEIRAS NA REVISTA EVASÕES, QUE SE PUBLICA COM O DIÁRIO DE NOTÍCIAS.

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MEDIA

Segunda-feira _18 de julho de 2016. Diário de Notícias

Jô Soares. Globo quer rosto do Big Brother para substituto BRASIL Pedro Bial é o preferido da estação para ocupar o espaço na grelha que será deixado vago, no final do ano, pelo Programa do Jô

Maradona foi capitão da Argentina quando esta venceu o Mundial de 1986, ano em que venceu a Bola de Ouro

Maradona. Vida de altos e baixos inspira nova série TV. A estação argentina Telefe anunciou uma “superprodução” biográfica sobre o ícone do futebol. Maradona, de 55 anos, confessa estar “feliz e entusiasmado” com o projeto televisivo Tomas Yankelevich, diretor de conteúdos e negócios do canal Telefe, fotografado ao assinar o acordo de coprodução com Maradona. “Ele é o melhor jogador de sempre”, disse

NUNO CARDOSO

“Cada mês da minha vida tem conteúdo suficiente para se escrever cem capítulos. Tudo o que eu já vivi excede a ficção.” As palavras são de Maradona, quando assinou o contrato com Tomas Yankelevich, diretor de conteúdos e negócios da estação argentina Telefe, para a produção conjunta de uma nova série que vai relatar a vida e a carreira do ícone do futebol, hoje com 55 anos. “Estou feliz e entusiasmado com o desenvolvimento deste projeto por parte da Telefe e para todo o mundo. Esta é a história da minha vida”, disse o ex-futebolista em comunicado. A série, que foi descrita pela emissora como uma “superprodução”, com o objetivo de ser exportada para os canais dos quatro cantos do mundo, ainda está numa fase embrionária, pelo que ainda não se sabem os nomes dos atores que irão integrar o elenco, de quantos episódios será feita a série, ou até a data de estreia. Ainda assim, a imprensa internacional adianta que a trama irá incluir

os altos e os baixos da vida e da carreira de Diego Armando Maradona, abordando a sua popularidade e eficiência dentro do campo, mas também algumas das suas relações mais difíceis, a pressão da fama e do mediatismo e a sua luta contra a dependência das drogas – foi reportado, em 2000, que uma overdose de cocaína quase matou o ícone do mundo da bola. No argumento da série estará, também, e obviamente, a vitória de Maradona no Mundial de 1986, no México, enquanto capitão da

Argentina, a seleção vencedora dessa edição e a qual veio mais tarde a treinar, entre 2008 e 2010. Foi também nesse ano da década de 1980 que venceu a Bola de Ouro, tendo sido considerado o melhor jogador do mundo. A trama irá segui-lo também nas suas passagens pelos campeonatos espanhol (no Barcelona ou no Sevilha), italiano (Nápoles) ou brasileiro (Boca Juniors). A Telefe, estação líder na Argentina, não esconde o entusiasmo e as altas expectativas para a reação

do público a esta nova série. “Este é um desafio incrível como produtor, o de pensar na forma como vou transformar em ficção a vida do melhor jogador de sempre, e daquela que é, provavelmente, a pessoa mais famosa em todo o mundo”, frisou em comunicado o responsável pela estação Telefe Tomas Yankelevich. “Queremos que seja uma superprodução sem precedentes e um conteúdo global que não tenha fronteiras”, acrescentou o diretor, mostrando uma imagem ao lado de Maradona. O argentino é o mais novo caso de uma tendência cada vez mais visível na ficção televisiva. Para além de Maradona, séries recentes inspiradas diretamente na vida de figuras públicas incluem The Young Pope, sobre o Papa Francisco – interpretado por Jude Law; Narcos, a aclamada trama da Netflix sobre o império da droga de Pablo Escobar, ao qual dá vida Wagner Moura; o telefilme do canal Showtime Whitney, sobre a vida de Whitney Houston; ou The Crown, a produção britânica protagonizada por Claire Foy sobre os primeiros anos do reinado de Isabel II.

A Globo parece já ter escolhido o homem que vai apresentar um talk show diário no mesmo horário de programação em que está agora o Programa do Jô, atualmente na sua reta final com a última temporada. Segundo avança a imprensa brasileira, o eleito pela estação brasileira é Pedro Bial, apresentador do Big Brother Brasil, o reality emitido pela mesma emissora. O jornal Folha de S. Paulo adiantou ontem que a Globo não confirma oficialmente o novo dono do espaço na grelha ocupado há 16 anos consecutivos por Jô Soares, mas avança que essa hipótese está em cima da mesa. Ao que parece, a estação brasileira está a tentar encontrar uma forma de Pedro Bial conseguir conciliar os dois programas em antena. Se essa situação não se verificar, os media especulam que a Globo poderá optar por reduzir a duração do seu novo talk show, em vez de emiti-lo durante o ano inteiro – Jô Soares só tem três meses de férias do formato, entre janeiro e março. Recorde-se que foi em fevereiro último que a Globo, que fez recentemente história ao exibir a primeira cena de sexo entre dois homens numa novela em horário nobre, anunciou que um dos seus programas mais emblemáticos se preparava para chegar ao fim. A estação acrescentou, nessa altura, que a decisão foi tomada de acordo com o veterano comunicador de 78 anos. “Já estava combinado havia dois anos, desde que eu renovei contrato. Farei esta última temporada com muito carinho e prestando homenagens a alguns convidados”, frisou na altura Jô Soares. N.C.

O apresentador de 58 anos começou como jornalista na TV brasileira

MEDIA

Mais um sonho realizado. O campeão Quaresma já foi batizado

NUNO PINTO FERNANDES / GLOBAL IMAGENS

çou três pombas da varanda da igreja, em sua representação e dos dois filhos que também foram batizados 2. O internacional português no momento em que recebeu o sacramento, na Igreja de Pero Pinheiro 3. Eliseu foi um dos futebolistas presentes na cerimónia 4. Carlos Martins também não faltou ao batizado do colega de profissão e amigo 5. No final da cerimónia, um grupo de motards felicitou Quaresma por aquele que foi um dia “tão importante” na vida do futebolista 3

2

JOSÉ ALVES FOTOGRAFIA

um forte abraço ao padre Avelino, que conduziu a cerimónia na qual estiveram presentes cerca de 150 Este tem sido um mês de emoções pessoas, entre familiares próximos fortes para Ricardo Quaresma. Oi- e amigos. Foi o caso de Eliseu, jogador do to dias depois de se ter sagrado campeão da Europa pela seleção Benfica – e que, à semelhança de portuguesa de futebol, Ricardo Quaresma, também integrou o Quaresma realizou outro sonho lote dos 23 convocados por Ferantigo. O futebolista foi batizado nando Santos para o Euro 2016 –, ontem, na Igreja de Pero Pinheiro, um dos convidados deste triplo em Sintra, juntamente com os dois batizado. Também Carlos Martins, filhos mais novos, Ricardo, de 3 que atualmente joga ao serviço do Belenenses, assistiu àquele que foi anos, e Kauana, de 7 meses. A cerimónia começou por volta “um dia muito importante” na das 13.00 e durou cerca de 40 minu- vida de Quaresma, conforme o tos. Ao lado de Ricardo Quaresma, próprio anunciou no seu blogue. Uma das ausências de 32 anos, esteve a mais notadas na festa companheira, Dafne, foi a de Cristiano Roque foi a responsável De férias em naldo. O capitão da pelos preparativos da Ibiza, Cristiano seleção portuguesa festa, uma vez que o de futebol encontrafutebolista apenas reRonaldo foi um -se de férias em Ibiza, gressou a Portugal na dos ausentes na companhia da fapassada segunda-feimília, motivo pelo ra, dia 11, depois de qual não conseguiu ter sido campeão. O internacional português e o fi- estar presente no batizado do colelho, que também foi batizado on- ga e amigo. Terminada a cerimónia e antes tem, entraram na Igreja de Pero Pinheiro vestidos de igual, com um de seguir para a festa, Ricardo Quafato em tons azul-pastel assinado resma lançou três pombas brancas pelo alfaiate Paulo Battista Olivei- da varanda da igreja, cada uma dera. Curiosamente, também o fute- las em representação do jogador e bolista Adrien Silva usou um fato dos dois filhos que foram batizado mesmo autor para o seu casa- dos. Antes de seguir para a festa, mento com Margarida Neuparth, que decorreu na Quinta de Pizões, em Colares, também em Sintra, os realizado neste sábado. Para madrinha, Quaresma esco- convidados foram surpreendidos lheu Matilde Ribeiro, diretora do por um grupo de motards, que feliserviço de Cirurgia Plástica e Re- citaram Quaresma. O menu de almoço da festa inconstrutiva do IPO do Porto, com quem tem uma relação de grande cluiu pratos como creme de lagosamizade. Além dos dois filhos mais tins com tosta de camarão, rolinovos, o jogador do Besiktas tam- nhos de linguado recheados com bém contou com a companhia da camarão e gratinado de legumes, filha mais velha, Ariana, de 6 anos, lombo de javali com arroz de açafruto da sua anterior relação com frão e cenouras às cores, sorbet de Cátia Costa. Depois de ter recebido limão com champanhe bruto e seo sacramento e antes de abando- mifrio de frutos silvestres. E, claro, nar a igreja, Ricardo Quaresma deu bolo de batizado. MÁRCIA GURGEL

1.Ricardo Quaresma lan-

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NUNO PINTO FERNANDES / GLOBAL IMAGENS

ontem o sacramento na presença de cerca de 150 convidados. Filhos também foram batizados

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NUNO PINTO FERNANDES / GLOBAL IMAGENS

Cerimónia. Internacional português recebeu

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NUNO PINTO FERNANDES / GLOBAL IMAGENS

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DESPORTO

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Everton quer Patrício. Mas só uma proposta milionária o tira de Alvalade Sporting. O treinador Ronald Koeman pretende um guarda-redes de topo e elegeu o melhor do Euro 2016. A cláusula é de 45 milhões de euros e Bruno de Carvalho já avisou que não está interessado em negociar ofertas pelo guardião

Rui Patrício, guarda-redes do Sporting que foi considerado o melhor guardião do Euro 2016, é pretendido pelo Everton, clube da Premier League inglesa. De acordo com a imprensa britânica, Ronald Koeman, antigo treinador do Benfica e atual técnico dos toffees, está no mercado à procura de um guardaredes de topo, depois da saída do veterano Tim Howard (37 anos) para a MLS, e vê no internacional português o substituto ideal. Curiosamente, Ronald Koeman, que esta época trocou o Southampton pelo Everton, deu recentemente o exemplo da seleção portuguesa que se sagrou campeã da Europa como modelo a seguir: “Temos excelentes jogadores no plantel e alguns bons valores individuais. Mas vejam o exemplo da seleção de Portugal: não eram a equipa com mais qualidade mas venceram o Europeu. Na maioria das vezes o mais importante é o espírito, a ambição, o carácter e a união entre todos.” Apesar de o Everton, tal como a grande maioria das equipas inglesas, ter nesta época um budget generoso para gastar em reforços (devido aos milhões que os clubes garantiram com o negócio das transmissões televisivas), a contratação de Rui Patrício não será nada fácil. Logo à partida porque Bruno de Carvalho não tem intenção de negociar o guarda-redes e porque a cláusula de rescisão do guardião é de 45 milhões de euros, um preço proibitivo para um guarda-redes. Já durante o Europeu de França, em declarações ao jornal espanhol Marca, o presidente do Sporting tinha deixado bem vincada a sua intenção de segurar o guarda-redes. “Queremos que acabe a carreira no Sporting. Fazemos uma aposta no plano desportivo, não queremos ofertas. Conhecemos o mercado mas o Rui é muito importante aqui. Tem uma mística especial para o clube. Queremos ser campeões”, disse Bruno de Carvalho, como que a avisar os interessados que o guarda-redes só poderá sair mediante o pagamento da cláusula de rescisão. As grandes exibições no Europeu de França, sobretudo na final contra os gauleses, fizeram dispa-

MICHAEL DALDER/REUTERS

NUNO FERNANDES

Patrício esteve em grande no Europeu: defendeu um penálti no desempate com a Polónia e foi decisivo na final com a França

Bruno de Carvalho quer que Rui Patrício acabe a carreira no Sporting

rar a cobiça pelo guarda-redes internacional português. Recentemente, em declarações ao DN, o lendário Dino Zoff garantiu que o guardião leonino tem neste momento lugar em qualquer equipa de topo da Europa, reconhecendo inclusivamente que Rui Patrício lhe faz lembrar Gianluigi Buffon em alguns aspetos. Slimani na lista do Nápoles Até dia 31 de agosto, dia em que encerra o mercado nas principais ligas europeias, muita coisa pode ainda acontecer em Alvalade. João Mário está a ser alvo de grande cobiça da parte do Inter de Milão, e ontem a imprensa italiana noticiou que o Nápoles tem Islam Slimani na agenda.

O avançado internacional argelino dos leões volta às cogitações da equipa italiana no âmbito de um meganegócio que poderá levar Gonzalo Higuaín para a Juventus a troco de 94,7 milhões de euros, noticiou ontem o jornal La Gazzetta dello Sport. Caso a transferência de Higuaín se concretize, a equipa napolitana treinada por Luciano Spalletti já tem uma lista de potenciais substitutos, onde consta o nome de Slimani, ao lado de craques como Icardi (Inter Milão), Álvaro Morata (Real Madrid), Simone Zaza (Juventus) e Kalinic (Fiorentina). Slimani, 28 anos, é um jogador com muito mercado, sobretudo depois da excelente época que realizou em 2015-16, que terminou com 31 golos marcados pelos leões em todas as competições oficiais. Mas a verdade é que todas as propostas que a SAD leonina recebeu ficaram longe dos valores pretendidos – até ao dia 15 de julho esteve blindado com uma cláusula de rescisão de 30 milhões de euros, mas a partir dessa data é o Sporting que dita as regras sobre o valor para o negociar.

Podence: “Sou só um miúdo que apareceu agora” PROMESSA Jovem avançado quer agradar a Jesus para ficar no plantel principal. E diz que tem aprendido muito com Slimani

Daniel Podence, 20 anos, tem sido uma das figuras do estágio de pré-temporada que o Sporting está a realizar na Suíça e deixou boas impressões sobretudo no jogo contra o Stade Nyonnays, onde foi o autor de um dos golos da vitória. O objetivo do avançado é impressionar Jorge Jesus e ficar integrado no plantel principal, ele que na época passada atuou na equipa B e foi chamado uma vez por Jesus para participar num jogo da Taça da Liga. “Não penso noutra coisa. O foco é só esse, estou a dar muito de mim, vou crescer muito mais nesta época. Comecei bem, mas inte-

ressa é como acaba, espero terminar muito melhor, tenho todas as condições para isso. O mister é a melhor pessoa para me indicar o caminho. Pede-me para correr muito, para defensivamente dar muito mais de mim, porque a nível atacante sei o que fazer. É correr, correr e correr”, disse. Podence reconheceu que tem aprendido muito com Islam Slimani, a principal referência do ataque dos leões. “O Slimani é um jogador mais velho, mais experiente e tem outro andamento. Eu sou só um miúdo que apareci agora. Ele dá-me muitos conselhos. Quantos mais minutos jogar ao lado dele maior entrosamento vai existir entre nós”, atirou, desvaloriando as duas derrotas no estágio da Suíça frente a Mónaco e Zenit: “Os adversários são do nível da Champions e isso dificulta-nos a tarefa porque começámos há pouco tempo.”

Segunda-feira _18 de julho de 2016. Diário de Notícias

DESPORTO

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OSNABRÜCK FC PORTO André Silva foi titular ao lado de Aboubakar e marcou o golo que valeu a vitória do FC Porto sobre os alemães do Osnabrück

ESTÁDIO: Stimbergstadion,

em Oer-Erkenschwick

LEHMANN DERCHO

PISOT

SCHULZ

SAVRAN

EURO 2016 Responsável pela

ARSLAN REIMERINK

HEIDER

WILLERS

GROSS RUSCHMEIER

LEONEL DE CASTRO/GLOBAL IMAGENS

ABOUBAKAR

Vitória sem brilhar num “treino mais sério”

ANDRÉ SILVA

JOSUÉ HERRERA

BRAHIMI RÚBEN NEVES

LAYÚN

MARCANO

FELIPE

MAXI PEREIRA

JOSÉ SÁ JOGARAM AINDA:

Osnabrück – Bleker, Kristo, Hohnstedt e Sangaré. FC Porto – Andrés Fernández, Varela, João Carlos Teixeira, Alex Telles, Corona, André André, Otávio, Chidozie, Hernâni, Diego Reyes e Quintero.

GOLOS:

1-0: 6 m, por Ruschmeier, num remate dentro da área. 1-1: 35 m, por Marcano, num cabeceamento após canto de Brahimi. 1-2: 64 m, por André Silva, num remate à entrada da área.

OS REFORÇOS

FC Porto. Dragões começaram a perder, mas tomaram sempre conta do jogo e a reviravolta foi natural. Nuno Espírito Santos gostou GONÇALO LOPES

O FC Porto continua invencível nesta pré-temporada. Ontem bateram o Osnabrück, equipa da III Divisão alemã, por 2-1, no primeiro confronto do estágio em terras germânicas, mas a exibição dos azuis e brancos voltou a não encantar, tal como no triunfo (10-0) sobre o Valadares e no empate (11) com o Rio Ave. Os dragões entraram em campo num ritmo bastante descontraído, até porque Nuno Espírito Santo, como disse no final da partida, pretendia apenas “um treino mais sério” diante dos alemães. A descontração era tal que aos seis minutos o FC Porto viu-se a perder, após uma desatenção defensiva de Marcano e Rúben Neves, que deram espaço a Ruschmeier para este rematar sem oposição. A estratégia portista mudou logo depois. Após o golo alemão, os azuis e brancos tomaram por completo conta da partida e não deram mais hipóteses ao adversário. É verdade que a exibição não encantava, mas as individualidades do FC Porto acabaram por sobressair. Josué era o comandante da equipa. Puxava pelo colegas, mandava-os “colocar o pé” e levava os dragões para a frente. No ataque, Aboubakar e André Silva eram os chefes de operação, mas tardavam em acertar na baliza. Bem tentavam o remate,

mas ora o guarda-redes alemão defendia ora saíam bem ao lado da baliza dos germânicos. E se os atacantes não acertavam, coube a um defesa central explicar como se fazia. Aos 35’, Brahimi cobrou um pontapé de canto e o espanhol Marcano surgiu mais rápido do que todos a materializar o ascendente portista. A partida não estava bonita, jogava-se a um ritmo lento, mas era sempre o FC Porto que procurava mais. Mesmo sem o tal brilhantismo. O Osnabrück limitava-se a tentar surpreender em contra-ataques, mas depois do erro do golo

REAÇÕES

“Tivemos coisas boas, coisas menos boas, mas destaco a eficácia. Tivemos bons movimentos através das nossas ideias de ataque e de criação de jogo.” “É uma opção clara nossa jogar com dois avançados, um dos quais mais descaído, como também, por exemplo, é uma opção clara jogar com o Silvestre Varela a lateral direito.” NUNO ESPÍRITO SANTO TREINADOR DO FC PORTO

inaugural a defesa não mais quebrou. Os jogadores de Nuno Espírito Santo mereciam mais do que o empate ao intervalo, mas não conseguiram derrubar a muralha defensiva alemã mais do que uma vez. Para a segunda metade, Nuno Espírito Santo fez uma autêntica revolução, substituindo seis jogadores ao intervalo. O jogo, contudo, manteve-se igual. Sempre o FC Porto a comandar, mas a um ritmo lento, a um ritmo de treino, como o técnico pediu. Houve aqui e ali um pouco mais de velocidade, até porque entraram jogadores como Otávio, Hernâni ou Varela (este, curiosamente, para lateral-direito, depois de muitos anos a jogar como extremo, tanto no FC Porto como na seleção nacional), mas não o suficiente para os adeptos se levantarem das cadeiras e aplaudirem com entusiasmo este novo FC Porto. Fizeram-no quando André Silva aos 64’ disparou fora da área e colocou os dragões na frente, mas pouco mais se ouviram até ao final da partida, num dia de bastante sol e calor. Aos 73’, o internacional colombiano Quintero teve uma grande oportunidade para fazer o 3-1, mas acabou por falhar uma grande penalidade, com Lehman a defender e a tornar-se o grande destaque da partida. Não fosse por ele, a sua equipa tinha saído goleada.

Collina diz que Payet não quis magoar Ronaldo

FELIPE › Pode ser o pa-

trão da defesa deste FC Porto. É verdade que os azuis e brancos sofreram um golo, mas sem culpas para o brasileiro. Sempre muito concentrado, com voz de comando no centro da área, esteve também perto de marcar num cabeceamento aos 23 minutos. JOÃO CARLOS TEIXEIRA › Tem bons pés e

uma grande leitura de jogo e ontem voltou a notar-se, ainda que apenas a espaços. Devido à falta de entrosamento com os seus colegas, o ex-Liverpool sentiu algumas dificuldades para estar sempre em cima das jogadas. O novo número 10 dos azuis e brancos, contudo, continua a prometer. ALEX TELLES › O lateral brasilei-

ro estreou-se a jogar pelo FC Porto na segunda parte e revelou grande disponibilidade para atacar. Teve várias combinações excelentes com Hernâni e João Carlos Teixeira e esteve perto de fazer uma assistência para André Silva. Nota positiva para o lateral-esquerdo.

arbitragem da UEFA considerou o lance em que CR7 teve de sair lesionado como um “episódio infeliz” Quando Cristiano Ronaldo saiu lesionado, ainda na primeira parte da final do Campeonato da Europa, diante da França, foram muitos os que criticaram a entrada do gaulês Payet, que atirou CR7 para fora de campo. Pierluigi Collina, contudo, não concorda. O responsável máximo pela arbitragem da UEFA considera que o lance foi apenas “um episódio infeliz”. “Devemos dizer apenas duas coisas sobre esse lance. Primeiro, a entrada de Payet era falta. Se era merecedora de cartão amarelo? Acho que isso é discutível, mas a dinâmica da jogada, que levou joelho contra joelho, foi casual. Foi apenas um episódio infeliz, Payet não queria magoar Cristiano Ronaldo”, disse o dirigente italiano. Pierluigi Collina fez também uma análise global ao comportamento dos árbitros no Campeonato da Europa, considerando que a arbitragem saiu por cima nesta competição que Portugal acabou por vencer. “Temos recebido muitos elogios e palavras de louvor expressas, por exemplo, por treinadores de destaque, como Alex Ferguson e Arsène Wenger”, referiu o antigo árbitro, salientando que para o sucesso da arbitragem no Euro 2016 foi determinante também a introdução de algumas técnicas de análise às equipas e aos jogadores. “Neste Campeonato da Europa inovámos em algumas situações e uma delas foi o estudo que fizemos às equipas e às características técnicas dos jogadores, que é determinante para prevermos algumas situações que poderiam apanhar os árbitros de surpresa e que por vezes leva a erros de arbitragem”, afirmou Collina, revelando-se também satisfeito pelos poucos cartões amarelos mostrados por conduta antidesportiva ou simulações. “Dentro de um total de 205, no nosso entender, houve apenas nove cartões amarelos devido a conduta inapropriada por parte dos jogadores e um outro por simulação. Há a destacar também apenas um cartão vermelho direto, no jogo entre a França e a República da Irlanda, mas nesse caso o jogador que tinha a bola estava com possibilidades de marcar um golo e essa oportunidade foi-lhe negada ilegalmente. Isto tudo demonstra que todas as análises que fizemos antes dos jogos tiveram os seus frutos”, concluiu.

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DESPORTO

Velazquez é desejado na Luz... mas há concorrência de Itália

DENIZ CALAGAN/EPA

BENFICA Jovem médio de 22 anos tem-se destacado ao serviço do Rubio Ñu. Entrada imediata depende de uma eventual venda

O golo apontado por Aurélio Buta que permitiu à seleção portuguesa empatar com a Itália

Empate coloca Portugal nas meias e no Mundial sub-20 Europeu sub-19. Seleção comandada por Peixe empatou com a Itália e ficou no primeiro lugar do Grupo B. Adversário é conhecido hoje GONÇALO LOPES

Portugal garantiu ontem o apuramento para as meias-finais do Campeonato da Europa de sub-19 depois de empatar, 1-1, com a Itália, na última jornada da fase de grupos. Um resultado que coloca também a seleção orientada por Emílio Peixe no Mundial sub-20 do próximo ano, que terá lugar na Coreia do Sul. Tudo isto, curiosamente, aconteceu precisamente uma semana depois de a seleção principal se sagrar campeã da Europa em França. O jogo até começou mal para Portugal, que aos 15 minutos já estava a perder, fruto de um golo de Dimarco, na cobrança de uma grande penalidade, a castigar falta de Rúben Dias. No entanto, os jovens portugueses nunca desistiram e logo tomaram conta das rédeas do jogo. Criaram várias oportunidades de golo, duas das quais flagrantes, por intermédio de Almeida (36’) e Diogo Gonçalves (45+1), mas faltou alguma concentração na hora de finalizar, pelo que chegaram ao intervalo a perder. O segundo tempo foi um pouco a imagem do que aconteceu nos primeiros 45 minutos. Uma Itália a procurar defender o resultado, que lhe garantia o primeiro lugar do grupo e também o apuramento, e Portugal a correr atrás do prejuízo. Tanto tentaram que acabaram, justamente, por conseguir o empate, a seis minutos do final, com Auré-

lio Buta, jogador do Benfica que substituiu Bruno Xadas poucos minutos antes do intervalo, a finalizar uma assistência de Francisco Ferreira. No outro jogo do Grupo B, e para não complicar as contas de Portugal, ajudou também o facto da Alemanha, que jogava em casa, ter ganho à Áustria por 3-0. Os austríacos somavam dois pontos e em caso de triunfo igualariam Portugal e Itália com cinco. Com este resultado, a seleção comandada por Emílio Peixe conseguiu também o primeiro lugar do grupo, faltando agora definir quem

Golo do empate foi marcado por Buta, a poucos minutos do final do jogo

será o adversário de Portugal nas meias-finais da prova, que se realizam na quinta-feira, e que sairá do vencedor do jogo de hoje que oporá a Holanda à França. A seleção de sub-19 caminha assim para dar seguimento a um dos períodos mais vitoriosos de sempre do futebol português, que começou com a vitória dos sub-17 no Europeu disputado no Cazaquistão, em maio, e mais recentemente, precisamente há uma semana, quando a seleção principal bateu a França na

final e se sagrou pela primeira vez campeã da Europa. Pelo meio, e extra futebol, Portugal conquistou várias medalhas nos Europeus de atletismo (e uma de ouro na canoagem) e no sábado a seleção de hóquei em patins ergueu 18 anos depois a taça relativa ao campeonato da Europa. Cabe agora aos miúdos orientados por Emílio Peixe, ex-jogador de Sporting, Benfica e FC Porto, dar seguimento a esta boa onda. Asumah saiu da convocatória No jogo de ontem, o selecionador Emílio Peixe já não pôde contar com o extremo Asumah, que foi retirado da convocatória por dúvidas “no cumprimento dos pressupostos FIFA” e que por isso não irá voltar a jogar neste torneio. O jovem de 19 anos nasceu no Gana mas viveu em Portugal, antes de rumar à Holanda, onde atua no Willem II. Em causa não está a nacionalidade do futebolista (o pai vive e trabalha há 15 anos em Ermesinde), mas sim o facto de não estar provado que Asumah viveu pelo menos dois anos em Portugal como regulamenta a FIFA nestes casos de dupla nacionalidade. Algumas informações davam conta de queixas dos adversários de Portugal, dado que Asumah jogou já durante o Europeu, mas até ontem a UEFA não tinha recebido qualquer protesto, nomeadamente da Alemanha e da Áustria, as duas equipas que ficaram de fora das meias-finais.

Rui Vitória diz que está satisfeito com o atual plantel à sua disposição, mas a verdade é que ao Benfica ainda deverão chegar mais alguns reforços neste defeso. Um deles, segundo apurou o DN, poderá ser o médio paraguaio Diego Velazquez. Com apenas 22 anos, o jogador foi um dos destaques do campeonato daquele país da América do Sul ao serviço do Rubio Ñu e suscitou interesse de outros clubes, nomeadamente do campeonato italiano. O departamento de scouting do Benfica também fez o seu trabalho de casa e após vários pareceres positivos deu o OK à contratação do talentoso médio defensivo. A chegada do jogador neste defeso, contudo, está dependente de saídas do atual plantel. No entanto, a SAD benfiquista pretende segurar já Diego Velazquez e, fruto da muita cobiça ao capitão do emblema paraguaio, admite avançar para a sua contratação, podendo o jogador permanecer ainda mais uma temporada ao serviço do Rubio Ñu. Outra hipótese em cima da mesa, caso as águias não façam grandes alterações no atual meio-campo encarnado, é a possibilidade de o jogador vir para Portu-

SÉRIE A

Lazio volta a atacar central Jardel › O Benfica recusou uma primeira abordagem da Lazio pelo central Jardel. Os italianos ofereceram quatro milhões de euros pelo jogador de 30 anos, mas as águias recusaram. O clube transalpino, contudo, não desistiu e deverá avançar com nova proposta nas próximas horas, de acordo com o site Gazzamercato. Refira-se que os encarnados viajaram ontem para Inglaterra (já com Jonas, Jiménez e Lindelöf integrados) onde vão realizar um estágio de pré-temporada. Na próxima quarta-feira defrontam o Sheffield Wednesday, do treinador português Carlos Carvalhal.

gal e integrar numa primeira fase a equipa B, que disputa a II Liga. Esta hipótese, contudo, não parece agradar muito ao jovem jogador, até devido aos outros clubes interessados que atuam na Série A italiana. As boas relações entre os dois clubes, que nos últimos anos fez que chegassem à Luz jogadores como Derlis Gonzalez, Claudio Correa, Francisco Vera e Alan Benitez, poderá jogar a favor do Benfica no decorrer das negociações. Para já, contudo, ainda nada está definido. O empresário do futebolista está também ao corrente do interesse dos encarnados na contratação de Diego Velazquez, mas tem feito ver aos emissários do emblema português que o interesse de emblemas italianos é bastante forte. O Rubio Ñu terá, aliás, pedido cerca de três milhões de euros ao Bolonha para a transferência do seu capitão no último mês de maio. Fejsa tem muitos interessados Um dos fatores que poderiam levar o Benfica a avançar já para a contratação de Diego Velazquez, e para a sua incorporação imediata no plantel da Luz, seria a saída de jogadores como o internacional sérvio Fejsa, que tem sido alvo de cobiça por vários emblemas europeus. Os encarnados já receberam uma proposta de empréstimo da Fiorentina que, contudo, foi prontamente recusada pela SAD presidida por Luís Filipe Vieira. Tal como o DN revelou, o dirigente máximo do clube da Luz não descarta a saída de nenhum futebolista, mas apenas pelo valor considerado correto. E no caso de Fejsa, um dos indiscutíveis de Rui Vitória, o empréstimo está fora de hipóteses. Além da Fiorentina, o ex-jogador do Olympiacos da Grécia tem outros emblemas da Alemanha interessados na sua contratação. O médio de 27 anos renovou já neste ano pelo clube português, concretamente até 2019, e está satisfeito em Portugal. Ainda assim também não descarta uma saída para um campeonato como o alemão, mas apenas para um projeto desportivo que o atraia. As próximas semanas serão determinantes para o desfecho de qualquer destes processos, mas a verdade é que Diego Velazquez está mesmo no radar do clube da Luz. Ainda assim, as águias não vão entrar em loucuras pelo jovem de 22 anos. GONÇALO LOPES

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DESPORTO

“Portugal tem valor e legitimidade para vencer o título mundial” Hóquei em patins. Depois da conquista do Europeu já todos sonham com mais. Vítor Fortunato, um ex-campeão, diz que há valor para isso GONÇALO LOPES

Portugal sagrou-se no sábado campeão europeu de hóquei em patins, batendo a Itália na final por claros 6-2, e logo após o triunfo jogadores e selecionador apontaram ao título mundial, que se disputa no próximo ano na China. Este é um troféu que foge à seleção nacional de hóquei desde 2003, mas quem está por dentro da modalidade acredita que o sonho dos comandados de Luís Sénica é bem possível. Vítor Fortunato, antigo campeão europeu e mundial, acredita no título mundial e diz que Portugal tem razões para sonhar. “Portugal tem valor e legitimidade para vencer o título mundial. Não se podem considerar os favoritos apenas porque foram campeões europeus, mas podem sonhar devido ao grande valor que esta seleção tem. A vitória no Europeu foi uma autêntica limpeza,

Teresa Bonvalot sagra-se campeã da Europa SURF A portuguesa Teresa

Bonvalot conquistou ontem o título europeu de surf na categoria de juniores, ao derrotar a espanhola Ariane Ochoa nos quartos-de-final do Pena Txuri Pro, na praia espanhola de Sopelana. Depois de afastar Ochoa, segunda no circuito, a surfista de 17 anos chegou à final do campeonato basco, que perdeu frente à francesa Juliette Brice, ao somar 6,96 pontos. A surfista de Cascais venceu três das cinco etapas já realizadas do circuito europeu da Liga Mundial de Surf (WSL), na Costa de Caparica, em Espinho e na Corunha e terminou em terceiro em Biscarrosse. Mas o segundo posto de ontem permitiu-lhe festejar já um título inédito no setor feminino – Tiago Pires e Vasco Ribeiro venceram em masculinos.

provaram a clara superioridade e agora no Mundial, no próximo ano, têm mais que valor para trazer a taça para casa. Mas é preciso muito trabalho e cabeça, como tiveram neste Europeu”, disse Vítor Fortunato ao DN, explicando, no seu entender, até porque atualmente é também treinador, as razões para o sucesso em Oliveira de Azeméis. “O Luís Sénica soube trabalhar muito bem este grupo de jovens jogadores, com muito potencial. No entanto, creio que teve uma jogada de mestre ao juntar experiência a um grupo, repito, bastante jovem. Voltou a chamar o Ricardo Barreiros [34 anos] e o Reinaldo Ventura [38], que foram uma enorme ajuda. Ter um grupo jovem de grande valor é meio caminho andado para um grande futuro, mas juntar a esses jogadores outros experientes, que já ganharam muitos títulos importantes, foi um grande trunfo do Luís Sénica”, salientou o antigo internacional português, crente num

Vítor Fortunato foi campeão mundial e europeu por Portugal

grande futuro da modalidade em termos internacionais. “Como já disse, Portugal tem um grupo muito jovem, com jogadores que já venceram tudo pelos seus clubes, tanto a nível nacional como a nível internacional. Isso é importante para eles crescerem ainda mais. As grandes seleções, como a Argentina e a Espanha venceram muito nos últimos anos porque ti-

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nham jogadores muito experientes, mas agora têm de renovar as equipas e isso é um trabalho que Portugal já tem vindo a fazer nos últimos anos. O futuro é muito promissor, felizmente”, salientou o agora treinador. Sénica e o futuro do hóquei Luís Sénica, selecionador nacional, já por diversas vezes revelou o seu entusiasmo pelo futuro da modalidade. Ontem, em entrevista à TVI24, voltou a abordar o atual panorama do hóquei em patins, vaticinando a conquista de mais troféus num futuro próximo. “O último título europeu tinha sido conquistado há 18 anos em Paços de Ferreira nos penáltis. A partir daí houve um trabalho longo para voltar a ganhar. Esta diferença de tempo é significativa mas tivemos adversários fortes. Penso que o paradigma se está a inverter. Agora Portugal domina o hóquei em todas as frentes, não só em termos de seleções. O Benfica foi campeão europeu, o Barcelos ganhou a Taça CERS e as seleções de sub-23, sub-17 e sub-20 também foram campeãs da Europa e do mundo”, disse o selecionador, revelando depois o teor da conversa que teve ao intervalo com os seus jogadores, numa altura em que perdiam por 2-0 diante de Itália. “Fui muito sereno. Passei-lhes três ou quatro mensagens, fizemos uma alteração em termos de organização e depois disse-lhes: ‘Nos primeiros cinco minutos vamos marcar um golo.’ E aos dois minutos da segunda parte já tínhamos marcado”, afirmou o selecionador nacional.

Nélson Oliveira tentou surpresa mas quebrou perto do fim VOLTA À FRANÇA Ciclista português esteve envolvido em fuga, mas o colombiano Pantano acabou por ser o grande vencedor do dia

O colombiano Jarlinson Pantano (IAM Cycling) venceu ontem a 15.ª etapa da Volta à França, num dia em que o português Nélson Oliveira foi um dos destaques. O ciclista da Movistar esteve durante muitos quilómetros em fuga, mas acabou por quebrar o ritmo perto do final da etapa. Depois do terceiro lugar no contrarrelógio da última sexta-feira, Nélson Oliveira tentou novamente a sua sorte para conquistar uma etapa na Volta a França, mas o colombiano Jarlinson Pantano acabou por ser mais feliz do que o português nos últimos quilómetros da etapa, tendo terminado no 28.º lugar, a 3.07 minutos do vencedor. Com esta performance, Nélson Oliveira acabou por ganhar algumas posições na classificação geral, subindo agora ao 84.º lugar. Mas se o ciclista da Movistar teve um dia positivo o outro português em prova, Rui Costa, voltou a desiludir. O atleta da Lampre-Meridafoi 112.º na etapa e caiu do 52.º para o 60.º da geral. Por sua vez, o camisola amarela Chris Froome concluiu a montanhosa tirada lado a lado com os corredores que o sucedem na geral, pelo que mantém 1.47 minutos de vantagem sobre o holandês Bauke Mollema (Trek-Segafredo) e 2.45 sobre o também britânico Adam Yates (Orica-BikeExchange), respetivamente segundo e terceiro. Quando faltam seis etapas para o final da prova francesa, o britânico ainda não se vê como vencedor. “Falta ainda muito Tour e algumas das principais etapas estão a chegar. Temos de ir com calma. Toda a equipa está a fazer uma grande prova, mas é preciso ter muitas cautelas, de um momento para o outro tudo pode mudar. A vantagem não é significativa e há que seguir com muito trabalho e suor. Estou convicto de que posso vencer, mas para já ainda não faço a festa. Nem com cinco minutos de avanço estaria mais confiante. O Tour é a prova rainha do ciclismo, onde tudo muda de uma etapa para a outra”, salientou o ciclista da Team Sky. Hoje, véspera do segundo dia de descanso, o pelotão vai entrar em território suíço, na 16.ª etapa, uma ligação de 209 quilómetros entre Moirans-en-Montagne, ainda em França, e Berna.

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DESPORTO

Prata e bronze para Portugal na canoagem e no judo

FACEBOOK PAU VELA MAGGI

JUNIORES Tiago Tavares esteve em bom plano nos Europeus na Bulgária. No judo, João Martinho trouxe mais uma medalha

Os irmãos Xavi (à esquerda) e Pau com as bandeiras nos remos trocadas – o primeiro segura a da Espanha e vai representar o Brasil

Xavi e Pau. Os irmãos que vão representar países diferentes Jogos Olímpicos. O mais velho vai representar a Espanha no remo. O mais novo participa na mesma modalidade mas sob a bandeira do Brasil. As histórias cruzadas de um apuramento NUNO FERNANDES

Pau Vela Maggi e Xavi são irmãos e vão competir nos Jogos Olímpicos na modalidade de remo. Mas por estranho que possa parecer vão representar países diferentes – Pau sob a bandeira da Espanha e Xavi pelo Brasil. A história dos caminhos diferentes começa mais ou menos em setembro de 2015. Pau, 30 anos, o mais velho, conseguia um lugar nos Jogos Olímpicos do Rio. Nas bancadas, Xavi, o mais novo, assistia ao sucesso do irmão, mas ao mesmo tempo via esfumar-se o sonho de poder estar presente nas Olimpíadas, pois não era primeira escolha do selecionador espanhol. “Sentia-me como aqueles alunos que estudam muito. Estava seguro de que teria uma boa nota, mas a realidade é que no final não servia de nada”, contou Xavi ao jornal El País. Foi então que numa conversa com o irmão mais velho ambos começaram a desenhar uma nova oportunidade. “Xavi, vai para o Brasil e tenta o apuramento para os Jogos. Se não conseguires paciência, mas pelo menos ficas

com a certeza de que tentaste to- paraíso, no Chile. Estava carimbadas as possibilidades”, disse-lhe do o passaporte para os Jogos Pau. A ideia só era possível porque Olímpicos e o sonho de Xavi finalsão filhos de pai brasileiro e logo mente realizado. “No dia da classipodem representar os dois países. ficação virei-me para o William e Xavi nem pestanejou. Se queria disse-lhe: ‘Hoje vamos ganhar por cumprir o sonho de estar presente eles [numa referência à sua famínos Jogos Olímpicos tinha de ar- lia]’”, contou. Cerca de um ano e meio antes riscar. E no ano passado partiu para o Brasil para tentar a sua sor- desta vitória que o apurou para as te, recuperando a confiança perdi- Olimpíadas, Xavi e Pau viveram um da no Grêmio Náutico União: momento complicado, porque o ir“Queria gastar o meu último car- mão mais velho sofreu um acidente de viação – embatucho e conseguir alteu com a bicicleta cançar algo com que num carro a caminho sempre sonhei.” O início foi compli- Como são filhos de de casa. No hospital cado. Alguns colegas pai brasileiro, Xavi confirmaram-se os piores receios: Pau tiolhavam-no de lado, pode representar nha um rutura de liquestionando-se soo Brasil gamentos no pulso. bre o estrangeiro que A um ano do final do estava ali para lhes ciclo olímpico, as hiroubar uma vaga olímpica. Nessas alturas, sozinho, póteses de estar nos Jogos do Rio pensava no irmão, nos pais e na pareciam esfumar-se. “O mundo noiva para arranjar forças: “Eles abateu-se sobre mim. Estava em são os meus pilares. Se não fosse depressão e a pensar que não conpor eles teria ficado pelo cami- seguia remar mais”, contou Pau. Passou por duas operações e nho.” Até que o dia chegou. Xavi e o conseguiu recuperar a tempo, cabrasileiro William foram primeiros rimbando o passaporte para o Rio classificados nos Pré-Olímpicos ao lado de Àlex Sigurbjörnsson em sul-americanos em março, em Val- setembro de 2015.

Nas Olimpíadas do Rio, os irmãos Maggi não constam entre os favoritos para ganhar medalhas. Mas confiança não lhes falta. “Também ninguém esperava que conseguíssemos ganhar os Pré-Olímpicos. E a verdade é que conseguimos”, atirou Xavi. “Dizem que o destino não existe, mas as coisas parecem ter sido programadas. O nosso pai nasceu no Brasil, os dois filhos conseguiram classificar-se para os Jogos Olímpicos do Rio, e o meu aniversário é precisamente no dia 7 de agosto, quando começa a competição de remo”, acrescentou, lembrando que “são muitas coincidências juntas”. O facto de Xavi ter viajado para o Brasil para tentar a sua sorte e ir competir sob a bandeira de outro país não deixou tristes os responsáveis do CR Tortosa, o clube de remo que os dois irmãos representaram em Espanha. “Pelo contrário, para nós é uma alegria impressionante”, referiu Miquel Domènech, vice-presidente do Tortosa. “Para nós é como se tivéssemos três representantes nos Jogos Olímpicos: o Pau, o Àlex Sigurbjörnsson e também o Xavi”, completou, orgulhoso.

O português Tiago Tavares conquistou ontem a medalha de prata em C1 200 metros em sub-23 dos Europeus de canoagem de velocidade de juniores e sub-23, que se realizam em Plovdiv, na Bulgária. Tavares cumpriu a regata em 37,501 segundos, mais 0,055 segundos do que o lituano Vadim Korobov, que se sagrou campeão continental. Gonçalo Gamito e Messias Batista terminaram a final de K2 200 metros em juniores no quinto lugar, a mesma posição alcançada por João Pereira e Ruben Boas em K2 1000 do mesmo escalão. E por isso não chegaram às medalhas. Em K1 200 metros em sub-23, Hugo Rocha foi sexto, tal como Bruno Afonso e Nuno Silva em C2 1000 do mesmo escalão, enquanto os juniores Lucélia Graça, em K1 200, e Luís Santos, David Moço, Adriano Conceição e Diogo Patrício, em K4 1000, não foram além do oitavo lugar, o penúltimo da final. Também ontem, Adriano Conceição e Edgar Vieira encerraram a participação lusa nos Europeus com o nono posto na final de K2 200 em sub-23. Depois da competição continental, segue-se agora a participação nos Mundiais de sub-23 e juniores, a disputar em Minsk, na Bielorrússia, entre 28 e 31 de julho, onde mais uma vez se esperam medalhas para a comitiva portuguesa. Judo em alta na Taça Europeia O judo português também esteve ontem em bom plano na Taça Europeia de juniores, que decorre em Gdynia, na Polónia. Depois de na véspera David Reis ter conqusitado a medalha de ouro na categoria de -66 kg e Mariana Esteves e Maria Siderot o bronze, respetivamente em -52 kg e -48 kg, ontem João Martinho garantiu a medalha de bronze no segundo dia de competição da Taça da Europa de juniores de Gdynia. João Martinho (-81 kg) alcançou o pódio depois de vencer Lorenzo Rigano (Itália), Oleksandr Cherkai (Ucrânia) e Jim Heijman (Holanda). Também ontem, Jaime Santos, este na categoria de -90 kg, e Pedro Silva, em -100 kg, não foram além do sétimo lugar nos respetivos combates que protagonizaram na Taça Europeia de juniores que decorre na Polónia.

www.dn.pt SEGUNDA-FEIRA 18 de julho de 2016 Ano 152.º, N.º 53 781

Conselho de Administração Daniel Proença de Carvalho (Presidente) Vítor Ribeiro, José Carlos Lourenço, Pedro Coimbra, Rolando Oliveira, Luís Montez e Jorge Carreira (administradores) Propriedade Global Notícias Publicações, SA; Matriculada na Conservatória do Registo Comercial do Porto. Capital social: 6 334 285 euros. NIPC: 500096791 Sede R. Gonçalo Cristóvão, 195-219, 4049-011 PORTO Filial Av. da Liberdade, 266, 1250-149 LISBOA C Marketing e Comunicação Ana Marta Heleno (diretora) Publicidade Luís Ferreira (diretor-geral) Direção Comercial Paulo Pereira da Silva, Reinaldo Capela (agências ) e Luís Barradas (Diretos) Detentora de mais de 5% do capital social: Global Notícias - Media Group, SA Impressão Gráfica Funchalense (Rua da Capela da Nossa Senhora da Conceição, 50, Morelena, 2715-029 Pero Pinheiro); Naveprinter (EN, 14 (km 7.05) – Lugar da Pinta, 4471-909 Maia) Distribuição VASP; Registado na ERC com o n.º 101326. Assinaturas 707 200 508. Custo das chamadas da rede fixa 0,10€/minuto e da rede móvel 0,25€/minuto, sendo ambas taxadas ao segundo após o 1º minuto. Valores sujeitos a IVA. Dias úteis, das 7h às 18h. Fax: 21 924 19 95 – E-mail: [emailprotected].

HISTÓRIAS DE PESSOAS

UM PONTO É TUDO

Uma mentira do tamanho do monte Evereste

FERREIRA FERNANDES Jornalista

E a estação parva oficial ainda nem começou...

Dinesh e Tarakeshwari anunciaram ter sido o primeiro casal indiano a escalar o Evereste mas os outros alpinistas acusam-nos de ter manipulado as fotografias e comprado o certificado. O caso está a ser investigado pela polícia do Nepal

A

Dinesh Rathod e a sua mulher, Tarakeshwari, estavam felicíssimos. Os dois polícias de Pune foram o primeiro casal indiano a subir ao ponto mais alto da Terra, no passado dia 23 de maio. Publicaram no Facebook as fotos tiradas no cume do Evereste e receberam felicitações dos amigos. Alcançado este objetivo, contaram nas várias entrevistas que deram, iam agora concentrar-se num outro objetivo, até aqui adiado: ter filhos. Mas a alegria durou pouco. Um grupo de oito alpinistas denunciou o casal, dizendo que eles não tinham subido o Evereste e que tudo não passava de uma encenação. Perante os indícios, a 16 de junho, os montanhistas apresentaram uma queixa oficial na polícia de Pune. Até ao final de junho, foram prestadas declarações e apresentadas as provas – sobretudo as fotografias do casal. “As fotografias foram claramente alteradas”, afirmou Anjali Kulkarni ao jornal Mid Day. Observando com atenção as fotografias publicadas pelo casal, é visível que eles não têm a mesma roupa quando estão no acampamento e depois no topo da montanha. Até as botas são diferentes. “Conseguir trocar de roupa a meio da subida e não ficar congelado seria um milagre”, garantiu Kulkarni. Também foram detetadas algumas incongruências nos horá-

FOTO DO FACEBOOK

MARIA JOÃO CAETANO

Tarakeshwari e Dinesh Rathod numa fotografia tirada, supostamente, durante a subida

rios: Dinesh Rathod afirmou que escalado os dez picos mais altos atingiu o cume às 18.25 do dia 23 da Austrália quando, na verdade, de maio, mas a direção das som- apenas tinham subido cinco. O casal continua a negar as bras nas imagens indica que a acusações e a emfotografia foi tirada presa Makalu Adentre as 11.00 e o ventures, que orgameio-dia. Há ainda Incongruências nizou a viagem, gatestemunhos de rante que seguiu outros alpinistas foram detetadas to das as regras. que se lembram se por outros Mas a investigação vê-los no acampaalpinistas que está a decorrer mento-base, mas neste momento, ninguém os viu a pelo Ministério do subir a montanha. Como se tudo isto não bastas- Turismo do Nepal, parece dar se, esta já não é a primeira vez razão às acusações e, mais grave que os Rathod são acusados de ainda, o mais provável é que os mentir: em 2014 afirmaram ter sherpas que os guiavam tam-

bém devem estar envolvidos, pois é sua responsabilidade atestar a subida. Se a fraude for confirmada, Dinesh e Tarakeshwari deverão ser proibidos de viajar para o Nepal nos próximos cinco anos e ficarão proibidos de escalar as montanhas dos Himalaias durante mais dez anos. Além de perderem, obviamente, o seu certificado de subida do Evereste. Desde que começou a temporada de escalada, no passado dia 1 de maio, foram já pelo menos 400 os alpinistas que fizerem, com êxito, esta subida, de acordo com as autoridades oficiais.

estação parva, silly season, costuma dar forte em agosto mas neste ano adiantou-se. Em junho, tivemos o referendo inglês. Em si mesmo, um terramoto político europeu, para catalogar na pasta de “dramas de consequências impensáveis.” Mas lembro o brexit como legítimo protagonista de estação parva por causa da palhaçada que se lhe seguiu. Os criadores do drama, Cameron, Boris Johnson e Farage, demitiram-se da responsabilidade e o sonso Corbyn, ao contrário dos anteriores (que escolheram o seu lado no referendo), não se demitiu porque demitido é a sua situação natural. E, agora, em julho, tivemos o golpe militar turco. Outro terramoto e, desta vez, pelas pontes sobre o Bósforo, com consequências incalculáveis sobre dois continentes. Trago-o para aqui também pelo seu lado de estação parva: como as sanitas turcas, que não têm cerâmica, este golpe turco, de golpe, só teve o buraco. “Se estes são os meus inimigos, para que preciso eu de amigos?”, bem pode dizer o presidente Erdogan, que vai agora fazer a festa depois dos foguetes que ele próprio, provavelmente, deitou. Os dois episódios, de junho e julho, voltam a mostrar atitudes opostas, mesmo nos seus jogos de bastidores: os europeus brincam para ficar mais frouxos; nos seus jogos, os muçulmanos endurecem. Boris, novo ministro, será figurante fulgurante. Com Erdogan, mais presidente, não vai apetecer brincar. Na verdade, a silly season a sério é só para povos como nós, alegretes.

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CADERNO COMERCIAL | EDIÇÃO SUL Segunda-feira 18 de julho de 2016

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A

zul, preto, magenta, amarelo-canário, rosa- choque, laranja-fluorescente e verde-ácido são as cores que pintam toda a gama de Megalighters BIC®, ideais pa ra os serões de verão. Os isqueiros multiúsos BIC®, também disponíveis com ponta flexível, podem ser utilizados para acender churrascos, fogões exteriores e velas do jardim, de forma prática, rápida e segura. Disponível em sete tons diferentes de acordo com as últimas tendências da decoração de interiores, a coleção Megalighter Fluo dispõe de quatro tons: amarelo, verde, rosa e laranja fluorescentes, enquanto os modelos regulares e Flex apresentam-se em azul, preto e magenta.

INDICADO TANTO PARA USO EM INTERIORES COMO EXTERIORES, OS ISQUEIROS MULTIÚSOS DA BIC® PODEM ATINGIR ATÉ 750 CHAMAS, ESTÁVEIS E CONSTANTES

Os Megalighters BIC® dão cor à casa e jardim, criando ambientes de verão no seu lar. Indicado tanto para uso em interiores como exteriores, os isqueiros multiúsos da BIC® podem atingir até 750 chamas, estáveis e constantes. O corpo, de design ergonómico e moderno, contém o reservatório visível, permitindo um maior controlo sobre o nível de gás. Todos os Megalighters BIC® possuem um gancho retrátil que permite pendurar. Disponíveis para venda em hipermercados, supermercados e outras superfícies, com preços entre os 3,59 € e 3.90 €, consoante o modelo. A BIC é líder mundial em artigos de papelaria, isqueiros e sistemas de barbear descartáveis. Durante os mais de 65 anos da sua ativi-

dade, a BIC sempre honrou a sua tradição de oferecer a mais alta qualidade aos preços mais acessíveis. Através desta dedicação aos consumidores, a BIC tornou-se uma das mais reconhecidas marcas em todo o mundo. Os produtos BIC são vendidos em mais 160 países e, por dia, a BIC vende 25 milhões de artigos de papelaria, 6

milhões de isqueiros e 11 milhões de produtos de barbear. A marca está cotada na “Euronext Paris” e faz parte do SBF120 e do CAC Mid 60. A BIC faz ainda parte dos seguintes índices de Investimento Socialmente Responsável (SRI): FTSE4Good Europe, ASPI Eurozone e Fórum Europeu de Excelência Ethibel. 

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Diário de Notícias Segunda-feira, 18 de julho de 2016

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CARTÓRIO NOTARIAL DE SETÚBAL SANDRA BOLHÃO

EXTRACTO Eu, SANDRA MORAIS TELES BOLHÃO, Notária com Cartório em Setúbal, na Avenida Bento Gonçalves, número 20-C, CERTIFICO, para efeitos de publicação, que por Escritura de Justificação lavrada neste Cartório no dia treze de Julho de dois mil e dezasseis, a folhas quarenta e cinco e seguintes do Livro Trinta e Um-A, JAIME FRANCISCO MACHADO RUAS, natural da freguesia de Azinheira dos Barros e São Mamede do Sádão, concelho de Grândola, casado sob o regime da comunhão de bens adquiridos com Maria José Sobral Pereira Figueira Ruas, residente na Rua José dos Reis, sem número, em Azinheira dos Barros e São Mamede do Sádão, Grândola, DECLAROU, que com exclusão de outrem, é dono e legítimo possuidor de METADE INDIVISA do PRÉDIO URBANO, com área total de quatrocentos e setenta e dois metros quadrados e área coberta de cento e doze metros quadrados, composto por morada de casas destinada a habitação, sito na Rua Mouzinho de Albuquerque, números 5 a 13, freguesia de Azinheira dos Barros e São Mamede do Sádão, concelho de Grândola, descrito na Conservatória do Registo Predial de Grândola sob o número MIL E NOVE, da citada freguesia, encontrando-se omissa a inscrição da referida metade, inscrito na matriz predial urbana sob o artigo 52, da freguesia de Azinheira dos Barros e São Mamede do Sádão. Que, entre os anos de mil novecentos e dezoito e mil novecentos e dezanove, Manuel Nobre, tio do justificante, adquiriu, por compra verbal, a pessoas que se desconhece a sua identificação, um lote de terreno. À data, não foi tal aquisição reduzida a escrito, por razões que se desconhece, sendo certo que o referido Manuel Nobre entrou na posse do terreno em causa, atuando sobre o mesmo como sendo coisa sua e logo por volta de mil novecentos e vinte, construiu no terreno um edifício destinado a cavalariças. Após o óbito de Manuel Nobre, ocorrido a vinte e oito de Junho de mil novecentos e cinquenta e cinco, o prédio urbano em causa passou para a titularidade de António Machado Ruas e Jaime Francisco Machado Ruas, que eram sobrinhos do falecido Manuel Nobre, por sucessão testamentária, tendo estes continuado os actos de posse que até ai vinham sendo exercidos pelo seu tio Manuel Nobre, nomeadamente, procederam a obras de requalificação do prédio em causa de modo a que o mesmo se transformasse em prédio habitacional. Do exposto, conclui-se que o justificante, conjuntamente com o seu irmão António Machado Ruas, e agora após a morte deste com os respetivos herdeiros, tem posse do prédio urbano desde óbito do seu tio. No entanto, metade do prédio ora em justificação não se encontra com titularidade inscrita e registada na Conservatória do Registo Predial competente a favor do ora justificante, dai que o mesmo venha justificar o direito de propriedade sobre metade do prédio em causa. Que, com exclusão de outrem, é ainda dono e legítimo possuidor de METADE INDIVISA do PRÉDIO URBANO, com área total de duzentos e sessenta metros quadrados e área coberta de cento e trinta metros quadrados, composto por morada de casas para habitação, que confronta a norte com Rua publica, a sul com Manuel Nobre, a nascente com Manuel Rodrigues da Silva e a poente com Rua Nova, sito em Rua Nova, freguesia de Azinheira dos Barros e São Mamede do Sádão, concelho de Grândola, descrito na Conservatória do Registo Predial de Grândola sob o número MIL E OITO, da citada freguesia, inscrito na matriz predial urbana sob o artigo 51, da freguesia de Azinheira dos Barros e São Mamede do Sádão. Que por volta de mil novecentos e catorze, Francisco Ruas, avô de António Machado Ruas e Jaime Francisco Machado Ruas, adquiriu, por compra verbal, a António Pereira Barradas, um lote de terreno, destinado a construção urbana, desconhecendo-se qual a inscrição que o mesmo terreno teria na matriz. Porém, à data, não foi tal aquisição reduzida a escrito, por uma razão ou por outra que se desconhece, sendo certo que Francisco Ruas passou a usar o prédio em causa como sendo coisa sua. Logo, em mil novecentos e quinze, Francisco Ruas construiu no terreno um prédio urbano, destinado a habitação, onde o mesmo veio a fixar a sua residência. Tanto o Francisco Ruas como o seu filho Francisco Espada Ruas, bem como ainda o António Machado Ruas e o Jaime Francisco Ruas, ao longo dos anos procederam à manutenção do prédio urbano, procederam a obras de reparação e pintura que sucessivamente foram sendo necessárias. Desde que o prédio por si e pelo António Machado Ruas foi adquirido por herança, por óbito de seu pai, que o justificante, em conjunto com o seu irmão António Machado Ruas, vem atuando como se fosse titular do direito de propriedade, agindo nessa qualidade e convicção. Por todos, desde mil novecentos e catorze, que o prédio em causa é tido como pertencendo sucessivamente a Francisco Ruas, ao seu filho Francisco Espada Ruas e mais recentemente a António Machado Ruas e a Jaime Francisco Machado Ruas, sendo estes tidos e conhecidos como proprietários únicos e exclusivos do prédio urbano em causa. Do exposto, conclui-se que o justificante, conjuntamente com o seu irmão António Machado Ruas, e agora após a morte deste com os respetivos herdeiros, tem posse do prédio urbano desde óbito do seu pai ocorrido em oito de Março de mil novecentos e sessenta e seis, até aos dias de hoje, posse esta boa para usucapião. No entanto, metade do prédio ora em justificação não se encontra com titularidade inscrita e registada na Conservatória do Registo Predial competente a favor do ora justificante, dai que o mesmo venha justificar o direito de propriedade sobre metade do prédio em causa. Que atendendo a que a duração da sua posse, há mais de vinte anos, se tem mantido continuamente e de forma ininterrupta, já adquiriram o referido imóvel, por USUCAPIÃO, invocando, por isso, esta forma originária de aquisição, para todos os efeitos legais. ESTÁ CONFORME. Setúbal, aos vinte de Junho de dois mil e dezasseis A Notária Assinatura ilegível Reg. sob o n.º 112 DN, 18 de Julho de 2016

REGULAMENTO:

rante Gago Coutinho, 48-A, 1700-031 LISBOA, nomeado nos Autos de Insolvência n.º 701/14.6TYLSB, a correr termos pela 1.ª Secção do Comércio - J3 - Instância Central Comarca de Lisboa, em que foi declarada insolvente LUGARES DIFERENTES - Construções, Lda., faz saber que, por deliberação da Assembleia de Credores, vai proceder à venda no estado físico e jurídico em que se encontram, por negociação particular e por meio de propostas que serão remetidas em carta fechada, dos seguintes bens imóveis: Prédio urbano com a área de 96,17 m2, sito na Av. dos Combatentes da Grande Guerra, n.º 100-B, descrito na Conservatória do Registo Predial de Santarém sob a ficha n.º 1604, da extinta freguesia de Santarém (São Nicolau), presentemente União das Freguesias de Marvila, Sta. Iria da Ribeira de Santarém, S. Salvador e S. Nicolau, inscrito na respetiva matriz sob o art.º 2818 da referida União das Freguesias. Prédio urbano com a área de 79,58 m2, sito na Av. dos Combatentes da Grande Guerra, descrito na Conservatória do Registo Predial de Santarém sob a ficha n.º 1606, da extinta freguesia de Santarém (São Nicolau), presentemente União das Freguesias de Marvila, Sta. Iria da Ribeira de Santarém, S. Salvador e S. Nicolau, inscrito na respetiva matriz sob o art.º 757 da referida União das Freguesias;

• As propostas serão remetidas, até ao dia 27/7/2016, que inclui a data do registo de expedição dos CTT, remetidas em envelope fechado, por sua vez introduzido em carta registada, dirigida ao Administrador da Insolvência de JOSÉ ANTÓNIO FERNANDES DE CARVALHO, Florentino Matos Luís, com escritório na Avenida Almirante Gago Coutinho, n.º 48-A, 1700-031 LISBOA. • As propostas deverão ser de valor igual ou superior ao de base de licitação e conter: nome ou denominação completa da entidade proponente; morada ou sede social; número de contribuinte ou de pessoa coletiva; representante, em caso de pessoa coletiva, indicação de telefone e/ou fax de contacto e valor oferecido por extenso. • A abertura das propostas realizar-se-á no dia 29/7/2016 pelas 17 horas, no escritório do Administrador de Insolvência, Florentino Matos Luís, sito na Av. Alm. Gago Coutinho, n.º 48-A, em Lisboa, na presença dos Administradores das Insolvências e dos Senhores Credores que pretendam assistir, onde deverão comparecer os proponentes, condição para que as s/propostas sejam aceites. Serão excluídas as propostas que não contenham todos os elementos solicitados. • Desde que exista mais do que um proponente com propostas válidas para o referido bem serão estes convidados a licitarem entre si, cujo valor-base de licitação será o da melhor proposta recebida, o que se fará (no mesmo local) pelas 17.30 horas do referido dia. • Se o bem for adjudicado, o promitente-comprador entregará um cheque referente a 20% do valor do preço, a título de sinal, e os restantes 80%, no ato da escritura. • Se não for possível realizar a escritura por razões imputáveis ao promitente-comprador, este perderá o sinal já entregue e atrás referido. • Serão de conta do comprador todos os encargos legais decorrentes da compra, designadamente o IMT, Imposto de Selo, escritura e registos. São igualmente por conta do comprador os encargos de emolumentos com o cancelamento dos ónus existentes. • Caberá ao Meritíssimo Juiz do processo de insolvência, a resolução de todas e quaisquer questões surgidas, que não estejam contempladas no presente regulamento.

Prédio urbano com a área de 106,4 m2, sito na Av. dos Combatentes da Grande Guerra, descrito na Conservatória do Registo Predial de Santarém sob a ficha n.º 1607, da extinta freguesia de Santarém (São Nicolau), presentemente União das Freguesias de Marvila, Sta. Iria da Ribeira de Santarém, S. Salvador e S. Nicolau, inscrito na respetiva matriz sob o art.º 760 da referida União das Freguesias; Prédio urbano com a área de 170,42 m2, sito na Av. dos Combatentes da Grande Guerra, descrito na Conservatória do Registo Predial de Santarém sob a ficha n.º 1608, da extinta freguesia de Santarém (São Nicolau), presentemente União das Freguesias de Marvila, Sta. Iria da Ribeira de Santarém, S. Salvador e S. Nicolau, inscrito na respetiva matriz sob o art.º 754 da referida União das Freguesias; Prédio urbano com a área de 302 m2, sito na Rua E, n.os 117, 125 e 133, descrito na Conservatória do Registo Predial de Santarém sob a ficha n.º 1609, da extinta freguesia de Santarém (São Nicolau), presentemente União das Freguesias de Marvila, Sta. Iria da Ribeira de Santarém, S. Salvador e S. Nicolau, inscrito na respetiva matriz sob os art.os 1905, 1897 e 1901 da referida União das Freguesias, no seu conjunto, pelo valor-base de ......................532 800,00 € Recebendo-se propostas, de valor igual ou superior a 85% do valor-base ....452 880,00 € Consigna-se que nos referidos prédios se encontra em fase de construção «uma urbanização», já executada em cerca de 60%, em condomínio fechado, composta por: 9 moradias, sendo 6 de tipologia T2 e 3 de tipologia T3, e cave com 9 arrecadações e 26 lugares de estacionamento, a qual tem subjacente a Licença de Construção n.º 9033/2009, emitida em 30/12/2009. Para efeito da apresentação das propostas, os bens podem ser vistos mediante marcação pelos telefones 218 406 953 ou 917 247 040. REGULAMENTO: • As propostas serão remetidas até ao dia 25/7/2016, que inclui a data do registo de expedição

Os Administradores das Insolvências

dos CTT, remetidas em envelope fechado, por sua vez introduzido em carta registada, dirigida ao Administrador de Insolvência de LUGARES DIFERENTES - Construções, Lda., Flo-

ANÚNCIO

rentino Matos Luís, com escritório na Avenida Almirante Gago Coutinho, n.º 48-A,

VENDA POR PROPOSTA EM CARTA FECHADA Processo: 1394/15.9T8AMT - Insolvência de Pessoa Singular Insolvente: Susana Maria Pinho Carvalho Administrador de Insolvência: Amadeu José Maia Monteiro de Magalhães

Informam-se os eventuais interessados que foi designado o dia 29/7/2016, pelas 10.00 horas, na Travessa Dr. Francisco Machado Owen, n.º 85, 4715-022 Braga, para a abertura de propostas que sejam recebidas ou entregues nessa morada até às 17.00 horas do dia 28/7/2016, pelos interessados na aquisição do seguinte bem imóvel: LOTE ÚNICO (Verba 1 do Auto de Arrolamento) Prédio urbano, composto de casa de dois pavimentos e logradouro, sito na Povoação Grande, Lote n.º 89, freguesia de Freixo, concelho de Marco de Canaveses, inscrito na matriz predial urbana sob o artigo 701.º e descrito na competente Conservatória do Registo Predial sob o n.º 592/19971215, com valor-base de .................. 140 000,00 € Os bens serão mostrados mediante prévia marcação com o Administrador de Insolvência a efetuar através do telefone 253 200 330 ou do e-mail [emailprotected].

1700-031 LISBOA. • As propostas deverão conter: nome ou denominação completa da entidade proponente; morada ou sede social; número de contribuinte ou de pessoa coletiva; representante, em caso de pessoa coletiva, indicação de telefone e/ou fax de contacto e valor proposto por extenso. • Só serão aceites propostas para a globalidade dos imóveis. • A abertura das propostas realizar-se-á no dia 27/7/2016, pelas 16 horas, no escritório do Administrador de Insolvência, na presença do mesmo e dos Senhores Credores que pretendam assistir, onde deverão comparecer os proponentes, condição para que as s/propostas sejam aceites. Serão excluídas as propostas que não contenham todos os elementos solicitados. • Desde que exista mais de que um proponente com propostas válidas para os referidos bens serão estes convidados a licitarem entre si, cujo valor-base de licitação será o da melhor proposta recebida, o que se fará (no mesmo local) pelas 16.30 horas, do referido dia. • Se os bens forem adjudicados, o promitente-comprador entregará, um cheque referente a 20% do valor do preço, a título de sinal. Os restantes 80% serão pagos no ato da escritura. • A competente escritura de compra e venda, será realizada no prazo máximo de 60 dias, em data, hora e local a notificar ao comprador. • Se não for possível realizar a escritura por razões imputáveis ao promitente-comprador, este perderá o sinal já entregue e atrás referido. • Serão de conta do comprador todos os encargos legais decorrentes da compra, designadamente o IMT, escritura e registos. São igualmente por conta do comprador os encargos de emolumentos com o cancelamento dos ónus existentes.

Os bens serão vendidos no estado jurídico e físico em que se encontram, sendo fiel depositário o Administrador de Insolvência.

• Caberá ao Meritíssimo Juiz do processo de insolvência, a resolução de todas e quaisquer questões surgidas, que não estejam contempladas no presente regulamento.

Não são aceites propostas abaixo de 85% do valor-base. As propostas, em sobrescrito fechado, devem mencionar no exterior do envelope «contém proposta», identificar o n.º do processo de insolvência e vir acompanhadas da identificação completa do proponente, fotocópia do bilhete de identidade e/ou NIPC, endereço e contacto, devendo ainda o proponente juntar à sua proposta, como caução, um cheque visado (ou alternativamente cheque bancário ou garantia bancária), à ordem da «Massa Insolvente de Susana Maria Pinho Carvalho, no montante de 20% do valor da proposta apresentada (n.º 4 do artigo 164.º do CIRE). Todos os impostos e/ou despesas com o registo dos bens móveis ou imóveis (quando aplicável) correm por conta do adquirente.

O Administrador de Insolvência Florentino Matos Luís

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dias úteis entre as 9h00 e as 18h30 e aos sábados das 9h30 às 13h00

CLASSIFICADOS

avisos, tribunais e conservatórias

Para efeito da apresentação das propostas, o bem pode ser visto mediante marcação através dos telefones 218406953 e 917247040.

FLORENTINO MATOS LUÍS, Administrador de Insolvência, com escritório na Avenida Almi-

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Os Administradores de Insolvência, Florentino Matos Luís, com escritório na Avenida Almirante Gago Coutinho, n.º 48-A, 1700-031 Lisboa, e João Fernandes de Sousa, com escritório na Rua de Mataduços, 121, Fermentões, 4800-090 Guimarães, nomeados respetivamente nos Autos de Insolvência n.º 7310/16.3T8SNT, em que é insolvente JOSÉ ANTÓNIO FERNANDES DE CARVALHO e Proc. n.º 10489/16.0T8SNT, em que é insolvente GILMARA DE MOURA, a correr termos pela Instância Central, Secção do Comércio J3 e J4, Comarca de Lisboa Oeste - Sintra, fazem saber que vão proceder à venda no estado físico e jurídico em que se encontra, por negociação particular e por meio de propostas que serão remetidas em carta fechada, do seguinte bem: Verba Única Fração designada pela letra «D», T2, sita na Av. da Cruz Vermelha Portuguesa, lote 70, r/c dto., nas Casas do Lago, Amadora, com dois lugares de estacionamento com os n.os 27 e 28 no piso menos dois, descrita na 1.ª Conservatória do Registo Predial de Amadora sob o n.º 1425/20020117-D, da freguesia de Venteira, e inscrito na matriz sob o art.º matricial 1759, pelo valor mínimo de: ............................................................................... 131 800,00 €

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Diário de Notícias Segunda-feira, 18 de julho de 2016

VENDA

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S. BRÁS DE ALPORTEL AVISO Procedimento concursal comum de recrutamento para ocupação de dezasseis postos de trabalho (2 assistentes técnicos e 14 assistentes operacionais) referentes à prossecução das atividades internalizadas, em virtude da dissolução da «Viver Machico - EM Unipessoal, Lda. Ricardo Miguel Nunes Franco, Presidente da Câmara Municipal de Machico, torna público que se encontra aberto, pelo prazo de 10 dias úteis, a contar da data da publicação do Aviso n.º 8796/2016, publicado no Diário da República, II Série, n.º 134, de 14 de julho de 2016, o procedimento concursal comum para constituição de relação jurídica de emprego em contrato de trabalho em funções públicas por tempo indeterminado, para preenchimento de dezasseis postos de trabalho, a seguir identificados, previstos e não ocupados no mapa de pessoal desta autarquia: 1. Um posto de trabalho para a carreira de Assistente Técnico, área de atividade Contratação Pública; 2. Um posto de trabalho para a carreira de Assistente Técnico, área de atividade - Cultura; 3. Um posto de trabalho para a carreira de Assistente Operacional, área de atividade Desporto; 4. Oito postos de trabalho para a carreira de Assistente Operacional, área de atividade Receção; 5. Um posto de trabalho para a carreira de Assistente Operacional, área de atividade Comunicação; 6. Quatro postos de trabalho para a carreira de Assistente Operacional - Operacionais Municipais. As candidaturas deverão ser entregues em suporte de papel, através do preenchimento de formulário-tipo, de utilização obrigatória, sob pena de exclusão, devidamente assinado e datado, disponível no Serviço de Recursos Humanos e na página eletrónica da Câmara Municipal de Machico, www.cm-machico.pt. O formulário de candidatura preenchido, bem como todos os documentos anexos, deverão ser entregues pessoalmente no referido serviço, mediante entrega de recibo comprovativo, ou remetido pelo correio registado com aviso de receção, dirigido aos Recursos Humanos da Câmara Municipal de Machico, Largo do Município, 9200-099 Machico. Só é admissível a apresentação de candidatura em suporte papel, não serão aceites candidaturas enviadas por correio eletrónico. Para constar se lavrou o presente edital e outros de igual teor. Machico, 14 de julho de 2016 O Presidente da Câmara Municipal de Machico Ricardo Miguel Nunes Franco

BANCO SANTANDER TOTTA, S. A. Capital Social: 1.256.723.284 Euros Matriculado na Conservatória do Registo Comercial de Lisboa sob o n.º 500 844 321 de Pessoa Coletiva Sede: Rua Áurea, 88 1100-063 Lisboa

Tendo sido convocada a Assembleia Geral de Acionistas do Banco Santander Totta, S. A. para o próximo dia 30 de julho de 2016, torna-se pública, nos termos e para os efeitos do disposto no artigo 110.º do Regime Geral das Instituições de Crédito e Sociedades Financeiras, a relação de acionistas cujas participações excedem 2% do capital social: Santander Totta, SGPS, S. A.: - 1.241.179.513 Ações, que correspondem a 98,763 % do capital social.

FLORENTINO MATOS LUÍS, Administrador da Insolvência, com escritório na Avenida Almirante Gago Coutinho, n.º 48-A, 1700-031 LISBOA, nomeado nos Autos de Insolvência n.º 3476/10.4TBFAR, a correr termos pela Instância Central - Secção do Comércio - J1 Tribunal da Comarca de Faro - Olhão, em que foram declarados insolventes JOSÉ FERNANDO PIRES EVARISTO, entretanto falecido, e mulher LUCÍLIA MARIA EUSÉBIO LARANJEIRA EVARISTO, faz saber que, após audição dos Senhores Credores, vai proceder à venda no estado físico e jurídico em que se encontra, por negociação particular e por meio de propostas que serão remetidas em carta fechada, do seguinte bem: Verba n.º 3 Prédio urbano, sito na Praceta da Misericórdia, lote P, em S. Brás de Alportel, descrito na Conservatória do Registo Predial de S. Brás de Alportel sob a ficha n.º 2177, da freguesia de S. Brás de Alportel, composto por dois pisos, tipo duplex, com 4 assoalhadas, cozinha, despensa, duas casas de banho, quarto, varanda e logradouro, com a área total de 126 m2, inscrito na matriz sob o artigo matricial urbano n.º 6347, da mesma freguesia. Recebem-se propostas, ficando as mesmas dependentes da aceitação ou não por parte dos Senhores Credores. Para efeito da apresentação das propostas, o bem pode ser visto mediante marcação pelos telefones 218406953 ou 917247040. REGULAMENTO: • As propostas serão remetidas até ao dia 29/8/2016, que inclui a data do registo de expedição dos CTT, remetidas em envelope fechado, por sua vez introduzido em carta registada, dirigida ao Administrador da Insolvência de JOSÉ FERNANDO PIRES EVARISTO e mulher LUCÍLIA MARIA EUSÉBIO LARANJEIRA EVARISTO, Florentino Matos Luís, com escritório na Avenida Almirante Gago Coutinho, n.º 48-A, 1700-031 Lisboa. • As propostas deverão ser de valor igual ou superior ao de base de licitação e conter: nome ou denominação completa da entidade proponente; morada ou sede social; número de contribuinte ou de pessoa coletiva; representante, em caso de pessoa coletiva, indicação de telefone e/ou fax de contacto e valor oferecido por extenso. • A abertura das propostas realizar-se-á no dia 3/8/2016, pelas 15 horas, no próprio imóvel, ou seja, na Praceta da Misericórdia, lote P, em S. Brás de Alportel, na presença do Administrador da Insolvência e dos Senhores Credores que pretendam assistir, onde deverão comparecer os proponentes, condição para que as s/propostas sejam aceites. Serão excluídas as propostas que não contenham todos os elementos solicitados. • Desde que exista mais do que um proponente com propostas válidas, serão estes convidados a licitar entre si, cujo valor-base de licitação será o da melhor proposta recebida, o que se fará (no mesmo local) pelas 15.30 horas do referido dia. • Se o bem for adjudicado, o promitente-comprador entregará um cheque correspondente a 20% do valor do preço, a título de sinal, o qual fica retido até aceitação ou não dos Senhores Credores. • A competente escritura de compra e venda será realizada no prazo máximo de 60 dias, em data, hora e local a notificar ao comprador, devendo este, no ato da escritura, efetuar o pagamento do valor remanescente (80%). • Se não for possível realizar a escritura por razões imputáveis ao promitente-comprador, este perderá o sinal já entregue e atrás referido. • Serão de conta do comprador todos os encargos legais decorrentes da compra, designadamente o IMT, escritura e registos. São igualmente por conta do comprador os encargos de emolumentos com o cancelamento dos ónus existentes. • Caberá ao Meritíssimo Juiz do processo de insolvência a resolução de todas e quaisquer questões surgidas, que não estejam contempladas no presente regulamento. O Administrador da Insolvência Florentino Matos Luís

AVISO AERONAVE PIPER AIRCRAFT CORP. PA-23-250, COM A MATRÍCULA J5-GTG Nos termos e para os efeitos do disposto nos artigos 45.º e 46.º, ambos do Decreto-Lei n.º 254/2012, de 28 de novembro, dá-se conhecimento a todos os interessados de que a Cascais Dinâmica - Gestão de Economia, Turismo e Empreendedorismo, EM, SA (Cascais Dinâmica), entidade gestora do Aeródromo Municipal de Cascais, irá promover a respetiva destruição, abate e/ou alienação da aeronave PIPER AIRCRAFT CORP.PA-23-250, COM A MATRÍCULA J5-GTG, que se encontra estacionada no Aeródromo Municipal de Cascais, em virtude de a referida aeronave se encontrar em situação de abandono representando, comprovadamente risco para a saúde e integridade física dos utilizadores do Aeródromo Municipal de Cascais. Mais se informa que decorrentes do estacionamento da Aeronave PIPER AIRCRAFT CORP.PA-23-250, com a matrícula J5-GTG, no Aeródromo Municipal de Cascais, se encontra em dívida o montante que ascende a 27 644,87 € (vinte e sete mil, seiscentos e quarenta e quatro euros e oitenta e sete cêntimos) relativa a valores devidos, e não pagos, pelo que no caso de realização de valor pela destruição, abate e/ou alienação da aeronave PIPER AIRCRAFT CORP.PA-23-250, COM A MATRÍCULA J5-GTG, se possível, o mesmo será deduzido ao valor obtido ao montante da dívida existente. Administração Cascais Dinâmica, EM, SA

Verba n.º 1 Mobília de sala comum, composta por: mesa, quatro cadeiras, cristaleira, duas estantes, móvel de televisão, mesa de centro, candeeiro e conjunto de sofá e dois maples, pelo valor-base de ....................................................................................................................................900,00 € Verba n.º 2 Mobília de quarto de casal, composta por: cama, duas mesas de cabeceira, roupeiro, três candeeiros, sendo um de teto, e televisão, pelo valor-base de ..................................... 450,00 € Verba n.º 3 Equipamento de cozinha, composto por: fogão, frigorífico, máquinas de lavar roupa e secar, máquina de lavar louça, micro-ondas, pequenos eletrodomésticos e louças, pelo valor-base de ................................................................................................................................... 900,00 € Verba n.º 7 Moradia em construção, sita no Bairro das Pateiras, Lote 6 - Abrunheira, com a área total de 370 m², descrito na 1.ª Conservatória do Registo Predial de Sintra sob a ficha n.º 738, da freguesia de Sintra (S. Pedro de Penaferrim) e inscrito na matriz sob o art.º 8325.º da freguesia de Sta. Maria, S. Miguel, S. Martinho e S. Pedro de Penaferrim, pelo valor de ....... 73 485,00 € Para efeito da apresentação das propostas, os bens podem ser vistos mediante marcação pelos telefones 218 406 953 e 917 247 040. REGULAMENTO: • As propostas serão remetidas até ao dia 27/7/2016, que inclui a data do registo de expedição dos CTT, remetidas em envelope fechado, por sua vez introduzido em carta registada, dirigida ao Administrador da Insolvência de ANA CRISTINA FERREIRA URBANO, Florentino Matos Luís, com escritório na Avenida Almirante Gago Coutinho, n.º 48-A, 1700-031 Lisboa, tel. 218 406 953. • As propostas deverão ser de valor igual ou superior ao de base de licitação e conter: nome ou denominação completa da entidade proponente; morada ou sede social; número de contribuinte ou de pessoa coletiva; representante, em caso de pessoa coletiva, indicação de telefone e/ou fax de contacto, e valor oferecido por extenso. • A abertura das propostas realizar-se-á no dia 29/7/2016, pelas 15 horas, no escritório do Administrador da Insolvência, sito na Av. Almirante Gago Coutinho, n.º 48-A, em Lisboa, na presença dos Senhores Credores que pretendam assistir, onde deverão comparecer os proponentes, condição para que as s/propostas sejam aceites. Serão excluídas as propostas que não contenham todos os elementos solicitados. • Desde que exista mais do que um proponente com propostas válidas, serão os mesmos convidados a licitar entre si a compra dos bens, cujo valor-base de licitação será o da melhor proposta recebida, o que se fará (no mesmo local) pelas 15.30 horas do referido dia. • Se os bens forem adjudicados, o(s) promitente(s) comprador(es) entregará(ão), para os bens móveis, um cheque referente à totalidade do preço, e para o imóvel, um cheque referente a 20% do valor do preço, a título de sinal, e os restantes 80% no ato da escritura. • A competente escritura de compra e venda será realizada no prazo máximo de 60 dias, em data, hora e local a notificar ao comprador. • Se não for possível realizar a escritura por razões imputáveis ao promitente-comprador, este perderá o sinal já entregue e atrás referido. • Serão de conta do comprador todos os encargos legais decorrentes da compra, designadamente o IMT, escritura e registos. São igualmente por conta do comprador os encargos de emolumentos com o cancelamento dos ónus existentes. • Caberá ao Meritíssimo Juiz do processo de insolvência a resolução de todas e quaisquer questões surgidas que não estejam contempladas no presente regulamento. O Administrador da Insolvência Florentino Matos Luís

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necrologia

Lisboa, 18 de julho de 2016

ABRUNHEIRA - SINTRA FLORENTINO MATOS LUÍS, Administrador da Insolvência, com escritório na Avenida Almirante Gago Coutinho, n.º 48-A, 1700-031 LISBOA, nomeado nos Autos de Insolvência n.º 3237/12.6T2SNT, a correr termos pela Instância Central - Secção do Comércio - J1 Comarca de Lisboa Oeste - Sintra, em que foi declarada insolvente ANA CRISTINA FERREIRA URBANO, faz saber que vai proceder à venda, no estado físico e jurídico em que se encontram, por negociação particular e por meio de propostas que serão remetidas em carta fechada, dos seguintes bens:

Dr. WILLIAM HENRY CLODE (Médico)

FALECEU Seus filhos, noras, genro, netos e bisnetos participam o seu falecimento e que o funeral se realiza amanhã, dia 19, das Capelas Exequiais S. João de Deus (à Praça de Londres) para o cemitério do Carregado. Às 10 horas será celebrada Missa de corpo presente. AGÊNCIA FUNERÁRIA MAGNO - ALVALADE

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Diário de Notícias Segunda-feira, 18 de julho de 2016

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*Fonte: Marktest, Bareme Imprensa (DN+JN), 2ª vaga 2015; Netscope, fev 2016.

[PDF] Costa pede ideias para o Orçamento do Estado para 2017 - Free Download PDF (2024)
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